(Homilia da Missa do Jubileu dos Seminaristas proferida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, na Basílica São João Batista da lagoa, em Botafogo, no dia 23 de junho de 2025)
“A celebração da Eucaristia na vigília da festa paroquial e da Solenidade da Natividade de São João Batista nos motiva a louvar e agradecer ao Senhor pelas diversas intenções e acontecimentos significativos para a vida de nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro. Este momento solene, realizado na Basílica dedicada ao precursor de Cristo, também acolheu a peregrinação jubilar dos seminaristas, ocasião em que a Igreja do Rio de Janeiro se une espiritualmente ao jubileu vivido em Roma pelos seminaristas ali presentes, que participaram, inclusive, de um encontro com o Santo Padre, Leão XIV.
O Jubileu dos Seminaristas de nossa arquidiocese representa não apenas a comunhão com a Igreja universal, mas também a oportunidade de reavivar os dons que o Senhor concede neste tempo especial. É um tempo de graça, de unidade e de missão para toda a comunidade arquidiocesana.
No Evangelho, Zacarias e Isabel, representações do Antigo Testamento, são marcados pela velhice e esterilidade. Deus, porém, intervém e renova todas as coisas: “Eis que se prepara um novo tempo”. O nascimento de João Batista é sinal de esperança e de recomeço. Desde o ventre materno, João testemunha a chegada do Messias, exultando de alegria ao ouvir a saudação de Maria. Ele será, no tempo oportuno, o primeiro a reconhecer e apontar: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
O tempo jubilar é, por excelência, tempo de reavivamento espiritual. A cada 25 anos, a Igreja oferece este tempo de conversão, de confissão, de peregrinação e de indulgência. É uma ocasião para renovar os dons da graça divina, fortalecer os grupos, animar os cristãos e reacender o ardor missionário.
Neste contexto, a peregrinação do Jubileu dos Seminaristas ganha destaque, pois reaviva a vocação dos jovens que, um dia, disseram “sim” ao chamado de Deus. Muitos deles foram despertados nas paróquias, nos clubes vocacionais, nos vicariatos e, depois de iniciarem sua caminhada pelo propedêutico, ingressaram no Seminário Arquidiocesano de São José. Este tempo é sempre ocasião de recomeço.
A Igreja do Rio de Janeiro, que em 19 de julho celebrará os 450 anos de sua prelazia – criada por decreto do Papa Gregório XIII, com jurisdição do sul da Bahia ao sul do Brasil e até o oeste do país – é chamada a se renovar. Embora seja uma das mais antigas do Brasil Colônia, sua missão permanece atual, diante dos desafios contemporâneos, como os avanços da inteligência artificial, as questões morais, filosóficas e sociais. A Igreja do Rio continua sendo sinal de presença viva de Cristo, não apenas no estado, mas também em todo o país.
Celebrar o Jubileu dos Seminaristas é recordar que os que caminham rumo ao sacerdócio devem manter o coração ardente e renovado, dispostos a anunciar o Evangelho em qualquer parte do mundo. A arquidiocese, aliás, tem missionários em várias regiões do Brasil e do exterior. Essa missão é alimentada pela oração, pelo exemplo e pelo testemunho das comunidades paroquiais.
É necessário, portanto, reavivar nas paróquias e comunidades o dom da vocação, incentivando os jovens a dizerem “sim” ao chamado de Deus, seja para a vida cristã, seja para o sacerdócio. A Pastoral Vocacional deve ser instrumento para encorajar os jovens a serem Igreja, povo de Deus, discípulos missionários. E, entre eles, que alguns possam acolher o chamado para o ministério presbiteral.
“Deus faz novas todas as coisas” (Ap 21,5). De uma história marcada pela esterilidade e pela velhice, nasce João Batista, o profeta que anuncia a vinda do Salvador. Assim também deve ser hoje: mesmo em meio às dificuldades da sociedade contemporânea, cada fiel é chamado a viver com coerência, anunciando Jesus Cristo com a vida e com as palavras. Que se diga de nós o que se dizia de Paulo: “ele falava de um tal Jesus que morreu, mas afirmava que estava vivo” (At 25, 19).
O jubileu nos ajude a renovar toda a nossa arquidiocese, para que os seminários continuem a ser verdadeiras sementeiras de vocações. Agradecemos a Deus pelos 17 jovens seminaristas que foram admitidos entre os candidatos às Ordens Sacras, avançando passo a passo em sua formação. Que não lhes falte entusiasmo, coragem e fidelidade para esta bela e exigente missão, dentro e fora da cidade, a serviço da Igreja no Brasil e no mundo.”
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro-RJ