Tende piedade ó Senhor, misericórdia (Sl 50)
Uma das formas de nos prepararmos bem para o Natal e acolher o menino Jesus em nosso meio é por meio da confissão sacramental. A Igreja recomenda que nos confessemos ao menos uma vez ao ano por ocasião da Páscoa do Senhor, mas nada impede que nos confessemos sempre que sentirmos necessidade e, sobretudo, no final do ano, por ocasião do Natal, com o intuito de acolhermos com o coração limpo e cheios de alegria o menino Jesus.
As paróquias, neste final de ano, costumam fazer o mutirão de confissões, do mesmo modo que fazem na Quaresma em preparação para a Páscoa, com diversos padres presentes para ouvirem as confissões dos fiéis, possibilitando dessa forma o sacramento para todos os fiéis. O tempo do Advento inicia-se no domingo, dia 1° de dezembro, e temos ao menos vinte e quatro dias para nos prepararmos e realizar a confissão sacramental. O período do Advento é um tempo mais curto, passa rápido, ainda mais na correria do final de ano, por isso, ache um tempo e faça a confissão.
A confissão ou sacramento da reconciliação precisa ser feita diretamente com o padre, ou seja, até podemos escrever os nossos pecados num papel para não esquecer, mas é preciso falar dos pecados para o padre. Deus sempre nos perdoa, pois Ele é amor e misericórdia, mas é preciso contar os pecados ao padre para receber o perdão. É importante a confissão auricular, ou seja, a confissão individual com o padre. Devemos, em nome da verdade, até informar que aqueles que recebem absolvição geral, nas chamadas confissões comunitárias, que são uma exceção, devem, na primeira oportunidade, fazer a sua confissão auricular.
Antes de nos confessarmos, é recomendável que façamos o exame de consciência, ou seja, não é recomendável chegar na igreja e já ir para o confessionário, mas primeiro ir até a capela do Santíssimo Sacramento pensar nos pecados que cometemos e pedir a luz do Espírito Santo para realizar uma boa confissão. Em algumas comunidades existe a celebração penitencial para preparar para uma boa confissão.
Ao chegar na Igreja podemos fazer o nosso exame de consciência e anotar os pecados que cometemos, se ainda não o fizemos. Uma das formas de realizarmos o exame de consciência é pegar a partir dos dez mandamentos da lei de Deus e ver em qual falhou. Na verdade, podemos e, devemos, fazer nosso exame de consciência todos os dias, a noite, antes de dormir e pedir o perdão a Deus pelos pecados cometidos naquele dia, e quando for se confessar realizar um novo exame de consciência, antes da confissão.
As paróquias costumam realizar nesse período a celebração penitencial, possibilitando aos fiéis que façam o seu exame de consciência. É uma paraliturgia, ou seja, o sacerdote se paramenta com túnica e estola roxa, as leituras proclamadas são próprias para a celebração penitencial, o sacerdote motiva os fiéis para realizarem a confissão e termina com o Pai Nosso. Ao final da celebração, profere a bênção final, e se dirige ao confessionário para ouvir as confissões individualmente, uma a uma. A celebração penitencial serve para motivar os fiéis para realizarem a confissão sacramental.
Por isso, a celebração deve durar em torno de meia hora ou quarenta minutos para dar tempo de o sacerdote atender a todos. Por isso, pode realizar a celebração penitencial no dia do mutirão de confissões, ou o pároco pedir a ajuda de um ou dois padres para atender o povo.
Para viver esse período com leveza e alegria, é necessário experimentar o perdão e o amor de Deus, para que possamos transmitir o perdão e o amor aos nossos semelhantes. A confissão é uma oportunidade que temos de sentir o amor de Deus por nós, e ainda, colocar em prática aquilo que rezamos no Pai Nosso: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem tem nos ofendido”, ou seja, se Deus nos dá infinitamente o seu perdão, devemos, do mesmo modo, amar os nossos semelhantes.
Procure a sua paróquia e veja os horários de confissão ao longo desse tempo do Advento, e se vai haver celebração penitencial. Caso não tenha celebração penitencial, escolha um dia para ir se confessar e realize o exame de consciência. É preciso resgatar o verdadeiro sentido do Natal, que é o nascimento de Jesus, e uma das formas de resgatar o sentido do Natal e se preparar bem é por meio da confissão sacramental.
A confissão é uma oportunidade de purificar a alma para receber o menino Deus, que deseja nascer em nosso coração nesse Natal. Após a confissão, nos sentimos mais leves e nos sentimos como que abraçados por Deus, e ainda nos tornamos mais livres para amar e perdoar o nosso próximo. Lembrando ainda que podemos nos confessar ao longo do ano inteiro, sempre que sentirmos necessidade, mas sobretudo em preparação à Páscoa e ao Natal.
Ainda, no intuito de ajudar a realizar uma boa confissão, antes de se confessar, reze o ato de contrição, que pode ser realizado ao chegar na igreja, quando fizer o exame de consciência, após a celebração penitencial, ou ainda, diante do sacerdote, antes de confessar os pecados. Segue um exemplo de ato de contrição, pois, existem outros que podem ser feitos:
Meu Deus, eu me arrependo de todo o meu coração
de Vos ter ofendido, porque sois bom e amável.
Prometo, com Vossa graça,
esforçar-me para não mais pecar.
Meu Jesus, misericórdia.
Amém.
Meus irmãos, para receber a absolvição dos pecados e o perdão de Deus, é necessário estar arrependido de ter cometido os mesmos. Não adianta nada se confessar e não ter um sincero arrependimento. Além de se arrepender, é necessário ter o propósito de não cair mais nos mesmos pecados. Confessemo-nos de coração sincero, pois também Deus nos perdoará.
Desejo um santo Natal para todos, com Jesus no coração e com a alma limpa. Desejo ainda, uma boa confissão em preparação ao Natal. Procure a sua paróquia e veja o horário de confissões e se haverá o mutirão de confissões. Se preferir, em nossa Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Avenida Chile, e em algumas igrejas e santuários temos confissões diariamente com padres atendendo. Não importa o local, mas que a confissão seja realizada. Amém.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