Celebramos, no dia 12 de outubro, a Festa de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Neste ano, o tema da novena e da festa está sendo “Com Maria, caminhar juntos para construir uma Igreja Missionária”. Esse tema convidou os devotos a refletirem sobre a dimensão missionária e profética da vida cristã, ajudando os devotos a participarem do processo sinodal que a Igreja está vivendo. Para nós aqui no Brasil, o dia 12 de outubro é também feriado nacional e dia de preceito, ou seja, dia de participar da celebração da Santa Missa. A imagem de Nossa Senhora Aparecida é da Imaculada Conceição, só que de uma forma diferente, escura, pois estava ao fundo do rio. Ela recebe o “título” de Aparecida, pois foi pescada, ou seja, “apareceu” nas águas.
Nossa Senhora Aparecida é a mesma Mãe de Jesus, só que onde Ela aparece, recebe um título diferente e, por trás da aparição, tem um significado especial. Alguns títulos de Nossa Senhora que se destacam são Fátima, Lourdes, Guadalupe e das Graças. Peçamos a Mãe de Jesus que o Filho atende. Entreguemos a Mãe de Jesus as nossas angústias, sofrimentos e necessidades.
Há cinco anos comemoramos os 300 anos desse evento mariano, quando a imagem veio nas redes dos pecadores retirada do fundo do rio Paraíba, onde Ela foi achada no rio, em 1717. Ela apareceu num momento de angústia e aflição de três pescadores, pois a Vila de Guaratinguetá iria receber uma visita importante, tratava-se do Conde de Assumar, Dom Pedro de Almeida e Portugal, governador da Província de São Paulo e Minas Gerais. Ele iria a caminho da Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto (MG).
Esses pescadores foram convocados pela Câmara Municipal de Guaratinguetá, eram eles, Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves. Eles foram convocados no intuito de pescar peixes para um jantar que ia ser oferecido à noite para o Conde de Assumar. Somente a alta corte participaria desse jantar. Os pescadores estavam pescando sem sucesso, não achavam peixes.
Depois de muitas tentativas sem nada pescar, já sem esperança e com medo do que poderia acontecer, lançaram as redes outra vez e apanharam uma imagem sem a cabeça, logo após, lançaram as redes novamente e acharam a cabeça. Com um certo espanto e envolvidos com uma surpresa muito grande, lançaram as redes novamente e apanharam uma grande quantidade de peixes. Simples, mas grandes sinais!
O desespero que antes tomava conta dos pescadores se transformou numa alegria muito grande, foi o primeiro milagre de Nossa Senhora Aparecida. Através da “pesca milagrosa”, os pescadores não passariam vergonha e o jantar estava garantido.
Durante alguns anos, a imagem ficou na casa de Filipe, até que ele presenteou o seu filho, que com muito amor e devoção a Virgem Maria fez um oratório simples e passou a reunir diante da imagem os vizinhos, amigos e familiares. A fama dos poderes milagrosos de Nossa Senhora Aparecida foi crescendo muito e por todo o Brasil e o oratório ficando pequeno.
Por volta de 1734, o vigário de Guaratinguetá construiu uma capela no morro dos Coqueiros. Essa capela foi aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Nessa época essa região pertencia à circunscrição eclesiástica do Rio de Janeiro. Foi o bispo do Rio de Janeiro quem deu a autorização para a construção da primeira igreja para abrigar a imagem de Aparecida. A capela foi ficando pequena para o número de fiéis que frequentava. Vinham pessoas de diversas regiões do Brasil e a devoção a Senhora Aparecida foi aumentando. Até que, em 1834, foi construída uma igreja maior (atual Basílica velha).
No ano de 1894, chegou à Aparecida um grupo de irmãos e padres da Congregação dos Missionários Redentoristas, que trabalham até hoje no Santuário Nacional. Eles chegaram para trabalhar no atendimento aos romeiros, na celebração de missas, confissão e visita às famílias. Nossa Senhora Aparecida ainda era conhecida como “Aparecida das águas”.
Em 1904, o Papa Pio X deu ordem para coroar a imagem de modo solene. No dia 29 de abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica menor. Um momento histórico e um marco na devoção a Nossa Senhora Aparecida foi quando, em 1929, o Papa Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil. Ele fez isso com os seguintes objetivos: o bem espiritual do povo e o aumento cada vez maior de devotos a Imaculada Mãe de Deus.
Em 1967, completando 250 anos da aparição da imagem no rio Paraíba, o Papa Paulo VI ofereceu ao Santuário de Aparecida uma rosa de ouro, reconhecendo a importância da devoção a Mãe de Deus e do santuário.
Com o passar dos anos, a devoção a Nossa Senhora Aparecida foi crescendo mais e mais e o número de romeiros que acorria ao santuário aumentando. A Basílica velha foi ficando pequena, era necessário a construção de uma igreja maior que acolhesse todos os romeiros. Os missionários redentoristas se reuniram e, junto com os bispos, tendo como iniciativa o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, então arcebispo de São Paulo e responsável por Aparecida, decidiram pela construção da Basílica nova. A construção iniciou-se em 11 de novembro de 1955. Em 1980, ainda em construção, a basílica foi consagrada pelo Papa João Paulo II e recebeu o título de Basílica Menor.
Em 1984, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida como Santuário Nacional, se tornando um dos maiores templos marianos do mundo. Depois, ao longo dos anos, melhorias foram feitas no santuário, graças ao trabalho incansável dos redentoristas. O santuário recebeu, ainda, a visita de outros Papas, como Bento XVI, em 2007, e Francisco, em 2013.
A cidade de Aparecida se tornou a capital mariana da fé e cresceu muito ao longo do tempo, sobretudo, por conta da Jornada Mundial da Juventude, em 2013, e a passagem do Papa Francisco pela cidade. Como foi dito no início, a Igreja comemorou os 300 anos da aparição da imagem de Aparecida, em 2017, quando o Legado Pontifício, Cardeal Giovanni Batista Re, trouxe, em nome do Papa Francisco, a Rosa de Ouro.
Irmãos e irmãs, celebremos com alegria a Festa de Nossa Senhora Aparecida, neste dia 12. Agradeçamos a Mãe de Jesus tantos benefícios que Ela nos concede e consagremos a nossa vida e o Brasil em suas mãos. Ofereçamos aos cuidados da Mãe de Jesus todas as crianças, nesse dia dedicado a elas, que possam crescer em sabedoria, estatura e graça e livres de todo o mal.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