O arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, assinou uma nova Carta Pastoral: “Missão, Esperança e Paz”, por ocasião do Ano Santo de 2025 – “Peregrinos da Esperança”.
A assinatura ocorreu às vésperas do Dia Mundial das Missões, no dia 19 de outubro de 2024, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro, no final da celebração eucarística da 40ª Assembleia Arquidiocesana da Iniciação à Vida Cristã, quando foi instalado o Ministério de Catequistas na Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Jubileu do Ano Santo 2025
Na Carta Pastoral, Dom Orani aborda a proclamação de um novo jubileu ordinário convocado pelo Papa Francisco, em 2025, cujo tema, que brotou do coração do pontífice, é “Peregrinos de Esperança”.
“Também nós, atendendo ao convite do Santo Padre, iremos celebrar solenemente o jubileu do Ano Santo, tanto indo nas peregrinações a Roma como também em nossa arquidiocese”, disse o arcebispo, motivo de “escrever a carta da celebração jubilar com as orientações e determinações próprias para a arquidiocese.”
Dom Orani lembra que a Carta Pastoral, escrita em “espírito de comunhão com toda a Igreja universal”, é dirigida aos fiéis da arquidiocese que a “cada dia buscam anunciar Jesus Cristo em meio a esta grande cidade”.
“É nosso desejo que o jubileu convocado pelo Papa Francisco seja um tempo fecundo para que cada fiel, nas diversas paróquias, capelas e comunidades espalhadas pela cidade do Rio de Janeiro, viva essa oportunidade de fé, caminhando em meio às vicissitudes como “peregrinos da esperança”, disse.
O Jubileu na Bíblia
Dom Orani começa sua reflexão sobre os “jubileus na Bíblia”, cuja origem das celebrações se encontra no Antigo Testamento, a partir do Livro do Levítico (Capítulo 25), que regulamenta os rituais do Templo de Jerusalém. O jubileu está ligado ao sábado, em três dimensões, o repouso da terra, o perdão das dívidas e a libertação dos escravos. O jubileu do Antigo Testamento vai dar sentido ao verdadeiro jubileu, o “ano da graça do Senhor’” inaugurado por Cristo, que “veio romper todas as cadeias e para fazer com que os homens vivam já hoje este tempo de graça e renovação”.
Jubileus na história da Igreja
A reflexão do tema do jubileu tem continuidade na “história da Igreja”, na qual Dom Orani observa que eles foram proclamados a partir do ano 1300, como um “tempo de graça”, experiências de perdão e, portanto, encontro com a misericórdia divina.
Peregrinações e indulgências jubilares
Já em relação ao tema “As peregrinações e indulgências jubilares”, o arcebispo diz na sua Carta Pastoral que as peregrinações, desde os primeiros séculos, “são um elemento constitutivo da espiritualidade e da piedade cristã.” Na busca do ‘encontro com o Senhor’, as peregrinações começaram com a ‘tradição judaica de subir até Jerusalém para as festas’: “Vamos à casa do Senhor”. Ao longo da história da Igreja, muitas tradições surgiram da piedade do povo de Deus acerca das peregrinações na Terra Santa, em Roma, e nas basílicas e santuários locais. Pelo alto valor simbólico das peregrinações, segundo o arcebispo, “a Igreja sempre enriqueceu os passos daqueles que se colocavam a caminho dos santuários e outros lugares santos com o tesouro espiritual das indulgências, sobretudo nos jubileus”.
Jubileu em Roma
No “Jubileu de 2025 em Roma”, Dom Orani lembra que haverá a abertura da Porta Santa nas basílicas papais, com destaque para a Basílica de São Pedro, no Vaticano.
“O Santo Padre, na bula de proclamação, anunciou que a abertura do jubileu ordinário será no dia 24 de dezembro de 2024, em Roma, na Basílica de São Pedro, quando fará a abertura da Porta Santa.”
O rico simbolismo da Porta Santa, segundo o arcebispo, “encontra sua fundamentação bíblica quando Jesus diz: “Eu sou a porta das ovelhas” (Jo 10,7.9), e acrescenta: “Que este jubileu seja mais uma oportunidade para buscar a remissão dos nossos pecados, atravessando a porta de misericórdia”.
Jubileu na Arquidiocese do Rio Janeiro
Na Arquidiocese do Rio Janeiro, o jubileu será norteado pelos documentos da Santa Sé, sob os cuidados do Vicariato Episcopal de Pastoral. A abertura será na Catedral de São Sebastião no dia 29 de dezembro de 2024, Festa da Sagrada Família, quando será concedida a bênção papal, acompanhada de indulgência plenária.
A celebração de abertura começará às 10h no Largo da Carioca, no Centro, no pátio externo da Igreja do Convento de Santo Antônio. Segundo indicação da Carta Pastoral, a celebração deverá reunir, em espírito de unidade eclesial, todos os membros da Igreja Particular. O arcebispo lembra que “a celebração de abertura do jubileu ordinário na arquidiocese “será única”, e “não haverá abertura nas igrejas jubilares”.
