O engenheiro Heitor da Silva Costa — considerado criador do Monumento ao Cristo Redentor, junto com o pintor Carlos Oswald e o escultor Maximiliam Paul Landowsky — sabia que faltava alguma coisa para dar ao monumento a verdadeira essência de obra de arte.
Foi ao entrar na Galerie Arcades, recém-inaugurada no Champs-Elysées, na França, no início de 1927, que a inspiração surgiu: ele se deparou com uma bela fonte revestida de mosaico prateado. Ao ver como os pequeninos tacos se acomodavam às curvaturas da fonte, veio-lhe a ideia de utilizá-los na imagem do Cristo Redentor. No entanto, ao estudar a natureza, a dimensão e a forma do material a ser empregado, Silva Costa concluiu que o ideal seria uma pedra existente no Brasil, a esteatita, popularmente conhecida como pedra de talco ou pedra-sabão.
Foi uma escolha simples, porém genial, já que, apesar de maleável, a esteatita não racha, não dilata e é impermeável, o que a torna extremamente resistente a mudanças de temperatura, minimizando os efeitos do vento e da erosão sobre a estátua. Foi esse material bonito, privilegiado por sua textura e cor, que deu ao Cristo Redentor seu aspecto original.
Vários estudos foram feitos para se chegar ao formato final das tesselas de pedra sabão. Mas depois de vários cálculos, chegou-se ao formato triangular, com três centímetros de lado e sete milímetros de espessura.
As pedras demandaram um trabalho detalhista e especial: foram coladas uma a uma em largas faixas de pano, para depois serem aplicadas à estátua por pastilheiros. Essa construção de mosaico foi realizada por senhoras da sociedade, que aproveitaram para escrever no verso das pedras o nome de familiares e entes queridos.
Como pedra-sabão
O Cristo Redentor não é uma estátua como outra qualquer. Ele é um importante símbolo de fé, que carrega, em cada pedaço seu, nomes de muitos ascendentes nossos – pessoas que entregaram suas famílias, por todas as gerações, ao Redentor, representado pela imagem.
Por ser um patrimônio da fé, o Cristo Redentor precisa ser preservado. Hoje, nossos esforços em prol da sua manutenção e de todos os trabalhos que desenvolve têm que ser viçosos e resistentes como pedra-sabão, para que o monumento continue a comunicar sua mensagem ao mundo. Por tudo que representa, cada um de nós é convidado a continuar a construção desse mosaico que o reveste.