Dom Orani conclui II Sínodo Arquidiocesano e reforça compromisso missionário da Igreja no Rio de Janeiro

O II Sínodo Arquidiocesano da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, desta vez sobre as Missões, convocado pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, teve sua conclusão com a segunda Assembleia Sinodal, realizada na Catedral de São Sebastião, no Centro, no dia 4 de outubro.

Com o tema “A missão da Igreja no atual contexto sociocultural da cidade do Rio de Janeiro” e o lema “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,13), o II Sínodo Arquidiocesano foi inspirado na experiência dos discípulos de Emaús e busca renovar a vida e a missão da Igreja, à luz da escuta, do discernimento e da comunhão eclesial.

Segundo o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Antônio Luiz Catelan Ferreira, responsável pela organização do Sínodo, o resultado das sínteses é fruto da escuta realizada nas comunidades, vicariatos e instâncias da Arquidiocese do Rio, organizadas como “Instrumento de Trabalho”, elaboradas com fundamentação bíblica e à luz do Magistério da Igreja.

“Na segunda Assembleia Sinodal Arquidiocesana, organizada em grupos de trabalho, foi dada a etapa final de discernimento missionário, para oferecer ao arcebispo a nossa contribuição em vista da orientação missionária que cabe a ele dar à Igreja que preside em nome de Cristo”, disse.

A Assembleia Sinodal, que, segundo Dom Antonio Catelan, foi um “evento extraordinário de grande importância missionária e sinodal da nossa Igreja”, foi presidida por Dom Orani, com a presença dos bispos auxiliares, leigos, leigas, consagrados e consagradas, membros do Conselho Arquidiocesano de Pastoral e representantes eleitos pelos vicariatos, juntamente com os vigários episcopais e vigários forâneos.

 

Abertura do II Sínodo

A abertura oficial do II Sínodo Arquidiocesano sobre as Missões, feita por Dom Orani, aconteceu na Festa de Corpus Christi, na Catedral, no dia 8 de junho de 2023. Na ocasião, o arcebispo reforçou que o Sínodo tinha o desejo de “estabelecer as experiências bonitas como um incentivo para plantar estruturas para o presente e para o futuro, para desencadear um trabalho missionário e evangelizador”. Também observou: “A missão deve ser renovada a cada dia, e sempre haverá necessidade de incentivo, de um reavivamento.”

 

Primeiro Sínodo

O primeiro Sínodo, convocado, presidido e promulgado pelo então arcebispo Dom Jaime de Barros Câmara, em 1949, teve por objetivo salvaguardar, por meio do Direito Canônico e Eclesiástico, os princípios morais do cristianismo.

 

Frutos e missão do Sínodo

O vigário episcopal do Vicariato Jacarepaguá, monsenhor Jan Kaleta, participou com entusiasmo do encerramento do II Sínodo Arquidiocesano, que “marcou profundamente o coração de nossa Igreja e foi uma oportunidade especial para renovar o compromisso de caminhar juntos na fé e na missão”.

Monsenhor Jan Kaleta afirmou que pôde “sentir de forma muito concreta a riqueza da comunhão e o entusiasmo de nossas comunidades, paróquias e foranias, que se dedicaram intensamente aos trabalhos sinodais”. Ele ressaltou que “em cada encontro, escuta e partilha, percebi o quanto o Espírito Santo tem conduzido nosso povo a uma vivência mais autêntica da fé e da fraternidade eclesial”.

Entre os frutos do processo, destacou “o fortalecimento da participação dos leigos, o compromisso missionário renovado e o desejo de sermos uma Igreja cada vez mais próxima das realidades humanas e sociais do nosso território”. Para o vigário episcopal, “o caminho da sinodalidade nos convida justamente a isso — a escutar, discernir e agir juntos, valorizando os dons de todos os membros do Povo de Deus”.

O Sínodo, observou monsenhor Jan Kaleta, “não se encerra com a assembleia na Catedral; pelo contrário, ele nos envia novamente à missão”. E concluiu com uma mensagem de esperança: “Saio desse momento com o coração cheio de esperança e a convicção de que a missionariedade é o caminho que o Senhor nos pede: sermos uma Igreja em saída, testemunha do amor de Cristo, presente e atuante em cada paróquia e forania do nosso vicariato.”

 

Proximidade e escuta

O vigário episcopal do Vicariato Norte, cônego Aldo de Souto Santos, avaliou o II Sínodo Arquidiocesano como um tempo de comunhão e fortalecimento dos laços pastorais. Segundo ele, “o Sínodo foi uma grande riqueza porque provocou no coração de cada um dos que fazem parte do vicariato, sobretudo os sacerdotes, diáconos e os leigos, uma proximidade através do diálogo e da escuta, que é fundamental”.

O sacerdote ressaltou que “todos os sacerdotes, como os leigos do nosso vicariato, estavam abertos a partilhar as angústias que muitas vezes carregam no coração, mas também as grandes alegrias vividas em comunidade”.

