Caríssimos irmãos e irmãs, com alegria nos reunimos na capela do Edifício São João Paulo II, na Glória, dia 1º de fevereiro, para dar início ao ano letivo da Escola Diaconal Santo Efrém com os vinte e cinco novos candidatos ao diaconato permanente que ingressam no primeiro ano após a experiência do propedêutico, enquanto aguardamos nossa própria turma do propedêutico.
Abençoamos a todos os senhores que, pela graça de Deus, sentiram o chamado para o diaconato permanente e, com a autorização de suas esposas e famílias, continuam esse percurso de preparação para a ordenação diaconal, a serviço da Igreja e do povo de Deus. Louvamos a Deus por todos esses dons e agradecemos aos professores que, ao longo dos anos, têm nos ajudado, juntamente com os responsáveis diáconos, sacerdotes e bispos auxiliares, nessa missão de levar adiante a Escola Diaconal Santo Efrém em nossa arquidiocese, na formação do diaconato permanente.
Atualmente, são mais de trezentos diáconos permanentes em nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, um dom de Deus que é colocado nas diversas realidades da Igreja, não apenas paroquiais, mas diocesanas e sociais, para levar adiante a grande missão de evangelizar, de edificar e viver intensamente o testemunho eclesial.
Agradecemos a presença nesta celebração de Dom Richard Smith, arcebispo de Edmonton, no Canadá, de Dom Célio Calixto, do cônego Jorge André Pimentel Gouvêa, dos padres Guilherme Freitas Silva Almeida e Márcio Luiz da Costa, e dos diáconos.
Neste sábado da 3ª Semana do Tempo Comum, a Palavra de Deus nos fala de fé. No Evangelho – Mc 4,35-41 –, vemos que, diante das crises e ventanias da nossa caminhada, que fazem a nossa barca encher de água, muitas vezes não percebemos o que acontece com Jesus Cristo. Então, Jesus se levanta com autoridade, manda o vento se calar e nos censura por sermos medrosos e ainda não termos fé.
Somos chamados a pedir ao Senhor o dom da fé diante das diversas situações e vendavais da vida, tanto pessoal, familiar e eclesial. Que possamos perceber que, em meio a tantas dificuldades, o Senhor está presente, caminha conosco e nos faz enxergar a presença da segurança e da força.
Como ouvimos na Carta aos Hebreus – Hb 11,1-2.8-19 –, a fé é a posse daquilo que ainda se espera, a convicção acerca das realidades que não se veem. Nossos antepassados deram passos importantes dentro do plano da salvação, e nós também somos chamados a dar passos de fé, mesmo em meio às dificuldades.
Que assim como o Evangelho nos fala da presença do Senhor nos momentos difíceis, e a Carta aos Hebreus nos mostra o exemplo de tantos antepassados que deram passos de fé, possamos também nós dar passos de fé em nossas famílias, igrejas e arquidiocese.
Que vocês que estão iniciando o primeiro ano da Escola Diaconal e aqueles que já estão caminhando há mais tempo possam dar esse passo de fé, juntamente com suas esposas e famílias, aceitando o chamado e se colocando a serviço com generosidade e esperança, para anunciar o Reino de Deus e proclamar Jesus Cristo como Senhor, através de suas palavras, atos e atividades.
É pela fé que damos esse passo. Portanto, é o momento de pedirmos ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!”. Que, no meio das nossas vicissitudes, como lembra o Evangelho, nunca percamos a fé que caminha conosco.
Que possamos perceber quantas situações de homens e mulheres, em nossa cidade, vivem a sua fé. Ao passar pelas paróquias e ver as lideranças e as pessoas que trabalham nos variados âmbitos de nossa arquidiocese, nas áreas pastorais e paróquias, vemos quantas pessoas de fé dão passos importantes.
E é justamente esse o grande anúncio que somos chamados a fazer, pois, em meio a tantas situações complicadas que vemos hoje, de pessoas que, devido ao cansaço e à mudança de denominações religiosas, acabam não aceitando uma instituição para viver a sua vida de fé, queremos testemunhar que vale a pena caminhar como Igreja, vivendo a fé nessa comunhão que não nos tira nada da nossa liberdade, mas nos proporciona ainda mais a possibilidade de viver a nossa vida de fé.
Que a nossa caminhada de fé nos dê força para sermos um sinal para o mundo de hoje, tão complexo e difícil, de homens e mulheres que constroem a paz. E, de modo especial, nesse Ano da Esperança, do Jubileu, queremos renovar e reavivar a nossa vida cristã, para que possamos recomeçar com renovado ardor a nossa vida de fé.
Vocês que estão iniciando hoje o primeiro ano da Escola Diaconal e aqueles que já estarão no propedêutico também estão iniciando no ano do Jubileu como peregrinos da esperança. Somos chamados a viver e ser no mundo sinais de esperança e de paz, vivendo a nossa fé, crendo no Senhor que caminha conosco, que está no barco da nossa vida, no meio das tempestades.
Que possamos chegar à outra margem, até a eternidade, até o céu. O Senhor nos dá esse dom para que possamos viver e colocar em prática a Palavra de Deus no dia a dia de nossa vida. Que os senhores que estão na Escola Diaconal, os que entram hoje e os que já estão caminhando há mais anos estejam realmente abertos e disponíveis para levar adiante o testemunho de fé, esperança e caridade, nessa nossa cidade que tanto necessita desses sinais.
Nossas instabilidades, a violência, a questão da dor e do viver nessa grande cidade e seus problemas… a nossa resposta é a presença capilar de Deus hoje, levando a Palavra de Deus em cada círculo bíblico, em cada pequena comunidade, em cada grupo de reflexão, em cada trabalho pastoral e em cada situação que vivemos, para anunciar que, em Jesus Cristo, está a vida e a busca da felicidade que muitas vezes, infelizmente, as pessoas, de maneira equivocada, pensam estar nos bens, no dinheiro e em várias situações de autopromoção.
Somos chamados a anunciá-lo com esperança, com caridade e com alegria. Por isso, queremos concluir esse momento cantando o Hino do Jubileu, para que possamos ser peregrinos da esperança, a chama viva que é Jesus Cristo, e anunciá-lo aos irmãos e irmãs, pela fé que nos leva e nos converte cada vez mais a sermos sinais de esperança nesse nosso mundo.
Aproveitemos todo o tempo do Jubileu, das indulgências, peregrinações e tudo o que acontece. Uma sugestão para a Escola Diaconal: façam também sua peregrinação para o tempo do Jubileu, a uma Igreja jubilar de nossa arquidiocese, para que cantemos a alegria da esperança.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