Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo!

“Tu o dizes: eu sou rei” (Jo 18,37).

 

Celebramos neste domingo o Trigésimo Quarto do Tempo Comum e a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo. Nesta data encerramos o ano litúrgico e, no próximo domingo, com a celebração do primeiro domingo do Advento iniciaremos um novo ano litúrgico. A Igreja, diferentemente do mundo civil, termina o ano litúrgico no penúltimo ou último domingo de novembro e inicia um novo ano no último domingo de novembro ou primeiro de dezembro.

Na celebração de Ramos, Jesus entra em Jerusalém e o povo o aclama como Rei do Universo, estendendo as suas roupas no chão para que ele passasse. O mesmo povo que agora o aclama, depois iria pedir a sua condenação. Durante todo o ano litúrgico, acompanhamos Jesus anunciando o Reino de Deus e fazendo o caminho, percorrendo toda a Judeia até entrar em Jerusalém.

Ao celebrarmos a Solenidade de Cristo Rei não aclamamos Jesus como um rei “comum”, pois o reinado de Jesus não é desse mundo, Ele não é um rei como os outros, não foi coroado com coroa de ouro, mas colocaram uma coroa de espinhos em sua cabeça. Nós o aclamamos como um rei diferente, um rei humilde, o príncipe da paz, o Emanuel, Deus conosco, ao nascer foi posto na manjedoura e não em berço de ouro, e nunca viveu em palácios ou usava roupas finas, pelo contrário, vivia no meio do povo e usava uma túnica simples.

O Dia Nacional do Leigo, ou seja, o dia de todos os batizados, somos chamados a assumir sua missão no mundo como testemunha de Cristo. Espelhados em Jesus Cristo, todos os leigos são chamados a serem testemunhas de Jesus Cristo e sal na terra e luz no mundo. Os leigos são chamados também a atuar em diversas pastorais, como por exemplo: catequistas, ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, vicentinos, acolhida, entre outras.

Neste domingo, Trigésimo Quarto do Tempo Comum, tem início a Campanha para a Evangelização, que terá o seu cume com a Coleta para a Evangelização, no terceiro domingo do Advento. O dinheiro arrecadado na Campanha para a Evangelização contribuíra para a evangelização da Igreja nos diversos locais espalhados pelo mundo, sobretudo os mais pobres. O tema deste ano é “Jesus, nossa esperança, habita em nós. É nossa missão anunciá-Lo”.

Também neste final de semana do Trigésimo Quarto do Tempo Comum, vivemos a fase diocesana da Jornada Mundial da Juventude, chamada também de JDJ, jornada diocesana da juventude. O tema escolhido pelo Papa é: “Aqueles que esperam no Senhor caminham sem se cansar” (Is 40, 31), convidando os jovens para o jubileu da juventude no próximo ano.

Estamos concluindo na cidade Ponce em Porto Rico o CAM 6 (Congresso Americano Missionário) com o tema: “Evangelizadores com Espírito até os confins da terra!” e o lema: “América, com a força do Espírito, testemunhas de Cristo”.

No Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, o Diretório Litúrgico nos pede para fazermos o “Ato de Consagração do gênero humano a Jesus Cristo Rei”, diante do Santíssimo Sacramento exposto.

Com essas diversas motivações, celebremos com alegria essa Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. O aclamemos como o Rei de nossas vidas e o adoremos em espírito e verdade. Preparemos o nosso coração para iniciarmos bem o tempo do Advento em preparação ao Natal do Senhor.

A primeira leitura dessa missa é da profecia de Daniel (Dn 7,13-14), que era conhecido por anunciar tempos de paz para Israel, e ainda sobre a vinda do Messias, o filho de Deus. Deus deu o poder a Jesus e a força do Espírito Santo para edificar aqui na terra o Reino de Deus. Esse reino nunca se dissolverá, mesmo que Jesus tenha morrido na Cruz e alguns acharam que sua missão falhou, pelo contrário, o Reino de Deus é eterno, teve início aqui, mas continua no céu. Os seguidores de Jesus, que somos cada um de nós, são chamados a edificar esse Reino aqui na terra para contemplá-lo de maneira plena no céu. O conhecido “já e ainda não”, ou seja, vivenciar esse reino aqui, no hoje de nossa história, para depois experimentá-lo de maneira plena no céu. 

O Salmo responsorial é o 92 (93), que diz em seu refrão: “Deus é Rei e se vestiu de majestade, glória e louvor ao Senhor”, o Senhor é rei, conforme já dissemos um rei diferente, ao mesmo tempo poderoso e rico, mas poderoso na força do amor e rico em misericórdia. Busquemo-Lo sempre, o adoremos sempre e não busquemos os reis desse mundo, pois eles nos levam a perdição e Deus nos conduz a salvação. 

A segunda leitura é do livro do Apocalipse de São João (Ap 1,5-8), São João também vai falar a respeito de Jesus, Ele morreu como primícia dos que morreram, ou seja, era necessário que Ele morresse primeiro e ressuscitasse para mostrar a todos nós que também ressuscitaremos do mesmo modo que Jesus. Com a sua morte na Cruz, Ele nos libertou do pecado e abriu-nos o caminho para a vida eterna. Do mesmo modo que subiu ao céu, Ele voltará um dia para julgar cada um de acordo com a sua conduta. E todos o aclamarão como o todo poderoso. 

O Evangelho da missa desse domingo é de João (Jo 18,33b-37), o Evangelho de João sempre aparece nas solenidades e festas. O trecho desse Evangelho é sobre o interrogatório de Pilatos à Jesus, quando Pilatos pergunta se Jesus era “o rei dos judeus”? E Jesus lhe pergunta se ele estava dizendo aquilo por ele mesmo ou outros disseram isso a respeito de dele. Pilatos diz que os próprios judeus entregaram Jesus dizendo que ele afirmava ser rei. 

Jesus afirma a Pilatos que o Reino dele não é desse mundo, pois se assim fosse os soldados lutariam para que ele não fosse entregue aos judeus. E afirma novamente dizendo que o seu Reino não é desse mundo. Pilatos pergunta novamente a Jesus se ele era rei, e Jesus responde: “Tu o dizes: eu sou rei” (Jo 18,37). 

Jesus veio ao mundo como rei para anunciar o Reino de Deus que é justiça, paz, perdão, amor e misericórdia. Por isso, João Batista, o precursor, dizia a todos que o reino de Deus estava próximo, e depois Jesus dizia: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Portanto, a partir do batismo passamos a fazer parte do reinado que tem Jesus como Rei, mas fazemos parte de um Reino em que o líder não explora as pessoas, mas pelo contrário, Jesus é um rei que acolhe e demonstra compaixão com todos. 

A partir do nosso batismo somos chamados a levar adiante esse Reino anunciando o amor, a paz, a misericórdia ou o perdão. A partir do batismo nos tornamos discípulos e missionários do Senhor e impulsionados pelo Espírito Santo a ser sacerdotes, profetas e reis, e ainda, sal na terra e luz no mundo. O Reino de Deus não se dissolverá porque é fundado sob a luz do Espírito Santo, esse Espírito Santo santifica esse reino e consagra aqueles que fazem parte dele. 

Celebremos com alegria esta solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, e sejamos construtores desse Reino aqui na terra, para depois vivê-lo de maneira definitiva no céu. Proclamemos Jesus Rei da nossa vida, e deixemos com que na nossa casa cresça sempre mais o amor, a misericórdia, a paz e o perdão. Amém. 

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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