A Paróquia São Miguel Arcanjo, em Magalhães Bastos, viveu um momento histórico no dia 13 de setembro, ao meio-dia, com a visita da imagem peregrina de São Miguel Arcanjo vinda diretamente do Monte Gargano, no sul da Itália — o mais antigo e importante santuário dedicado ao arcanjo.
Conhecido como líder das legiões celestiais, defensor da fé e protetor dos fiéis e da Igreja contra as forças do mal, São Miguel Arcanjo tem o nome que significa “Quem como Deus”. A chegada da imagem faz parte de uma peregrinação pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, que também incluiu visita ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no Recreio dos Bandeirantes.
Durante a paraliturgia, preparada pelo pároco, cônego William Bernardo da Silva, que atraiu uma multidão de devotos, o arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, realizou a coroação da imagem e a consagração da cidade e da Arquidiocese do Rio de Janeiro à proteção celestial de São Miguel.
A iniciativa da peregrinação, organizada pelo Instituto Hesed, tem como objetivo consagrar as famílias e as dioceses brasileiras à proteção do arcanjo. Entre os representantes do Instituto Hesed, estavam as irmãs Maria Raquel e Maria Joana e o padre Emanuel Maria da Santa Cruz.
Na ocasião, foi lida uma ata de consagração preparada pela Cúria Metropolitana, e foi descerrada uma placa alusiva à visita. Também presentes na celebração, o vigário episcopal do Vicariato Oeste, padre Adriano José Gomes Divino, e o padre Gabriel da Cunha Stilpen.
Durante a coroação da imagem de São Miguel Arcanjo, na Paróquia de Magalhães Bastos, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, fez uma introdução solene à oração de consagração. Em sua mensagem, destacou o significado da peregrinação da imagem vinda do Monte Gargano, na Itália, conduzida pelo Instituto Hesed, e ressaltou a importância da proteção do arcanjo diante dos desafios espirituais e sociais vividos pela cidade.
Tradição e proteção
“Estamos vivendo a Quaresma de São Miguel Arcanjo e temos a alegria de receber a imagem peregrina do defensor dos fiéis e da Igreja, que traz consigo a tradição do Monte Gargano, no sul da Itália, conduzida pelas irmãs, irmãos e padres do Instituto Hesed”, disse. Segundo o arcebispo, a peregrinação conduz os fiéis a experimentar a proteção de São Miguel no combate contra o mal: “Estamos em boa companhia”.
Lembrança dos Papas
Na sequência, Dom Orani relembrou a consagração feita no Vaticano. O Papa Bento XVI havia pedido que a Igreja se voltasse a São Miguel, e o Papa Francisco, em 5 de julho de 2013, introduziu sua imagem nos jardins do Vaticano. Na ocasião, afirmou que “Miguel, que significa ‘quem como Deus’, é o campeão do primado de Deus, da sua transcendência e do seu poder. Miguel luta para restabelecer a justiça divina, defende o povo de Deus dos seus inimigos e sobretudo do inimigo por excelência, o diabo”.
Ainda segundo o Papa Francisco, recordado por Dom Orani, “São Miguel vence porque nele é Deus que age. O mal é vencido, o acusador desmascarado e a sua cabeça esmagada, porque a salvação se realizou de uma vez para sempre no sangue de Cristo. Embora o diabo tente sempre ferir o rosto do arcanjo e a face do homem, contudo Deus é mais forte. A vitória é sua e a sua salvação oferecida a cada homem”.
Consagração do Rio de Janeiro
Inspirado por essas palavras do Santo Padre, Dom Orani declarou: “Ao consagrar nossa arquidiocese ao Arcanjo de São Miguel, peçamos-lhe que nos defenda do maligno e que o afaste de nós. Peçamos a Deus que, através desse momento solene, todos nós, o povo de Deus dessa nossa cidade, possamos experimentar a defesa de alguém que realmente, quem como Deus, nos defende no combate contra o mal”.
O arcebispo também lembrou os problemas enfrentados pelo mundo, pelo Brasil e pelo Rio de Janeiro, como guerras, violência e insegurança. Mas reforçou: “A Igreja está presente junto ao povo em qualquer lugar dessa cidade. Em todas as paróquias e comunidades, anunciamos Jesus Cristo, Nosso Senhor, que com seu sangue derramado na Cruz nos salva e nos liberta”.
