Cônego Cláudio dos Santos faz peregrinação até Aparecida em gratidão a Deus pela restauração da Catedral

O vigário episcopal do Vicariato de Pastoral e pároco da Catedral de São Sebastião, cônego Cláudio dos Santos, foi um dos quatro sacerdotes que participaram da 4ª edição do “Andar com Fé”, uma caminhada de 329 quilômetros até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo.

A peregrinação, realizada entre os dias 28 de setembro e 10 de outubro, foi feita como gesto de gratidão a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, pela conquista de um importante projeto: a aprovação da obra de restauração da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, que completa 50 anos em 2026.

“Eu prometi à Nossa Senhora que, se a obra da Catedral fosse aprovada, eu iria a pé até Aparecida. Foi uma promessa de gratidão, e posso dizer que foi uma experiência transformadora”, contou o cônego Cláudio, emocionado.

O projeto de restauração, segundo ele, estava sendo estudado há muitos anos e, finalmente, foi aprovado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio do Instituto de Desenvolvimento do Turismo do Rio de Janeiro (Lei Infratur), com o apoio do deputado Fred Pacheco e da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), responsável pela execução das obras públicas.

“Foi uma ação do governo estadual que contemplou também a Catedral Presbiteriana e um centro de matriz africana. No caso da Catedral Metropolitana, trata-se de uma recuperação estrutural completa, interna e externa, devolvendo ao templo sua aparência original e preservando sua arquitetura brutalista”, explicou.

A Catedral de São Sebastião, inaugurada em 1976, nunca havia passado por uma restauração estrutural. “Todos os párocos cuidaram da manutenção do templo, conforme as necessidades de cada época. Agora está sendo feita a primeira e única reforma de verdade: correções estruturais, recuperação dos vitrais e da parte de concreto e alumínio, limpeza interna e externa. Estamos devolvendo à Catedral a beleza de sua origem”, relatou o pároco.

As obras devem seguir até o final de 2026. “Queremos que tudo esteja pronto para celebrar os 50 anos da Catedral com uma grande festa no dia 16 de novembro de 2026”, disse. A data marcará também a culminância das comemorações, que começam ainda neste ano. “No dia 16 de novembro de 2025 faremos a abertura dos festejos, coincidindo com o Dia Mundial dos Pobres. Haverá um café para os moradores em situação de rua e o lançamento do selo comemorativo dos 50 anos.”

A promessa cumprida a pé até Aparecida foi, para o cônego Cláudio, uma profunda experiência espiritual. “Foram 13 dias de caminhada, oração, partilha e despojamento. A cada dia, rezávamos as Laudes, o Terço Mariano, a Novena de Nossa Senhora Aparecida e fazíamos uma meditação sobre um título da Ladainha de Nossa Senhora. Cada peregrino levava intenções do povo de Deus e rezava por elas. À noite, nos locais onde parávamos para descansar, celebrávamos a Santa Missa nas paróquias ou capelas. Nesses locais, também fomos acolhidos em casas de família.”

O sacerdote relatou o cuidado e a solidariedade encontrados no caminho. “Deus foi muito generoso conosco. As pessoas apareciam do nada, oferecendo água, apoio, abrigo. Era como se o próprio Deus nos acompanhasse em cada passo.” Ele também destacou a organização do grupo: “Todos tinham funções específicas — o ‘peregrino-mor’, que carregava a imagem de Nossa Senhora; o ‘anjo’, que cuidava dos companheiros; e o ‘peregrino da esperança’, responsável pelas orações e leituras. Era uma verdadeira comunidade em movimento.”

Um dos momentos mais intensos foi a subida da Serra de Cunha, um trecho de 19 quilômetros feito em silêncio. “É o dia do retiro e do encontro com Deus. Foi um momento de muita oração, de lágrimas, de cura. Cada peregrino vive uma experiência muito pessoal com o Senhor e com Maria.”

A chegada ao Santuário de Aparecida, no dia 10 de outubro, foi de forte emoção. “Quando avistamos a Basílica, é impossível conter as lágrimas. É uma vitória sobre si mesmo, sobre os limites humanos. É como se Nossa Senhora dissesse: ‘Eu caminhei com vocês o tempo todo’. É uma experiência de amor e presença de Deus que transforma por dentro.”

Na Basílica, o grupo celebrou a Santa Missa na Capela dos Apóstolos, junto à imagem de Nossa Senhora Aparecida. “Foi um grande presente de Deus. Ali percebemos que a caminhada é mais do que física: é espiritual, é o caminho da vida, onde Deus está sempre ao nosso lado, mesmo nas dificuldades.”

Emocionado, o cônego Cláudio resumiu o sentido da peregrinação: “É uma experiência de fé e de despojamento. A gente descobre que muitas coisas que achamos necessárias não são. O que realmente importa é estar na presença de Deus e ser sinal do Seu amor junto aos irmãos.”

Para ele, a caminhada simboliza também a trajetória de cada cristão. “Quando as forças parecem acabar, é como se Deus nos carregasse no colo. No início, o corpo reluta, mas depois a alma se entrega. A fé é o que nos move. E quando a gente chega, entende que tudo valeu a pena.”

A participação do cônego Cláudio na peregrinação foi, portanto, mais do que o cumprimento de uma promessa. Foi, segundo ele, “um ato de amor, de fé e de gratidão”. “Deus está sempre ao nosso lado. Ele caminha conosco. E Nossa Senhora, com seu olhar materno, nos conduz pelo caminho da fé. Essa foi, sem dúvida, uma das experiências mais marcantes da minha vida.”

 

Carlos Moioli

 

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