Maíra Jaber: 25 anos de missão e a força evangelizadora da música

Neste ano de 2025, a cantora, compositora e missionária católica Maíra Jaber celebra 25 anos de serviço na liturgia e 20 anos de missão evangelizadora no Brasil e no exterior.

Desde criança, sua história de vida se entrelaça com a música: “Minha mãe é cantora e compositora. Meu avô, Wellington Santos, foi um grande violonista e compositor de choro. Meu pai é compositor e o maior incentivador do nosso ministério”, ressalta.

A música era presença constante em sua infância, especialmente nos encontros familiares e nos festivais católicos dos quais sua mãe participava. Maíra é filha de Sandra Mara Jaber, cantora e compositora católica. Esse ambiente não só despertou sua paixão pela arte, como também plantou as sementes de seu futuro ministério. Aos dois anos de idade, já se arriscava cantando ao microfone nas reuniões musicais na casa dos avós: “Desde muito pequena eu dizia que, quando crescesse, eu seria uma cantora”, recorda.

Ainda na infância, ingressou no coro da escola, tendo ali sua primeira experiência no serviço da liturgia. Logo depois, uniu-se ao grupo musical formado por seus pais, ampliando seu envolvimento com a música litúrgica.

Após um período afastada de Deus, foi a própria música que a conduziu de volta, por meio de um convite para servir em um grupo de oração, ao lado de sua irmã, a cantora católica Raní Jaber. A partir dali, teve início seu verdadeiro processo de conversão. Mais tarde, passaram a servir juntas na missa dos jovens, na qual iniciaram, de forma pioneira, a composição de melodias para o Salmo Responsorial — uma prática ainda rara na época.

Dessa vivência nasceu o CD “Pão do Céu”, gravado em parceria com sua mãe. O álbum reúne canções inspiradas nos salmos, mas não necessariamente em sua forma litúrgica: “São canções voltadas principalmente para a oração pessoal e o louvor”, explica. Lançado em 2005, o álbum deu início à sua trajetória como missionária, abrindo portas para convites em outras paróquias e dioceses do país.

Um dos momentos mais marcantes de seu ministério aconteceu em 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Maíra atuou como produtora musical e cantora em momentos especiais, como a acolhida ao Papa Francisco, a vigília, a missa de envio e o Festival da Juventude. Motivada pelo evento, lançou o álbum “I Wait on God”, com canções em diversos idiomas. Alguns meses mais tarde, embarcou em sua primeira missão internacional.

No ano seguinte, nasceram o CD “No Deserto” e o livro “O que Deus me ensinou no deserto”, frutos de um período pessoal desafiador. “As canções deste CD e as mensagens deste livro tocaram meu coração primeiro. Através delas, Jesus trouxe cura e consolo para mim, antes de alcançar outras pessoas”, relembra.

Em 2017, uniu forças com a irmã Raní Jaber para fundar a Companhia de Artes Luz do Mundo, dedicada à evangelização através de espetáculos musicais. A cantora contou com a participação da Companhia em seu show “Natal in Concert”, que deu origem ao DVD homônimo e ao CD “É Natal (Ao Vivo)”.

Maíra Jaber possui cinco álbuns lançados. Seu trabalho mais recente, o álbum “Ouro”, apresenta canções autorais que falam sobre transformação — “assim como o ouro precisa ser purificado, o ser humano também é moldado por Deus”, afirma. Logo depois, publicou o livro *Mulheres de Ouro*, com a missão de inspirar mulheres a redescobrir sua essência. O chamado junto às mulheres tem sido uma parte importante de seu ministério ao longo dos anos.

Agora, em 2025, Maíra alcança mais um marco: é finalista do Catholic Music Awards, com seis indicações — e a terceira artista com mais nomeações em todo o festival. “É bonito ver a Igreja lançar esse olhar sobre nós, artistas e missionários católicos, reconhecendo nossa entrega e esforço para levar o Evangelho por meio da arte”, celebra.

Acostumada a ser jurada em festivais, esta é sua primeira vez como concorrente, e ela comemora a oportunidade de estar em Roma para a premiação, representando a música católica brasileira e a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro: “O sentimento é de profunda gratidão e confirmação de que estamos no caminho certo, evangelizando, levando a luz de Cristo a outros corações”, ressalta.

Maíra também compartilha a realidade de ser artista independente no meio católico, sem gravadora ou estrutura de apoio. “Costumo dizer que o artista independente é, na verdade, o mais dependente de todos — é o que mais depende de Deus para que as coisas aconteçam”, reflete.

Sobre seu processo criativo, ela conta que muitas de suas composições nasceram em momentos de dor: “Acredito que a dor é um tempo em que o artista é espremido e, assim como uma fruta espremida libera seu suco, eu entrego a minha arte. Foi assim que muitas das minhas canções nasceram”, compartilha.

Além de cantora, compositora e missionária, Maíra Jaber é preparadora vocal, regente e produtora musical. É doutoranda e mestre em Música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com formação complementar em Música Litúrgica, Performance e Pedagogia Vocal nos Estados Unidos.

Na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, é coordenadora vicarial da Pastoral Arquidiocesana da Música, no Vicariato Norte, formadora da mesma pastoral, além de atuar como musicista na Catedral Metropolitana e na Paróquia Nossa Senhora da Conceição e São José, em Engenho de Dentro. Maíra também coordena o movimento do Terço das Mulheres na Paróquia Jesus Eucaristia, em Engenho de Dentro.

Convicta de sua missão, ela segue firme, confiando na Providência Divina e na força evangelizadora da arte. “Acredito profundamente que a arte tem o poder de tocar onde as palavras não alcançam. Um dia, através da música, Deus me resgatou. Por isso, sigo investindo — teimosamente e com fé — para que esse ministério continue gerando frutos para o Reino de Deus”, conclui.

A cantora e compositora Maíra Jaber está concorrendo nas categorias: melhor álbum – “Ouro”, melhor cantora feminina – canção: “Por Suas Chagas”, melhor canção litúrgica – canção: “Pão Vivo”, melhor canção de catequese (tradição, doutrina e magistério) – canção: “Pão Vivo”, melhor canção mariana – canção: “Espelho de Mulher” e melhor canção portuguesa – canção: “Por Suas Chagas”.

 

Rita Vasconcelos

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