Defesa espiritual
Da Região Oeste, em Magalhães Bastos, Dom Orani reafirmou a consagração da cidade e da arquidiocese à intercessão de São Miguel: “Na certeza de sua presença em meio aos combates, principalmente os espirituais, para que as pessoas não se percam, onde o maligno nos rodeia tentando nos devorar”.
O arcebispo ressaltou que a peregrinação na arquidiocese é um dom de Deus: “Uma oportunidade até inesperada, digamos assim, de nos consagrar a Deus, pela intercessão de São Miguel, e nos colocar à disposição para que Ele atue em nossas vidas e faça de cada um de nós sinais da sua misericórdia, do seu amor, no meio das violências e problemas da cidade”.
Peregrinos de esperança
Dom Orani ligou a consagração ao momento vivido pela Igreja: “Jesus Cristo é Deus e deu a vida por todos nós. Nele está a vida, a paz e a esperança. Neste Ano Santo da Esperança, queremos ser peregrinos de esperança. São Miguel nos defenderá das desesperanças desse mundo para sermos aqueles que anunciam o Cristo, nossa esperança, que não decepciona”.
O arcebispo destacou ainda que a celebração ocorre em sintonia com os 450 anos da criação da Prelazia do Rio de Janeiro e com o Ano Jubilar Arquidiocesano: “Temos a oportunidade de consagrar a nossa arquidiocese à intercessão e à defesa de São Miguel Arcanjo. Bendizendo a Deus, peçamos que Ele nos proteja e cuide de nós, e que a vida da graça se desenvolva cada dia mais em nós”.
Vitalidade da Igreja
Após a coroação da imagem de São Miguel Arcanjo e as palavras de acolhida, Dom Orani tirou a mitra e, do ambão, conduziu a oração de consagração, que foi acompanhada em silêncio e piedade pelos fiéis.
Depois da oração de consagração, antes da bênção, feita com a relíquia de uma pedra da gruta do Monte Gargano, Dom Orani lembrou que o mundo afora recebe notícias negativas do Rio de Janeiro, mas não fica sabendo da vitalidade da Igreja, das maravilhas que Deus realiza no meio de seu povo.
Dando exemplos concretos, lembrou que a peregrinação de São Miguel no Rio reuniu mais de 10 mil pessoas no Santuário de Fátima, no Recreio, que passaram a noite em oração, mais a celebração na paróquia de Magalhães Bastos. Ontem à noite, dia 12, foram acolhidas mais cinco pessoas que ingressaram na Ordem do Santo Sepulcro, responsáveis por rezar e ajudar a manter as obras pastorais e sociais na Terra Santa. No sábado de manhã, dia 13, houve na Catedral o Cenáculo do Rosário, e no domingo de manhã, dia 14, haverá a celebração do Dia Nacional do Terço dos Homens, que por tradição reúne centenas e centenas de fiéis leigos.
Continuando os exemplos, o arcebispo destacou que no sábado de manhã, dia 13, celebrou na Paróquia do Desterro, em Campo Grande, onde foram instituídos 16 seminaristas como acólitos, e à noite irá celebrar na Paróquia Imaculada Conceição, no Recreio, a Missa de Envio de peregrinos que irão caminhando até o Santuário de Aparecida.
“As diversas celebrações, eventos e ações pastorais e sociais que acontecem a cada dia por todos os cantos da cidade mostram um outro Rio de Janeiro que o mundo não conhece. Agradecemos a Deus por tantos sinais de Sua presença no meio de nós. Continuemos unidos e firmes na caminhada, ainda mais agora, que temos São Miguel Arcanjo ao nosso lado para nos defender e combater o mal”, concluiu o arcebispo.
