“Neste dia que marca o bicentenário da Independência do Brasil, estamos reunidos no Cristo Redentor, símbolo do nosso país, para celebrar o centenário do Congresso Eucarístico Nacional de 1922, que aconteceu no Rio de Janeiro, quando ainda era capital federal”, disse o reitor do Santuário Cristo Redentor, padre Omar Raposo, no início da missa de encerramento do Congresso Eucarístico do Centenário, na manhã do dia 7 de setembro.
“A Eucaristia assinala a identidade da Igreja, fonte de vida. Que esta manhã seja de renovação da fé e do amor em Jesus Cristo Redentor”, acrescentou padre Omar Raposo, ao acolher a todos na celebração, com cânticos do Coral da Princesa, grupo de animação litúrgica do próprio Santuário do Cristo Redentor. Fez parte da celebração, logo no início, na execução dos hinos Nacional e da Independência, apresentados pela Banda da Guarda Municipal.
A missa, que foi realizada aos pés do monumento, tendo na base um painel da próxima Jornada Mundial da Juventude, que será realizada em Lisboa, capital portuguesa, em 2023, foi presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, que iniciou convidando os fiéis a agradecerem a Deus pelos cem anos do Congresso Eucarístico, realizado no Rio de Janeiro.
“Pedimos a Deus que a Eucaristia seja sempre um sinal de unidade, fraternidade e de compromisso com a missão evangelizadora. Que a celebração do Congresso Eucarístico seja um momento de recomeçar, de ser um sinal de tantos dons e graças, de planos e sonhos da nossa caminhada arquidiocesana”, disse Dom Orani.
“Nesta Eucaristia, rezemos pelo país, nossa pátria, de modo especial, pelos duzentos anos da proclamação da Independência, que aconteceu junto às margens do Ipiranga, em São Paulo, mas que depois teve repercussões no Rio de Janeiro, com a coroação de D. Pedro I como imperador. Como também de todas as lutas pela independência pelo Brasil afora. A independência, de fato, se conquista passo a passo. Uma vez independente, é preciso viver a responsabilidade de povo, de pátria, de justiça social”, acrescentou o arcebispo.
Também foram concelebrantes os cônegos Cláudio dos Santos e Aldo de Souto Santos e os padres Ramon Nascimento da Silva, Robson Cristo de Oliveira, Stannly Cunha dos Santos, Allexsandro Martins Valente, Edielson Oliveira da Cunha e Pablo Walter Dawabe Broschek. Ainda os diáconos Walter Sotero Andrade e Dilson Daldoce, da Diocese de Friburg, na Alemanha.
“Bispo da Eucaristia”
Na homilia, Dom Orani lembrou que quando Dom Sebastião Leme, seu antecessor, há cem anos, convocou e presidiu o Congresso Eucarístico no Rio de Janeiro, que aconteceu três décadas depois da Proclamação da República, “ele tinha no seu coração um plano de reconstrução, de retomada da presença e da missão da Igreja na sociedade”.
“Conhecido como ‘Bispo da Eucaristia’, ele colocou a Eucaristia no centro de seu ministério e de sua missão junto ao povo de Deus, os católicos, na certeza que o sacramento, no qual hoje chamamos, é o cume e a fonte da vida cristã. O Congresso Eucarístico, uma resposta a estes anseios, foi um grande evento que reuniu bispos, arcebispos e milhares de pessoas de todo o Brasil”, disse.
Dom Orani observou que após o Congresso Eucarístico de 1922, surgem diversas iniciativas de Dom Sebastião Leme, que aos poucos vão se firmando e que perduram até hoje.
“No campo da cultura, nasce o Centro Dom Vital, integrado por leigos intelectuais; para o fortalecimento da fé e da centralidade da Eucaristia, instituiu o Santuário de Adoração Perpétua; para a formação dos padres, reabre o Seminário Arquidiocesano de São José; e na formação acadêmica, dá início à Pontifícia Universidade Católica, a PUC-Rio”.
Centralidade da Eucaristia
Ao celebrar os cem anos do Congresso Eucarístico, o primeiro do Brasil, no Rio de Janeiro, o arcebispo lembrou que os fiéis são chamados, neste tempo de dificuldades por causa da pandemia, da economia e das polarizações, de ter na Eucaristia o centro da vida.
“Jesus Cristo está presente, vivo no meio de nós. Ele é a nossa vida. Quanto mais buscamos a Deus, acima de tudo, em Jesus Cristo, mais seremos um povo que respeita, quer bem e ama uns aos outros. Na caminhada pelo deserto, o povo de Deus tinha o maná para se alimentar, nós temos a Eucaristia como alimento na caminhada da vida durante toda a nossa história”, disse.
Como fruto do Congresso Eucarístico, Dom Orani exortou os fiéis a “participarem ativamente da vida da comunidade paroquial e a colocarem-se, como batizados, a serviço da missão evangelizadora da Igreja”. Também a participarem, de forma presencial, das celebrações eucarísticas, afirmando que a “Eucaristia é o centro da vida da Igreja”.
Responsabilidade dos cristãos
Ao evidenciar o tema do Congresso Eucarístico do Centenário: “Eucaristia, alimento da unidade, de esperança e de fraternidade”, Dom Orani lembrou que uma das consequências da Eucaristia é a fraternidade.
