A imagem do santo é representada muitas vezes com sua armadura romana, montado em cavalo e com uma lança atingindo dragão.
O filme brasileiro “Jorge da Capadócia”, que conta a história de São Jorge, estreou em cinemas no dia 18 de abril. A data foi escolhida pela proximidade com o dia em que a Igreja celebra o santo mártir, que tem grande devoção no Brasil.
Segundo a Legenda Áurea, do beato Jacopo da Varazze, São Jorge viveu nos primeiros séculos da cristandade. Nasceu em Capadócia, atual Turquia, então parte do Império Romano.
Ele ingressou no exército. Mas, nessa época, o imperador Diocleciano mandou todos adorarem ídolos ou deuses falsos, o que Jorge se negou a fazer. Por isso, foi martirizado.
Sua devoção se espalhou pelo mundo. São Jorge é o padroeiro da Inglaterra, dos escoteiros, protetor dos soldados, agricultores, arqueiros, ferreiros, prisioneiros. No Brasil é conhecido por ser padroeiro do Estado do Rio de Janeiro e do time de futebol Corinthians.
O filme “Jorge da Capadócia” é produzido e protagonizado por Alexandre Machafer. Tem roteiro de Matheus Souza, será distribuído pela Paris Filmes, com produção da Fundação Cesgranrio e produção associada de Machafer Films, NFilmes e Ziya Dasdeler.
A história se passa durante os anos do regime do Imperador Diocleciano, quando ele inicia sua última grande perseguição aos cristãos. Promovido a capitão do exército, Jorge agora se vê diante de seu maior desafio: ser fiel à sua fé e a suas convicções ou sucumbir às ordens cruéis do imperador. O guerreiro faz de tudo para proteger a sua nação e sua família, o que se mostra muito difícil em meio à violência e injustiça do governo. Jorge vai precisar conciliar todos esses desafios, lutando incessantemente pela justiça do povo e se tornando uma figura importantíssima para o imaginário popular.
“A gente vê essa imagem [de São Jorge], todos têm uma devoção e é uma loucura, mas qual é a história desse cara?”, disse Alexandre Machafer. “O filme vem para esclarecer e fortalecer um pouco a história desse cara e fazer também com que as pessoas se divirtam, fiquem emocionadas. Então, é um trabalho completo”, disse.
Alexandre Machafer contou que ele próprio tem uma “relação forte” e de proximidade com São Jorge, “uma devoção que vem lá de trás, desde criança”, herdada de sua mãe e sua avó.
Para o filme, disse, quis focar na figura humana de Jorge. “Eu quis focar num homem que sofre, que sangra, que tem suas adversidades, seus conflitos, perde a fé, retoma a fé, como a gente. Isso que me motivou também”, acrescentou.
Para isso, a produção contou com um trabalho de pesquisa. “A gente trabalhou com vários pesquisadores, utilizamos vários autores, livros que tivemos que pesquisar, a gente discutia diariamente esse processo”. “Então, os historiadores nos deixaram muito à vontade ao dizer o que poderíamos fazer”, disse.
A Legenda Áurea conta que, certa vez, Jorge foi para Silena, cidade da província da Líbia. Próximo à cidade havia um grande lago, onde vivia “um pestífero e enorme dragão, que muitas vezes afugentou o povo armado que tentara atacá-lo”. Para acalmá-lo e evitar que ele se aproximasse da cidade, os moradores lhe davam diariamente dois carneiros. Quando os carneiros começaram a ficar escassos, foram substituídos por vítimas humanas escolhidas por sorteio.
Chegou então a vez da filha do rei ser dada ao dragão. Quando ela se aproximava do bicho, Jorge passou pela região e atacou o dragão para salvá-la. Ele recomendou que a filha do rei coloca-se seu cinto no pescoço do dragão. Assim ela fez e o dragão a seguiu manso.
Quando chegaram à cidade, o povo ficou assustado. Mas, Jorge disse: “Nada temam, o Senhor me enviou para que eu os libertasse das desgraças causadas por esse dragão. Creiam em Cristo e recebam o batismo, que eu matarei o dragão”.
Segundo a Legenda Áurea, nesse dia, 20 mil homens foram batizados, sem contar mulheres e crianças.
A imagem do santo é representada muitas vezes com sua armadura romana, montada em cavalo e com uma lança atingindo um dragão.
Alexandre Machafer contou que o dragão também estará em “Jorge da Capadócia”, mas de uma maneira diferente. “O dragão, acredito que ele está muito dentro da gente, da nossa cabeça, do que a gente sente. Acredito que a primeira batalha é com a gente mesmo. Então, a gente trouxe isso para o filme, através desse simbolismo”, disse.
Segundo ele, a produção “não tinha condições financeiras” de “colocar o dragão como um personagem” no filme. “Mas, a gente trouxe nessas batalhas do Jorge com ele mesmo. Óbvio que o dragão começa a aparecer quando Diocleciano decreta a última perseguição aos cristãos”, contou, ressaltando que terá “todo um simbolismo”.
Natalia Zimbrão / ACI Digital