Celebrar o jubileu de ouro sacerdotal de Sua Eminência, o Cardeal Orani João Tempesta, é para mim motivo de imensa honra, alegria e emoção. Especialmente porque fui ordenado sacerdote por suas mãos no mesmo dia que marca seu aniversário sacerdotal, em 7 de dezembro. Essa coincidência providencial não apenas enriquece a memória desse momento inesquecível, mas também me convida a refletir sobre o meu próprio caminho vocacional.
Minha trajetória rumo ao sacerdócio foi profundamente marcada pela figura de Dom Orani, desde os primeiros indícios da vocação até o momento presente. Agora, como sacerdote, enriqueço a formação teológica recebida no seminário ao estudar as Sagradas Escrituras na Terra Santa, cenário dos eventos bíblicos. Nesse contexto, o exemplo e o testemunho de Dom Orani continuam a me inspirar a viver com fidelidade e entusiasmo a missão confiada pelo Senhor.
Um ano marcante no discernimento da minha vocação foi 2009, quando, aos 16 anos, iniciei a preparação para o Sacramento do Crisma na Paróquia São Francisco Xavier, na Tijuca. Providencialmente, foi nesse mesmo ano que o Papa Bento XVI nomeou Dom Orani como arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro. A celebração de sua posse, em 19 de abril de 2009, na Catedral Metropolitana, foi um momento singular para a arquidiocese. Embora não tenha podido participar por estar comprometido com a catequese dominical, o impacto de sua presença e de sua trajetória já despertavam em mim admiração e respeito. Mesmo jovem, via nele o cumprimento das palavras proféticas de Jeremias: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” (Jr 3,15).
Nesse mesmo ano, Dom Orani visitou minha paróquia em um domingo. Junto aos outros jovens da crisma, acolhemos sua chegada com um caloroso cordão humano no corredor central da igreja, como o rebanho que se reúne ao redor de seu pastor. No dia 12 de dezembro daquele ano, recebi o Sacramento da Crisma. No ano seguinte, movido por uma inquietação interior que percebia como um chamado ao sacerdócio, ingressei no Grupo Vocacional Arquidiocesano (GVA), no Seminário São José. A data de 12 de dezembro de 2010 também foi especial, pois naquele dia fui informado de minha admissão ao Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos para o ano seguinte.
Ao longo da formação no Seminário São José e no Colégio Eclesiástico Bidasoa, em Pamplona, Espanha, sempre pude contar com a presença próxima, atenta e pastoral de Dom Orani. Essa caminhada culminou, pela graça de Deus, com a minha ordenação sacerdotal em 7 de dezembro de 2019, data que coincide com o dia em que Dom Orani também recebeu o Sacramento da Ordem, em 1974. Essa coincidência, que interpreto como sinal da Providência Divina, é um dom que me recorda a responsabilidade e a beleza do chamado ao serviço de Cristo e de sua Igreja.
Neste jubileu de ouro de Dom Orani, eu e outros 19 sacerdotes temos a graça de celebrar cinco anos de ministério presbiteral. Ao vivenciar este prelúdio do serviço sacerdotal, agora aprofundando os estudos bíblicos na Terra Santa, olho com alegria e esperança para os 50 anos de vida sacerdotal do nosso estimado pastor. Dou graças a Deus pelo seu fecundo ministério, que permitiu que a ação transformadora do Espírito Santo chegasse até mim, um indigno servo. Também rezo para que meus anos de sacerdócio encontrem no exemplo de fidelidade e perseverança de Dom Orani a força para trilhar esse caminho.
Como expressão de felicitações pelo jubileu, recordo as palavras de Santo Ambrósio, celebrado em 7 de dezembro, que nos fala sobre a grandeza da missão sacerdotal enquanto canal da graça divina:
“O sacerdote toca a rocha com a Palavra de Deus, a água flui, e o povo de Deus bebe. O sacerdote, portanto, toca o cálice; a água extravasa no cálice, jorra para a vida eterna, e o povo de Deus que obteve a graça bebe” (De Sacramentis V, 3).
Que estas palavras sejam um convite constate à perseverança na missão sacerdotal e à confiança no Senhor Jesus.
Padre Fernando Henrique Cardoso da Silva