Para o cônego Aldo, o Sínodo “foi um momento que muito marcou o nosso vicariato, sobretudo através do vínculo de proximidade e também de diálogo e de escuta”.

 

Unidade e compromisso missionário

O vigário episcopal do Vicariato Madureira, padre Bruno Gomes Borba, ressaltou que o II Sínodo Arquidiocesano reafirma o compromisso da Igreja com a missão evangelizadora. Segundo ele, “o Sínodo de fato tem se comprometido com o trabalho de missão da Igreja”.

O sacerdote lembrou que, desde o início do processo sinodal, “tivemos uma boa contribuição do povo de Deus, seja nas sínteses das paróquias, no resumo dessas sínteses a nível vicarial e nas assembleias gerais que fizemos”. Para padre Bruno, “a expressão do povo de Deus contribuiu bastante acerca deste olhar de missão que devemos ter enquanto Igreja”.

Ele destacou ainda que “isso é bastante positivo, pois prova uma Igreja em que todos podem contribuir, que todos podem trabalhar, que todos podem estar juntos dentro da evangelização”. Em sua avaliação, “todo o trabalho que o Sínodo vem realizando, inclusive nas missões que a Arquidiocese do Rio tem feito, nas realidades mais urgentes e nas novas paróquias que surgiram, demonstra o fortalecimento dos Comipas (Conselho Missionário Paroquial) e dos Comivis (Conselho Missionário Vicarial) e prova que a nossa arquidiocese se compromete cada vez mais com a missão da Igreja”.

Ao comentar a Assembleia Sinodal, padre Bruno afirmou que “o trabalho que nós realizamos, o discurso que foi apresentado, está bastante coeso na voz do povo de Deus que lá estava”. Ele acrescentou que “a prova disso é que o trabalho de conclusão da síntese final teve poucas alterações, provando que estamos falando a mesma língua, com uma voz única de uma Igreja comprometida com a missão e com a evangelização das realidades mais necessitadas que temos hoje”.

 

Fraternidade e novos horizontes no caminho missionário

O fundador e moderador da Comunidade Coração Novo, Izaias Carneiro, expressou alegria pela participação de sua comunidade e da Missão Somos Um no II Sínodo Arquidiocesano. Ele afirmou que, ao encerrar esse período, o sentimento é de gratidão. “Temos o coração muito feliz, primeiro pelo privilégio de ser parte de toda essa história escrita juntos como Arquidiocese do Rio, como Igreja particular”, declarou. Ele acrescentou que “essa história foi escrita dentro de um ambiente fraterno, de encontro e de escuta, que deu voz a todas as expressões da nossa Igreja”.

Izaias Carneiro destacou ainda a importância do diálogo com outras denominações cristãs. “De maneira particular, na Comunidade Coração Novo e na Missão Somos Um, nós pudemos até ouvir nossos irmãos cristãos de outras denominações que caminham conosco. Isso foi um elemento importante”, afirmou.

Para Izaias, a construção desse caminho fraterno representa “a abertura da perspectiva para novos horizontes no caminho da evangelização, no caminho missionário e no caminho pastoral da nossa Igreja do Rio”. Ele concluiu agradecendo a Deus “a graça de poder ter participado desse momento” e afirmou que permanece “com o coração aberto para tudo aquilo que Deus vai inspirar o nosso arcebispo, o nosso pastor, para esse novo tempo que se avizinha na Arquidiocese do Rio de Janeiro”.

 

Espírito missionário e unidade

O fundador da Comunidade Maria Serva da Trindade, Eduardo Badu, destacou a importância espiritual e pastoral de participar da Assembleia Sinodal da Arquidiocese. Segundo ele, “foi, para mim, um tempo forte de graça e discernimento”.

Eduardo Badu contou que, ao secretariar Dom Antonio Augusto no grupo Cuidar 2, pôde “testemunhar uma Igreja viva, que se escuta, se reconhece em suas fragilidades e, ao mesmo tempo, se renova na esperança”. Ele observou que “ainda existem entraves e estruturas burocráticas que, por vezes, dificultam a evangelização na base”. No entanto, ressaltou que “é visível o despertar de uma nova consciência missionária, que nos impulsiona a sair de uma pastoral de mera manutenção para uma Igreja decididamente missionária, comprometida em cuidar, acolher e buscar”.

Como coordenador da Comissão para as Novas Comunidades da Arquidiocese do Rio, Eduardo Badu afirmou que se alegra “em perceber uma crescente comunhão e unidade entre as diversas expressões eclesiais, em torno do mesmo propósito: formar discípulos missionários e promover a salvação das almas, para que Cristo seja conhecido e amado em toda a nossa cidade”.

Para ele, “o Sínodo é, de fato, um chamado à conversão pastoral — uma oportunidade de caminhar juntos, sob a escuta do Espírito, tornando a Igreja do Rio mais próxima, fraterna e missionária, conforme anseia o coração do nosso pai e pastor, Dom Orani João”, afirmou Badu.

 

Carlos Moioli

 

 

 

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