Dom Paulo Cezar Costa, primeiro fluminense e bispo auxiliar do Rio a fazer parte do Colégio Cardinalício

“Seja bem-vindo entre nós, Dom Paulo Cezar, a casa é sua. O sul fluminense o viu nascer na história, e o Rio de Janeiro o viu nascer como bispo. Sinta-se acolhido por todos nós, seus irmãos, que são testemunhas dos inícios do seu trabalho episcopal. É o primeiro fluminense e bispo auxiliar do Rio a fazer parte do Colégio Cardinalício”.

São palavras do arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, ao saudar e acolher Dom Paulo Cezar da Costa no Rio de Janeiro, durante missa em ação de graças, por ter sido criado cardeal pelo Papa Francisco, realizada na Igreja da Irmandade de São Pedro, no Rio Comprido, no dia 23 de setembro.

“Agradecemos a Deus pela sua vida e missão, de maneira especial, por ser eleito para o Colégio Cardinalício. Depois te ter sido recebido solenemente em Brasília, a sua sede, estamos felizes por estar aqui conosco no Rio de Janeiro para bendizer e rezar para que continue servindo, como sempre serviu, com alegria e generosidade a Santa Igreja”, acrescentou o arcebispo.

Somos cristãos

Na homilia, Dom Orani destacou a missão iniciada por Dom Paulo Cezar no Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), primeiro como presbítero em Vassouras, depois como professor na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e bispo auxiliar no Rio de Janeiro.

“No início de sua missão no Rio de Janeiro, Dom Paulo Cezar ensinava  como professor de teologia, com convicção, aos jovens universitários. Depois, como bispo auxiliar, traduziu sua experiência acadêmica para evangelizar o povo de Deus. Nas duas realidades, anunciou com propriedade quem é Jesus Cristo e as razões de dar testemunho de sua fé”, evidenciou.

“Trabalhamos juntos por mais de cinco anos, depois o Senhor conduziu Dom Paulo Cezar por outros caminhos, sendo transferido, em 2016, para a Diocese de São Carlos (SP), e em 2020, para a Arquidiocese de Brasília (DF). Tudo isso mostra que é o Senhor quem conduz as nossas vidas. Não importa nossos títulos, todos nós somos cristãos, e nossa missão é anunciar Jesus Cristo, a razão de nossa vida e de nossa história, e de levar as pessoas ao encontro com Ele”, concluiu o arcebispo.

No final da celebração, Dom Orani presenteou Dom Paulo Cezar com um báculo, fazendo votos que ele possa, onde estiver, à semelhança do carinho que tem para com seus familiares, “formar a grande família do Senhor através de seu pastoreio”. Com a intercessão de São Pio de Pietrelcina, comemorado no mesmo dia, o arcebispo também desejou: “Que o Senhor possa lhe dar as luzes necessárias para conduzir com alegria, que lhe é peculiar, a Igreja de Deus”.

 

Unidade

Na missa presidida por Dom Paulo Cezar, também estavam presentes o presidente do Regional Leste 1 e arcebispo de Niterói, Dom José Francisco Rezende Dias, que fez uma saudação em nome dos bispos fluminenses, o bispo de Itaguaí, Dom José Ubiratan Lopes, bispos auxiliares do Rio de Janeiro, seminaristas, amigos e autoridades. Em nome dos sacerdotes, Dom Paulo Cezar foi saudado pelo provedor da Venerável Irmandade do Príncipe dos Apóstolos São Pedro, padre Valtemário Silva Frazão Junior.

 

Fazer memória de Cristo

Na sua mensagem, Dom Paulo Cezar saudou Dom Orani com “alegria e afeto”, afirmando: “Mais que um irmão, o senhor é meu pai no episcopado. Nossa ligação é muito forte, pois como instrumento de Deus, me gerou no episcopado ao impor suas mãos e me consagrar, e assim, faz parte da minha história”. Também saudou Dom José Francisco, os bispos do Regional Leste 1, os bispos auxiliares e sacerdotes do Rio de Janeiro.

Ao dar testemunho do que é ser cardeal da Igreja, Dom Paulo Cezar contou que foi “apanhado de surpresa, conforme o estilo do Papa Francisco” – o Papa costuma não avisar quando anuncia suas nomeações. Recordou com carinho de sua mãe, já falecida, e que a sua vida e missão sempre têm o signo de Maria.

Destacou que sua eleição ao cardinalato é fruto do amor misericordioso de Deus. “É a grandeza do amor de Deus diante da nossa limitação e pequenez, que sempre vem em socorro da nossa incapacidade”.

“O cardeal é um servidor do povo de Deus”, disse Dom Paulo Cezar, afirmando que a veste vermelha que o cardeal usa é um sinal da Cruz de Cristo, cujo messianismo é o de servo. “O servidor deve sempre olhar para a Cruz de Cristo para fazer memória, isto é, tornar presente o mistério central de nossa fé, que é o próprio Cristo”.

Nosso tempo, explicou Dom Paulo Cezar, nem é dos melhores ou dos piores, mas um tempo de desafios, em que a “modernidade colocou a religião em descrédito”, lutando para que ela deixasse de ser a mola da sociedade. Porém, evidenciou: “A religião faz parte do nosso mundo”.

“O cristianismo é pautado na memória de Cristo crucificado morto e ressuscitado. Sem memória, Ele seria um museu. Neste sentido, a missão do cardeal é se comprometer no hoje da história, desgastar-se na caridade, anunciar, dar testemunho e ser memória da presença de Cristo. A força do cristianismo está na capacidade de fazer memória”, afirmou Dom Paulo Cezar, que concluiu: “Sempre na vida procurei fazer a vontade de Deus, por isso, rezem por mim, é o que peço de coração como presente”.

 

Carlos Moioli

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