“A fé em Jesus Cristo tem consequências, porque a Eucaristia nos faz irmãos. Somos chamados como consequência da comunhão entre nós, da vida eucarística, além de fazer crescer na fé, comunhão, unidade e na fraternidade, isso nos faz sermos solidários uns com os outros. A solidariedade deve começar com aqueles que passam pelas dificuldades da vida, na qual não deve faltar em suas mesas o pão de cada dia, muito mais com os irmãos que vivem em situação de rua”, disse.
Ao recordar as comemorações do bicentenário da Independência, Dom Orani lembrou que a Eucaristia, isto é, a vida eucarística dos fiéis, também tem suas consequências de responsabilidade pelo país, pelos irmãos e irmãs, na vasta diversidade de culturas e etnias.
“Uma vez que nos tornamos independentes, somos responsáveis pelo nosso país, que necessita de justiça social, paz e entendimento entre as pessoas. Somos chamados a fazer a nossa parte, de construir fraternidade, de viver e caminhar como Igreja que somos, centrados na Eucaristia e presentes na sociedade, como fermento no meio da massa. Como cristãos, devemos ser a ‘alma da sociedade’, como diz os escritos dos primeiros padres da Igreja. Também, responsáveis uns pelos outros, de maneira especial, por aqueles que a Providência de Deus colocou ao nosso lado”, concluiu o arcebispo.
Primeira Comunhão
Foi realizada durante a celebração, em memória ao Congresso Eucarístico de 1922, a Primeira Comunhão de nove crianças, representando os vicariatos da arquidiocese.
As crianças que receberam o sacramento são: Rafaela Ferreira Miranda, Helena Elias Xavier Martins, Pedro Marzocchi da Silva Mendes, Nicole Vitória Pereira Arruda Marinho, Lanna Lauren Santos de Araújo, Isabella da Silva Mascarenhas, Ana Luiza Souza Serafim, Pedro do Amaral Freitas Nascimento e Águeda Helena da Rocha dos Anjos.
Na homilia, Dom Orani lembrou sobre a necessidade do aprofundamento da fé a partir das crianças, que deve levar aos demais sacramentos de vida cristã.
“A iniciação à vida cristã nos faz conhecer, aprofundar, crescer e viver a fé como consequência do encontro com Jesus Cristo e assim contagiar as pessoas com o anúncio e a alegria da salvação no Senhor Jesus”, disse.
Consagração e bênção
No final da celebração, houve a exposição do Santíssimo Sacramento, o ‘Te Deum’ pela realização do Congresso Eucarístico do Centenário e pelo bicentenário da Independência. Antes da bênção à cidade do Rio de Janeiro com o Santíssimo Sacramento, Dom Orani renovou a consagração do Brasil ao Coração Eucarístico de Jesus.
Carlos Moioli
Consagração ao Coração Eucarístico de Jesus
Congresso Eucarístico do Centenário – 2022
Orani João Cardeal Tempesta, O. Cist.
Senhor Jesus Cristo, nós vos adoramos no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, que está aqui presente diante dos nossos olhos e em todas as Igrejas do mundo inteiro. Em vosso Coração Eucarístico nos refugiamos e depositamos nossas esperanças, alegrias e sofrimentos.
Há cem anos, na conclusão do Congresso Eucarístico do Rio de Janeiro, todo o Brasil se ajoelhava diante de vossa presença eucarística para render-vos louvor, glória e adoração, como a mais bela e piedosa comemoração que poderíamos dedicar ao primeiro Centenário da Independência do nosso país.
Nas atuais celebrações do Bicentenário, estamos aqui reunidos para colocar diante de vós o percurso que fizemos ao longo de um século e toda a realidade nacional nos dias de hoje, com seus desafios, avanços e tropeços. Ao renovar a consagração que fizemos a vós em 1922, rogamos o vosso perdão por todas as ofensas cometidas contra vós e contra o próximo e, ao mesmo tempo, suplicamos graças para prosseguirmos nossa história com mais justiça e paz para todos. Temos um longo caminho a percorrer, mas fazei de nós instrumentos da paz e partilha para todos. Que a nossa ação seja um sinal do vosso amor para com todos.
Ó Coração Eucarístico de Jesus, neste dia em que iniciamos o terceiro século como nação independente, reconhecemos que vós sois o Senhor desta cidade, do Brasil e de todo o Universo. Por isso, renovamos a fé na vossa presença viva e real em nosso meio e nos consagramos a vós para que, em nossa terra e no coração de cada pessoa que está aqui, cresça sempre mais a consciência do vosso amor por todos nós. Consagramos, de modo especial, as crianças e os jovens que, com carinho, colocamos diante da vossa presença, mas também os adultos e idosos para que, reconhecendo-vos como Senhor, possam compreender que em vós está a fonte da vida e da salvação.
Vivemos tempos desafiadores e precisamos da vossa paz; por isso, fortalecei o nosso testemunho missionário para que em vós sejamos também instrumentos de unidade, de esperança e de fraternidade no mundo em que vivemos, sobretudo com os pobres e desfavorecidos. Protegei as autoridades, os habitantes e os visitantes. Como outrora fizestes na Galileia (cf. Mt 4,23), percorrei todo o Brasil e o coração de cada um restaurando a caridade, revigorando a fé e a esperança, curando os males físicos e espirituais, livrando-nos de tudo o que nos afasta de vós e dando-nos sempre, como dons de vosso Coração Eucarístico, a paz e a concórdia para que todos sejam um! Amém!
Credo – Pai nosso – Ave Maria – Glória ao Pai
07/09/2022