Neste sábado – dia 09 de julho de 2022 – em que comemoramos a memória litúrgica de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus – presidimos na Sé Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro a missa em sufrágio pelo 10º ano de falecimento de SER o Senhor Cardeal Eugenio de Araújo Salles.
O longo episcopado do Cardeal Sales iniciado em sua terra natal – a Arquidiocese de Natal – passando pela Sé Primacial do Brasil – e por mais de trinta anos como Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro marcou não só a caminhada pastoral e evangelizadora destas três importantes Sés Metropolitanas, mas a Igreja no Brasil e na América Latina com um caráter indelével pelas múltiplas iniciativas pastorais do falecido Cardeal Arcebispo – particularmente a Campanha da Fraternidade que é a mais exitosa ação pastoral da Igreja no Brasil que nasceu do coração generoso e compassivo de Dom Eugênio.
Caminhando pelas muitas comunidades eclesiais do Rio de Janeiro sentimos viva a sua ação pastoral e o seu empenho em favor das comunidades, dos mais pobres e desfalecidos, dos migrantes, dos refugiados e dos que foram perseguidos pelas muitas injustiças e situações complexas que ele viveu no seu tempo.
Dom Eugênio teve uma atenção destacada pelo Seminário Arquidiocesano São José, que foi a menina de seus olhos de Pastor e de Pai, desta Arquidiocese. Foram muitas as ordenações em seu tempo e a preocupação com a formação permanente dos futuros presbíteros e dos próprios sacerdotes foi uma das constantes em seu governo. Muito colaborou com ele o Senhor Bispo Auxiliar, Dom Karl Josef Rhomer, que recentemente comemorou 90 anos de vida.
Em tempos sinodais – de uma Igreja em missão, participação e evangelização – a figura de Dom Eugênio é sempre atual porque ele investiu na formação dos catequistas, na catequese renovada, na formação dos fiéis leigos batizados e na dinamização de muitos ministérios, mormente o da Esperança, presente em todos os Cemitérios de nossa Arquidiocese.
Dom Eugênio preocupou-se em acolher os bispos no Brasil organizando o Curso dos Bispos, sempre no mês de janeiro, que foi inaugurado pelo Cardeal Joseph Ratzinger e que continuamos a cada ano, iluminados pelo seu exemplo e legado, dando a oportunidade de encontro, estudo, partilha de experiências pastorais e descanso para mais de cem bispos de todos os cantos e recantos do Brasil aqui no Centro de Treinamento do Sumaré, a cada início de ano.
A presença de Dom Eugênio se faz sentir no amor do clero e do povo de Deus pela Igreja, a devoção ao Papa – Sucessor de Pedro – e a fidelidade ao Magistério Pontifício e a Tradição da Igreja. Esta vivacidade pastoral se faz sentir em todos os cantos e recantos de nossa Arquidiocese e esta foi uma bonita herança que recebemos da ação evangelizadora do Cardeal Sales.
Dom Eugênio foi um grande anunciador da Palavra de Deus. Em sintonia com os Romanos Pontífices, particularmente com São Paulo VI, São João Paulo II e Bento XVI manifestou uma irrestrita adesão ao Bispo de Roma. São João Paulo II no jubileu do ano 2000 disse que: “Nós pastores, em virtude do munus docendi, fomos chamados a ser anunciadores qualificados desta Palavra.
“Quem vos ouve, a Mim ouve” (Lc 10, 16). Tarefa exaltante, mas também grande responsabilidade! Foi-nos confiada uma palavra viva: por conseguinte, devemos anunciá-la em primeiro lugar com o exemplo e depois com as palavras. É palavra que coincide com a pessoa do próprio Cristo, o “Verbo que se fez homem” (Jo 1, 14): é, por conseguinte, o rosto de Cristo que devemos mostrar aos homens; a sua cruz que devemos anunciar, fazendo-o com o vigor de Paulo: “Entre vós, eu não quis saber outra coisa a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo Crucificado” (1 Cor 2, 2).