“Esta celebração assinala o início do ano pastoral arquidiocesano cujas atividades terão o mesmo objetivo do jubileu: ser um tempo forte da graça no qual a esperança deve inspirar a conversão e a missão. As atividades do II Sínodo Arquidiocesano, que reflete sobre o nosso compromisso com a missão, devem alcançar um maior número de pessoas neste tempo do jubileu, quando somos chamados a ser arautos da esperança que não decepciona (Rm 5,5), isto é, Jesus Cristo! (1Tm 1,1).”
Antes da bênção final da celebração única de abertura da Porta Santa, será entregue o distintivo (quadro) que identifica as Igrejas jubilares na arquidiocese para que os fiéis possam realizar a peregrinação e receber a indulgência plenária uma vez ao dia.
Igrejas jubilares
A Carta Pastoral esclarece que além das basílicas menores e dos santuários designados já previstos, cada vicariato territorial terá uma igreja jubilar. Por ser “lugares sagrados de acolhimento e espaços privilegiados para gerar esperança”, cada pároco ou reitor deve usar da criatividade pastoral para favorecer o propósito do jubileu.
Ao todo são 21 locais de peregrinação: Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro, as basílicas menores da Imaculada Conceição, em Botafogo, Imaculado Coração de Maria, no Méier, Nossa Senhora de Lourdes, em Vila Isabel, Santa Teresinha, na Tijuca, Nossa Senhora da Penha, na Penha, São Sebastião, na Tijuca, São João Batista da Lagoa, em Botafogo, os santuários arquidiocesanos do Cristo Redentor, no Corcovado, Mãe e Rainha três vezes admirável de Schoenstatt, em Vargem Pequena, Nossa Senhora de Fátima, no Recreio, Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa, na Tijuca, Nossa Senhora do Loreto, na Freguesia, Divina Misericórdia, em Vila Valqueire, e as paróquias São Jerônimo, em Coelho Neto, Imaculada Conceição, no Recreio, Nossa Senhora do Desterro, em Campo Grande, Nossa Senhora da Conceição, em Campinho, Nossa Senhora da Apresentação, em Irajá, Nossa Senhora da Conceição, em Realengo, e Nossa Senhora da Conceição, em Santa Cruz.
Celebração jubilar nos vicariatos
“Para que os tesouros da graça do Ano Santo” alcancem todas as pessoas, haverá uma celebração jubilar nos territórios de cada vicariato (com a participação de membros dos vicariatos nãos territoriais), num sábado de manhã, presidida pelo arcebispo. A celebração jubilar acontecerá em três etapas: catequese e formação paroquial sobre o Jubileu 2025, peregrinação vicarial e missa na Igreja jubilar. As datas já estão agendadas.
A primeira celebração será no dia 29/12/2024, no Vicariato Urbano. As demais celebrações acontecerão em 2025, sendo 25/01, Vicariato Anchieta – 22/02, Vicariato Barra – 29/03, Vicariato Sul – 26/04, Vicariato Jacarepaguá – 31/05, Vicariato Leopoldina – 28/06, Vicariato Norte 26/07, Vicariato Campo Grande – 02/08, Vicariato Cascadura – 27/09, Vicariato Madureira –, 11/10, Vicariato Oeste e 22/11, Vicariato Santa Cruz.
Celebração arquidiocesana
Também está agendada, conforme a Carta Pastoral, a celebração arquidiocesana “Cristo é nossa Esperança, Paz e Reconciliação”, no dia 17 de maio de 2025, às 15h, a ser realizada em cada vicariato territorial.
“Será uma bela manifestação da unidade arquidiocesana neste Ano Santo, que peregrina por toda a nossa cidade, levando a paz, a reconciliação e a esperança que é Jesus Cristo, nosso Senhor”, disse o arcebispo.
Peregrinação da cruz
A peregrinação com uma cruz que contém vários símbolos, como representações da desesperança vivida pela população do Estado do Rio de Janeiro, será realizada em âmbito do Regional Leste 1 da CNBB.
Na Arquidiocese do Rio de Janeiro, a cruz chegará no dia 26 de novembro de 2025, será acolhida nos vicariatos até o dia 28 de dezembro, quando seguirá para a Catedral para a celebração de encerramento do jubileu.
Programação nos vicariatos: 26/11, Santa Cruz – 28/11, Campo Grande –01/12, Oeste – 03/12, Jacarepaguá –06/12, Barra – 08/12, Sul – 10/12, Urbano – 12/12, Leopoldina – 15/12, Norte – 18/12, Anchieta – 20/12, Cascadura – 22/12, Madureira – 24/12, Catedral – 26/12, vicariatos não territoriais na Catedral – 28/12, encerramento do jubileu.