Bênção sobre bênção
Com a peregrinação da imagem de São Miguel Arcanjo, vinda do Monte Gargano, o cônego William Bernardo da Silva, pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo, em Magalhães Bastos, expressou a alegria da comunidade. “O que vivemos enquanto comunidade paroquial marcará as nossas vidas para sempre”, afirmou. Ele descreveu o sentimento dos fiéis: “Nosso povo encontra-se em êxtase por tudo o que foi vivido neste lindo dia”. A notícia da visita, recebida poucos dias antes, encheu os corações de alegria e esperança. Para o pároco, foi “lindo demais experimentar a alegria da nossa Cidade Maravilhosa ser consagrada a São Miguel Arcanjo em nossa paróquia”.
Uma paróquia em missão
A visita da imagem de Monte Gargano confirmou a vocação missionária da paróquia em Magalhães Bastos, que se define como “sempre em missão e saída”. Há 11 anos, a imagem do padroeiro da paróquia tem peregrinado incansavelmente por diversas localidades: em paróquias, hospitais, escolas e instituições católicas, não apenas na Arquidiocese do Rio, mas também em dioceses vizinhas do Estado do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Padre William enfatiza o impacto dessa jornada: “Por onde passamos com São Miguel Arcanjo, ao longo desses anos, percebemos o quanto o povo de Deus de cada cidade, de cada bairro tem carinho e amor pelo protetor da Igreja, assim também chamado guardião do povo da Antiga e da Nova Aliança”. Ele credita a essa peregrinação a ação divina, afirmando que “o Senhor, que é misericórdia, tem alcançado tantas pessoas pela intercessão de São Miguel Arcanjo”.
Consagração pelo arcebispo
A chegada da imagem e a presença de Dom Orani foram consideradas uma dupla bênção. “Me alegra receber a imagem do Monte Gargano, somente para confirmar o que já realizamos, por sermos essa paróquia sempre em missão e saída”, declarou o cônego William. Foi também “uma bênção receber o nosso arcebispo que veio para consagrar a Arquidiocese do Rio de Janeiro a São Miguel Arcanjo”. A decisão do arcebispo foi vista como um ato profético, permitindo que a coroação e a consagração ocorressem na própria paróquia dedicada a São Miguel Arcanjo, que por tantos anos “tem trabalhado pela evangelização das pessoas, pela libertação das pessoas, pela salvação das famílias”.
Pastor incansável
A presença e as ações de Dom Orani reforçaram a fé na proteção de São Miguel Arcanjo. Cônego William descreveu o arcebispo como “esse pastor incansável”, cujo gesto “nos traz a certeza de que verdadeiramente devemos confiar na intercessão do Arcanjo Miguel, que trabalhou e protegeu o povo da Antiga Aliança. Assim, continua a fazer o mesmo com o povo da Nova Aliança até a volta de nosso Senhor Jesus Cristo”. A consagração da “Cidade Maravilhosa” a São Miguel Arcanjo fortalece a esperança dos fiéis: “É maravilhoso ver esse povo de fé, na certeza de que junto a São Sebastião e Sant’Ana, padroeiros da arquidiocese, São Miguel Arcanjo ainda mais vai interceder pela nossa Cidade Maravilhosa e pela Arquidiocese do Rio”.
Um refúgio de fé
A Paróquia São Miguel Arcanjo se apresenta como um espaço de acolhimento e evangelização. “Nós somos a Igreja de Cristo, uma Igreja em saída, que é mãe, que acolhe, que perdoa, que faz com que o Reino de Deus alcance a tantas pessoas”, explicou. Após a consagração, a paróquia reafirma seu compromisso: “A nossa Paróquia de São Miguel Arcanjo está de coração e de portas abertas para acolher a cada peregrino que virá em nossa paróquia”. O local é oferecido como “refúgio, como abrigo seguro e sobretudo como asas para experimentar a força do amor de Deus, a libertação, a cura e a paz”. A devoção a São Miguel continua forte, com a missa dos devotos realizada todo último domingo do mês, às 8h da manhã, acolhendo inúmeros fiéis.
“Possamos sempre dizer esse brado de vitória, na certeza de que jamais caminharemos sozinhos pelo deserto da vida. Quem como Deus? Ninguém como Deus. A bênção do Deus todo-poderoso, pela intercessão de São Miguel Arcanjo, é o desejo estendido a todos os fiéis da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro”, conclui o cônego William.