Dia do Planeta Terra

       Uma maneira de lembrar a Casa Comum é comemorar o Dia do Planeta Terra, onde habitamos e construímos a nossa história, celebrado no dia 22 de abril a cada ano. Os dados das ciências calculam que a Terra se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos, sendo um dos quatro planetas rochosos no sistema solar, com o privilégio de ser o único que abriga a vida de milhares de espécies. Mesmo passando por mudanças ao longo de eras e períodos geológicos, a Terra continua sendo o lugar onde o Criador manifestou a beleza e a singularidade de sua obra, vendo nela bondade e espaço de imanência e transcendência. Nela foi projetado o ideal de um jardim rico e diverso, onde as diferenças pudessem surgir, evoluir e revelar a grandeza e a particularidade do amor de filiação e gratuidade. Na sua história evolutiva, as águas e as terras formaram biomas e ecossistemas capazes de gerar vidas, interagir cadeias geobiológicas e climáticas e manter o equilíbrio e a resiliência.

Mesmo conscientes do privilégio que temos de pisar e construir a nossa história neste planeta Terra, e recebermos o legado de sermos guardiões da Casa Comum, nós humanos não estamos sendo capazes de cuidar e preservar aquilo que recebemos de maneira gratuita e incondicional. As mudanças no clima, as extinções de espécies, a exploração do patrimônio ecológico, o aumento do consumo e da escassez dos recursos naturais, a falta de uma postura mais ética e respeitosa com a Terra, entre outras, têm sido um gargalo que reflete na relação entre o teológico, o antropológico e o ecológico. Até quando a Terra suportará estas rupturas que estamos provocando com o nosso modo de ser, agir e comportar, comprometendo as cadeias biológicas, ultrapassando os limites planetários, gerando uma cultura de morte, impedindo que as diferentes formas de vida possam dar glória ao Criador e deixando para as gerações futuras um planeta ferido e insustentável, contrário aos desígnios de Deus.

Ao celebrarmos o Dia do Planeta Terra, que saibamos ouvir os clamores das vozes proféticas das religiões e das ciências, repensando posturas e buscando soluções sustentáveis para que o Espírito Santo possa continuar pairando sobre as águas (Gn.1,2), manifestando a bondade do Criador em cada vida existente e construindo alianças entre o divino e o humano.

Lembremos da súplica do Papa Francisco na “Laudato Si’”: “Ensinai-nos ó Deus Trino, a contemplar-vos na beleza do universo, onde tudo nos fala de Vós. Despertai o nosso louvor e gratidão por cada ser que criastes, para que possamos nos sentir intimamente unidos a tudo o que existe em nosso planeta Terra”.

 

Padre Josafá Carlos de Siqueira SJ, vigário episcopal para o Meio Ambiente.

 

 

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