“Na contemplação da cruz busca-se reacender a esperança em cada coração, ajudando os fiéis a compreenderem que, em Cristo, a morte não tem a última palavra, mas sim a vida que Jesus Ressuscitado conquistou para cada pessoa e para a Humanidade inteira”, escreveu o arcebispo.
Meios de comunicação
De acordo com a Carta Pastoral, o Vicariato da Comunicação (Vicom), órgão responsável por todo o Sistema de Comunicação arquidiocesano, tem a missão, durante o Ano Santo, de orientar as paróquias, comunidades e demais grupos sobre a boa utilização das mídias e outras tecnologias. Neste sentido, incentiva a criatividade da Pascom de cada paróquia para que transmita pelos vários meios todos os eventos do jubileu.
“A finalidade e o objetivo do Ano Santo nos impelem a uma comunicação cada vez mais eficiente e eficaz através dos mais variados instrumentos que criam redes, conexões, integração e interação. Eles favorecem a ação da graça de Deus e a vida fraterna na comunidade paroquial”, incentivou o arcebispo.
Encerramento do Ano Santo
O encerramento do Ano Santo, presidido pelo arcebispo, será na Catedral de São Sebastião, no domingo da Festa da Sagrada Família, dia 28 de dezembro de 2025, às 10h, com cântico de ação de graças e bênção solene.
“Para esta celebração, toda a comunidade arquidiocesana é convocada à participação efetiva, levando um quilo de alimento não perecível, simbolizando o compromisso jubilar de caridade e partilha com os pobres a fim de que não falte o necessário a ninguém”, sinaliza o arcebispo.
Deus habita esta cidade
A penúltima reflexão da Carta Pastoral é um apelo à paz, de aproveitar o jubileu do Ano Santo como um tempo de reconstrução da unidade no Rio de Janeiro.
Diante de tantas situações que causam dor e sofrimento no povo, o arcebispo lembrou que o Papa Francisco convocou a todos para ser “peregrinos de esperança”. Na crescente fragmentação da grande cidade, dividida e setorizada, ele observa “que um dos pontos mais relevantes da nossa ação eclesial é justamente a capacidade de promover a integração, o diálogo e, acima de tudo, assegurar nossa presença estável e permanente em todos os espaços da cidade”.
Dom Orani lembra que “nossa tarefa não é fácil, mas é necessária. Não se trata, simplesmente, de desejar a paz, mas, antes, de construí-la, no dia a dia, nos pequenos gestos e atitudes”. Ele destaca que a experiência de celebrar o jubileu deve ser um ponto de partida para um projeto pessoal de transformação. “Somos responsáveis pela reconstrução de nossa cidade, sustentados pela unidade da fé que professamos”.
O arcebispo convida os fiéis a mudar o olhar sobre a realidade, com ações concretas de paz, acolhida, perdão e de tolerância. Em assumir uma fé viva e testemunhá-la em todas as situações da vida diária.
“Desta forma, lançaremos sementes de eternidade por onde passarmos. Deixaremos um rastro de boas ações e de testemunhos concretos, anunciaremos a presença de Cristo em nossa cidade, não simplesmente com palavras, mas com a nossa vida. Que a experiência do encontro com Cristo nos leve a resplandecer Sua face através de nossas atitudes e que nossa vida, reconstruída por Ele, seja um instrumento de reconstrução da sociedade na qual estamos inseridos.”
Legado do jubileu
Na última reflexão da Carta Pastoral, Dom Orani lembra que o Ano Santo, no qual é uma oportunidade de fazer a experiência do amor e da misericórdia de Deus, deve provocar em cada um a conversão pessoal e comunitária das ações e a presença ativa na fé e na vida da comunidade eclesial.
O arcebispo incentiva que o jubileu também seja marcado por sinais externos, um legado pastoral que perpasse o tempo do jubileu, com iniciativas concretas: “seja na criação de um espaço dedicado à oração, em projetos sociais que atendam os mais necessitados, ou em uma obra de evangelização que possa alcançar cada vez mais pessoas”.
“Cada batizado (e cada pessoa que faz o bem) é uma presença do Senhor em todos os locais do mundo. As atividades pastorais e evangelizadoras devem convergir para um anúncio concreto da esperança que é Jesus Cristo”, escreveu.
Jubileu sacerdotal
Por fim, Dom Orani destaca que as comemorações de seu jubileu de 50 anos de ordenação sacerdotal, em sintonia com a preparação e a celebração do Ano Santo, sejam um tempo propício para pedir ao Senhor da messe que envie operários para a sua colheita.
“Que meu jubileu sacerdotal seja um terreno fértil de onde brotem novas vocações, e que o testemunho dos sacerdotes inspire muitos jovens a seguirem esse caminho de doação e de serviço à Igreja e ao mundo.”
Carlos Moioli