Memória do padre Pedro Maria Bos é celebrada no Cristo Redentor

Uma missa em memória ao padre Pedro Maria Bos, da Congregação da Missão, foi realizada na manhã do dia 16 de dezembro, no Santuário Cristo Redentor, presidida pelo visitador da Província Brasileira da Congregação da Missão, padre Eli Chaves dos Santos.

Pouca gente sabe, mas o monumento ao Cristo Redentor é uma ideia vicentina. A colocação de uma imagem do Cristo Redentor no alto do morro do Corcovado foi sugerida pela primeira vez, em 1859, pelo padre Pedro Maria Bos, CM. No entanto, esta ideia só foi concretizada quando começou a construção do monumento em 1926, sendo inaugurado em 12 de outubro de 1931.

Hoje, uma placa fixada no Santuário Cristo Redentor registra e homenageia esta ideia pioneira do padre Pedro Bos. Em mais de 200 anos de presença lazarista no Brasil, muitos foram os padres que tiveram biografias honrosas. Dentre eles, destaca-se o padre francês Pierre-Marie Bos, conhecido pelos brasileiros como padre Pedro Bos.

“Padre Bos é até hoje considerado um grande místico por todos na Arquidiocese do Rio de Janeiro. Pensa-se inclusive na abertura de seu processo de beatificação”, destacou o reitor do Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, padre Omar Raposo.

Quem foi o padre Bos?

Ordenado padre lazarista em 1858, em Paris, padre Bos tornou-se missionário em terras brasileiras logo no ano seguinte, desembarcando no Rio de Janeiro, em 1859. No Brasil, exerceu muitos ofícios, dentre eles: capelão da Santa Casa do Rio de Janeiro, missionário na Bahia, capelão do Colégio Imaculada Conceição, professor e, depois, superior do Colégio do Caraça e ecônomo provincial.

Nos 20 anos finais de sua vida, dedicou-se a uma intensa atividade intelectual, produzindo diversos prefácios para livros de espiritualidade, traduzindo os evangelhos e a monumental obra de Miguel de Cervantes, “Dom Quixote”.

Enquanto residia no Colégio Imaculada Conceição, na Praia de Botafogo, ao contemplar o morro do Corcovado de sua janela, imaginou-o como um imenso pedestal, local perfeito para a construção de uma imagem em honra a Nosso Senhor, que dali do alto, segundo sua visão mística, abençoaria as terras brasileiras.

O padre Bos chegou a solicitar ajuda financeira a Princesa Isabel (herdeira do Império brasileiro) para a realização do projeto. E por diversas vezes a princesa demonstrou interesse no projeto, procurando formas de concretizá-lo, porém seus planos foram descartados em 1889, com a Proclamação da República e a separação da Igreja e do Estado. Apesar da idade avançada e de algumas doenças que lhe acometeram nos últimos anos de sua vida, o padre Pedro Bos nunca desistiu de seu sonho. Prova disso é que anotou no prefácio da Imitação de Cristo, em 1903, o famoso poema em que registra sua visão de uma monumental estátua de Jesus no alto do Corcovado:

“Ó Corcovado!… Lá se ergue o gigante de pedra, alcantilado, altaneiro e triste, como interrogando o horizonte imenso – Quando virá? Há tantos séculos espero! Sim, aqui está o Pedestal único no mundo. Quando vem a estátua, como eu, colossal imagem de Quem me fez?… (…) Acorda depressa, levanta naquele cume sublime a imagem de Jesus Salvador.

– Lá vai o meu humilde brado, Deus lhe proporcione eco por todo o Brasil. (…) Nem todos por causas diversas lerão o Livro; ao passo que em todas as línguas e linguagens, a imagem dirá ao grande e ao pequeno, ao sábio e ao analfabeto, a todos: Ego sua via, veritas, et vita. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Venite ad me omnes. Vinde todos a mim”.

Padre Bos faleceu em 1916, aos 82 anos de idade e 60 de vocação, sendo 57 deles vividos no Brasil. Ele não chegou a contemplar a sua visão do monumento concretizado, tendo em vista que o processo de erguimento do Cristo Redentor teve início em 1921 e foi concluído apenas 10 anos depois.

No “Livro dos coirmãos da Congregação”, o padre Pedro Sarneel definiu o padre Bos de maneira bem assertiva como sendo um sacerdote inteligente e trabalhador, ao passo que não nos custa acrescentar que era também homem de intensa espiritualidade e tenaz sonhador, um verdadeiro místico, que marcou a história do Rio de Janeiro e do Brasil ao imaginar o monumento cristão-católico listado entre as Sete Maravilhas do Mundo Moderno.

 

Renato Saraiva

 

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