O arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, presidiu a Missa da Vigília do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, na Catedral de São Sebastião, no Centro, no dia 24 de dezembro. Entre os concelebrantes, o bispo emérito de Nova Friburgo, Dom Edney Gouvêa Mattoso, e o pároco da Catedral, cônego Cláudio dos Santos.
No início da celebração, conforme o rito, Dom Orani ficou em frente à imagem do Menino Jesus reclinado na manjedoura. O canto poético das Kalendas, lido pelo padre Arthur José Torres da Conceição, foi revelando as datas significativas da encarnação do Verbo de Deus. O momento, sob o olhar atento e a contemplação dos fiéis, foi encerrado quando o arcebispo beijou e incensou a imagem do Salvador.
“Celebramos com alegria o Natal do Senhor. Jesus Cristo nasceu em Belém para dar a vida e nos salvar. O seu nascimento nos contagia a ter uma nova vida. Um feliz e santo Natal para todos. Celebramos essa grande festa preparada com carinho no tempo do Advento”, disse o arcebispo, colocando nas intenções da missa a paz no mundo e na cidade do Rio de Janeiro.
“Hoje nasceu para vós o Salvador”, lembrou o arcebispo no início da homilia, explicando que a liturgia atualiza o mistério do Verbo que se fez carne, nascido de Maria, em Belém, e o torna presente no hoje da vida.
“Por meio da liturgia, experimentamos o significado da vinda de Deus, que escolheu morar no meio de nós. Deus escolheu esse caminho: encarnou-se no ventre de Maria, nasceu e viveu no meio de nós. E continua presente até hoje, ressuscitado pela ação do Espírito Santo em nossas vidas”, disse.
Ao fazer um panorama da realidade hoje, Dom Orani disse: “Celebrar o Natal é perceber que, diante de tantas situações que vivemos, como guerras pelo mundo afora, violência em nossa cidade, manifestações de divisões e intolerâncias, problemas sociais variados e absurdos como a autorização para a morte de crianças no ventre de suas mães, vemos, em meio a tudo isso, um cenário de pessoas que não se conversam, que desejam o mal umas às outras, e situações de injustiça das mais diversas”.
O arcebispo explicou que “ao olhar para o hoje de nossas vidas, vemos que Deus vem se fazer e morar no meio de nós. Ele vem para ser luz: ‘O povo que andava nas trevas viu uma grande luz’. O Senhor traz uma nova vida, e oferece o respiro de uma solução, um caminho para cada um de nós”, disse.
Dom Orani destacou que “não pode haver tristeza quando a vida nasce, nem desânimo quando nasce a esperança”, explicando que a Igreja está vivendo o Jubileu da Esperança, iniciado pelo Papa Francisco no Natal do Senhor, em 25 de dezembro, e que será aberto dia 29 de dezembro na arquidiocese.
“Jesus Cristo vem abrir caminhos, trazer luz no meio das trevas e nos tornar homens e mulheres novos. Um povo que Ele escolheu para viver em conversão e manifestar Sua presença no mundo”, disse.
“A maneira como tudo acontece são os sinais dos tempos”, lembrou o arcebispo, dizendo que por causa do recenseamento faltou espaço para hospedar o casal, a mulher grávida. Na estrebaria, a manjedoura, é colocado o Pão da Vida: Jesus Cristo.
“Os pastores são avisados, e as manifestações começam: primeiro aos pastores, depois aos magos, e mais tarde, na hora do Batismo, ao povo que estava para ser batizado, depois nas Bodas de Caná. Hoje vemos essa sequência de manifestações na liturgia. O grande anúncio é feito: ‘Eu vos anuncio uma grande alegria. Nasceu na cidade de Davi, o Salvador’, e o sinal é simples: uma criança deitada numa manjedoura. O céu participa disso tudo com alegria. Os anjos se unem e o coro celestial canta: ‘Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados’”.
Dom Orani continuou sua homilia: “No meio de tantas botas sujas de sangue, de divisões e separações, de bombas caindo sobre tantas pessoas, casas e cidades ao redor do mundo, no meio das inseguranças em nossas cidades e dos problemas de locomoção, da falta de liberdade e das dificuldades que enfrentamos a cada dia, somos chamados a louvar e bendizer o Senhor. Ele está no meio de nós e em nossas vidas. Jesus Cristo transforma nossas vidas para que sejamos homens e mulheres de esperança, confiança, alegria e paz”, disse.
Segundo o arcebispo, “não estamos alheios à realidade do mundo, e não podemos ficar tristes quando nasce a vida, não podemos ficar desanimados quando nasce a esperança. Ao contrário, somos chamados e enviados para anunciar aquele que vem, veio e virá: Jesus Cristo, nosso Senhor. De coração aberto à graça de Deus, que o nosso anúncio possa contagiar uns aos outros com o bem, a fraternidade e a paz.”
Na conclusão da celebração, Dom Orani levou a imagem do Menino Jesus até o presépio, sendo acompanhado, em procissão pelos concelebrantes e os fiéis. Após reclinar a imagem na manjedoura, incensou o presépio, que neste ano retrata o Jubileu da Esperança.
Carlos Moioli