Cadernos do Concílio – Volume 34 – A paz

Hoje nos debruçaremos sobre o último volume da coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II, que tem como tema: “A paz”. Um tema muito caro a todos nós, principalmente nos tempos de hoje. A Igreja sempre teve a preocupação pela paz e tem como missão anunciar a paz impulsionada pela mensagem evangélica anunciada por Jesus. Muitas vezes Jesus disse aos discípulos, e hoje a todos nós, que devemos ser promotores da paz. O Reino de Deus anunciado por Jesus é paz, amor, misericórdia e perdão.

Ao sermos batizados e ao receber o Espírito Santo de Deus, somos impulsionados a ser sacerdotes, profetas e reis, e ainda, sal na terra e luz no mundo. A nossa missão como profetas é anunciar a verdade e denunciar as injustiças, ou seja, anunciar a paz e denunciar as guerras. A construção da paz pode começar de cada um de nós, ou seja, sendo sal na terra e luz na vida dos outros, não podemos ser trevas nem escuridão, para não causar conflitos, guerras e outras coisas.

O Papa todos os anos, por ocasião da Páscoa e do Natal, profere a benção Urbi et Orbi, ou seja, de Roma para o mundo. Nessa benção, além do Papa abençoar o mundo todo, faz uma súplica pela paz. Essa benção não é somente para os fiéis católicos, mas dirigida a todos os credos, pois Deus não faz distinção de pessoas e sempre desejou que todos os povos fossem um só. Por isso, a benção pontifícia nessas datas especiais é uma oportunidade de recebermos uma palavra de incentivo do Papa para juntos construirmos a paz.

Infelizmente, vivemos tempos difíceis, e estamos em meio a grandes guerras. Cabe a nós rezar pela paz e para que as autoridades desses países em litígio se conscientizem de que a guerra e o conflito não levam a nada, e que todos, sem exceção, a começar dos governantes, devem ser promotores da paz.

Por meio das guerras morrem muitos inocentes, pela sede de poder e de querer ganhar territórios acabam atingindo escolas, hospitais, creches, asilos, enfim, tantos lugares em que existem pessoas que nada têm a ver com o conflito. Quem promove as guerras acaba não pensando nos rastros de destruição que seus atos causam.

É de se lamentar que algumas guerras pareçam não ter fim, mas não devemos nos cansar de rezar pedindo pela paz. Do mesmo modo que pedimos algo para nós, devemos insistir até conseguir, do mesmo modo devemos rezar pela paz até que ela venha definitivamente.

Algumas guerras e conflitos podem gerar outros, devido às alianças que as autoridades dos países podem selar. Os líderes desses países que promovem a guerra podem ficar até revoltados com aqueles que querem promover a paz, e os acusarem de defender o lado A ou o lado B.

Enfim, cabe a nós, que estamos de fora desses conflitos, rezar pela paz mundial e para que essas guerras tenham fim. Jesus nos disse que o mundo teria guerras, conflitos, mas que não deveríamos nos desesperar, pois não seria o fim. O dia ou a hora em que o Senhor virá não sabemos, devemos viver cada dia, fazendo a nossa parte, plantando e colhendo o bem, rezando pela paz mundial, é claro, e nunca desistir.

Além dessas guerras que mencionamos, existem outras que, de maneira deplorável, acompanhamos todos os dias pelas notícias que chegam: a violência urbana em nossas cidades. Todos os dias morrem inocentes em nossas cidades devido aos assaltos que constantemente acontecem. De uns tempos para cá a insegurança é total, e lamentavelmente os assaltantes não escolhem bairros, gênero de pessoas, ou ainda se são pobres ou ricos. Por isso, rezemos por nossas cidades, para que diminua a violência e todos possam viver em paz. O poder paralelo instalado em alguns locais tem tornado difícil a vida de muitas pessoas.

Uma das formas de promover a paz é começar desarmando os corações entre todos. As pessoas hoje em dia estão cada vez mais estressadas, com os nervos à flor da pele. Prova disso é o que vemos no trânsito diariamente, e o que está complicado ficará ainda mais, pois além da discussão é empregado o uso da força. Temos aqui toda a discussão da questão das armas de fogo e a defesa pessoal.

A promoção da paz vem da consciência de cada um. Todos nós somos chamados a ser construtores da paz, mas a consciência de alguns é voltada somente para guerras e conflitos. Que a nossa consciência seja voltada para a construção da paz e passemos isso para os nossos filhos, netos e afilhados. Rezemos para a que a próxima geração possa mudar essa história e que aqueles que estão nascendo agora possam ser promotores da paz e estejam do lado da vida.

Neste último artigo que escrevo, refletindo sobre cada volume da coleção Cadernos do Concílio Vaticano II, quero apresentar meu agradecimento às Edições CNBB, que nos brindaram com conteúdo tão rico, que ajuda a tornar conhecidos os conhecimentos sempre antigos e sempre novos do atualíssimo Concílio convocado por São João XXIII e continuado e concluído por São Paulo VI.

Convido todos a tomarem em mãos o volume 34 dessa coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II, e a entender um pouco mais como podemos ser promotores da paz. Lembremos sempre que somos todos irmãos e devemos viver em harmonia uns com os outros. A paz é um apanágio que aprendemos no seio materno e pelo testemunho de nossos pais e irmãos dentro da nossa própria casa. Só haverá paz na cidade, no estado, no país e no mundo se formos cidadãos construtores da paz! O desejo de paz deve começar de nós mesmos; se quisermos a paz para os outros, devemos ter a paz dentro de nós mesmos e dentro da nossa casa.

Pelo batismo, recebemos a missão de sermos construtores e transmissores da paz que vem do Ressuscitado! Paz a todos vós!

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

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