Monsenhor José Arimatéa celebra jubileu de 50 anos de sacerdócio

Monsenhor José Arimatéa Alves da Silva comemorou no dia 1º de novembro 50 anos de ordenação sacerdotal. O jubileu sacerdotal foi marcado com missa em ação de graças, no mesmo dia, às 18h, na Paróquia Nossa Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima, onde ele exerce há 20 anos o ministério como vigário paroquial.

Filho de José Alves da Silva e de Helena Maria da Silva, o jubilando nasceu em Teresina, capital do Piauí, no dia 30 de março de 1941. Aos 11 anos, veio com a família para o Rio de Janeiro, e na juventude, ao sentir o chamado do Senhor, se preparou para servir a Igreja, o povo de Deus.

Em entrevista, monsenhor José Arimatéa destacou momentos de sua caminhada.

 

– Como surgiu a vocação?

Monsenhor José Arimatéa – A minha vocação nasceu por volta dos 16 anos, quando estudei por cinco anos no Instituto Profissional Getúlio Vargas, pertencente à Fundação Abrigo Cristo Redentor, em Bonsucesso. Foi nas aulas de catequese que comecei a pensar em ser padre, passando a participar mais ativamente das celebrações eucarísticas e da vida da Igreja. Também fazia parte da Congregação Mariana, onde tive a oportunidade de receber a direção espiritual, aprofundar na espiritualidade e tomar consciência da seriedade da vida cristã e do sacerdócio.

Em 1958, fiz o curso de especialista em Aeronáutica, me preparando para dar prosseguimento em Guaratinguetá, mas quando o ano acabou a vocação ao sacerdócio falou mais alto. No início estava com medo, porque tinha consciência do compromisso, mas havia a certeza do chamado. Procurei o meu pároco, padre Mário, da Paróquia São João Bosco, no Riachuelo, e ele me encaminhou para estudar no Seminário Arquidiocesano de São José, no Rio Comprido, no qual ingressei no dia 7 de março de 1959.

 

– Como foi o período de formação no Seminário São José?

Monsenhor José Arimatéa – Pelo fato de ter estudado em um colégio interno, a vida no seminário não foi nenhuma novidade, pois estava acostumado com disciplina. Foi um tempo bom no qual procurei aprender e ser fiel à Doutrina da Igreja e pautar minha formação segundo os exemplos dos santos, na busca da santidade.

 

– Na época, quem era o reitor?

Monsenhor José Arimatéa – Padre Narbal da Costa Stencel, que depois se tornou bispo auxiliar do Rio de Janeiro, foi meu reitor por 13 anos. Era um santo homem, equilibrado, manso de coração, mas exigente quanto à disciplina. Também tinha, como vice-reitor, o então padre Gilson José Macedo da Silveira. A formação e os exemplos dos dois marcaram a minha vida. Sempre agradeço a Deus por tudo o que deles eu recebi.

 

– Quem era o arcebispo quando o senhor estudou no Seminário São José?

Monsenhor José Arimatéa – Durante toda minha formação, o arcebispo foi Dom Jaime de Barros Câmara. Ele tinha muitas atividades, gostava de fazer visitas pastorais nas paróquias, mas sempre esteve presente na vida do seminário. Ele fazia questão de pregar retiros para nós e, no fim de cada ano, reunia os seminaristas para apresentar o resultado dos estudos e as notas de cada um. Na época, o seminário tinha cerca de 300 seminaristas entre maiores e menores. Os maiores estudavam no prédio que ele construiu, na época, de frente para a Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido. Já os seminaristas menores, divididos em quatro divisões (turmas), estudavam em dois prédios, o da entrada do seminário e o outro onde hoje é a Casa do Padre. Dom Jaime iria me ordenar, mas faleceu em fevereiro de 1971, sendo ordenado por Dom Eugenio de Araujo Sales, em 1º de novembro de 1972.

 

– Que experiência o senhor tem, ainda na formação, em relação ao Concílio Vaticano II?

Monsenhor José Arimatéa – Ingressei no seminário em 1959, e o Concílio Vaticano II foi realizado de 1962 a 1965, convocado pelo Papa São João XXIII e concluído pelo Papa São Paulo VI. Havia muita alegria, expectativa e agitação pela renovação da Igreja. Quando ele acabou, tivemos uma surpresa por parte de membros do clero que tiveram dificuldades em seguir as determinações dos documentos conciliares. Não quiseram mais usar a batina e tiraram as imagens de santos das igrejas. Muitos padres deixaram o ministério e os seminaristas abandonaram os estudos. Quando entrei no seminário, minha turma era de 50 seminaristas, só eu fui até o fim, sendo ordenado sozinho. Eu não tive problema algum, entrei no seminário decidido pela fé, consciente da minha vocação e o que ser Igreja.

 

– O que ser padre?

Monsenhor José Arimatéa – A palavra chave é obediência. Todo serviço que se presta na Igreja deve ser realizado em espírito de obediência. Quem assim procede nunca erra. Fui para o seminário convicto e seguro da minha vocação, o mesmo aconteceu após ser ordenado. Como pastor, tive problemas sim, mas procurei fazer com que as pessoas entendessem os ensinamentos da Igreja e as normas da diocese. A salvação é pessoal, tanto dos leigos, como dos padres, então procurei pela fé e obediência fazer de tudo para salvar almas, começando pela minha.

 

Carlos Moioli

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