Nossa Senhora de Fátima

Celebramos no dia 13 de maio a memória litúrgica de Nossa Senhora de Fátima, muito celebrada aqui no Brasil devido às tradições portuguesas. A devoção popular a Nossa Senhora de Fátima aqui no Brasil é bem grande, os santuários e igrejas dedicados a ela se enchem nesse dia.

Nossa Senhora de Fátima é a mesma Mãe de Jesus, do mesmo modo que tem Aparecida, Lourdes e Guadalupe, que, de acordo com onde aparece e a circunstância com que se deu a aparição, ela recebe um título. Nossa Senhora normalmente aparece para chamar à conversão, estimular a vida de oração, apresentar seu Filho Jesus, acalmar os corações e para ajudar nos momentos de aflição, sobretudo aos mais humildes. É através dos mais humildes que é possível chegar ao coração dos poderosos.

Nossa Senhora deseja que toda a Humanidade acolha o seu Filho Jesus que ela traz consigo, Ela deseja que toda a Humanidade tenha os mesmos sentimentos de Cristo e que possa se abrir ao amor ao próximo. Ela deseja que toda a Humanidade acolha Jesus do mesmo modo que Ela acolheu em seu seio.

Nossa Senhora de Fátima aparece em um momento que a Humanidade passava grande dificuldade e grande aflição, o da Primeira Guerra Mundial. Nossa Senhora escolhe aparecer às crianças, que têm um coração puro e são inocentes. É evidente que aqueles adolescentes daquela região de Portugal não tinham consciência da realidade mundial.

Nossa Senhora diz para as crianças pastorinhas: “Não tenham medo”, semelhante àquilo que Jesus dizia aos discípulos. Essas crianças eram: Lúcia dos Santos, 10 anos de idade, e seus primos Francisco e Jacinta, de 7 e 9 anos. Numa manhã de domingo, eles haviam acabado de voltar da Santa Missa, e tinham levado as suas ovelhas para pastar, no declive da Cova da Iria. Ao ouvirem o toque do sino para o Ângelus, puseram-se a rezar o terço, como faziam de costume. Logo em seguida enquanto brincavam, ficaram assombrados pelo aparecimento de um clarão no céu. Pensando que fosse um raio e que viesse chuva, foram esconder o rebanho.

Logo depois, foram surpreendidos por outro clarão sobre uma azinheira, no qual viram uma senhora vestida de branco e radiante de luz, que lhes disse para que voltassem naquele local por seis meses consecutivos no dia 13, na mesma hora, e ela lhes explicaria melhor quem era e o que queria.

Nossa Senhora usava uma veste branca com bordados dourados, um cordão de ouro na cintura; um manto cândido e um terço de grãos brancos nas mãos. Enquanto Lúcia conversava com ela, Jacinta escutava a conversa, mas Francisco não escutava nada. Então, Maria pergunta às crianças se elas queriam oferecer-se a Deus inteiramente, suportar todos os sofrimentos que Ele lhes mandar como ato de reparação dos pecados, pelos quais Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores. Lúcia responde que estão dispostos a tudo isso, mas Nossa Senhora diz que ainda deverão sofrer muito, mas a graça de Deus seria seu conforto.

Nossa Senhora trazia uma preocupação consigo, por isso, os pastorinhos a descrevem com o rosto sereno e grave, com uma sombra de tristeza. A Humanidade estava com o coração distante do Senhor e só pensava em guerra. Estava em meio à Primeira Guerra Mundial. Nossa Senhora pede para que os pastorinhos rezassem pela paz mundial e pelo fim da guerra. A oração que eles deveriam fazer é o santo terço; a mensagem que Nossa Senhora de Fátima traz é de conversão e arrependimento. Ela diz que somente por meio da oração é possível alcançar a paz, e para eles não terem medo, pois ela era do céu.

Lúcia disse aos seus primos para não contarem nada a ninguém, pois não acreditariam. No entanto, Jacinta temendo ser castigada por trazer as ovelhas de volta ao pasto, antes da hora, contou tudo a sua mãe, que naturalmente não acreditou. E ainda, os três foram advertidos e repreendidos. Normalmente acontece isso nas aparições de Nossa Senhora, até se confirmar o fato, logicamente, quem não viu não dá crédito, porém a notícia acabou se espalhando.

Na aparição do dia 13 de junho, uma pequena multidão já se uniu junto aos pastorinhos. A Virgem Maria pediu para Lúcia rezar muito, mas também a aprender a ler e escrever, a fim de poder transmitir as mensagens. Na terceira aparição, cerca de duas mil pessoas se reuniram e deixaram as suas ofertas em dinheiro na Cova da Iria. Nossa Senhora reforçou o convite para que os pastorzinhos voltassem lá todo dia 13 de cada mês, e exortou-os a rezar pela Humanidade.

Infelizmente, Lúcia, Francisco e Jacinta receberam zombarias dos incrédulos, até o próprio pároco duvidou da veracidade de suas narrações. O prefeito do munícipio de Vila Nova de Ourém, ao qual pertencia Fátima, tentou dissuadi-los. Conforme dissemos acima, isso normalmente acontece quando ocorre alguma aparição da Virgem Maria, num primeiro momento.

No dia 13 de agosto, não puderam ir à Cova da Iria, pois estavam presos. Mas, a Virgem Maria lhes apareceu de forma improvisada no dia 19 de agosto, enquanto apascentavam o rebanho em Valinhos, pouco distante de Aljustrel. Lúcia aproveitou e perguntou o que deveria fazer com o dinheiro das ofertas que os fiéis deixavam na Cova da Iria. Então, Maria disse que mandasse construir uma capela dedicada a ela naquele local.

A aparição repetiu-se mais uma vez em setembro, no dia 13. Nesse último encontro, Nossa Senhora prometeu realizar um prodígio, para que todos acreditassem que de fato era Ela que estava aparecendo aos pastorzinhos.

Finalmente, em 13 de outubro de 1917, num dia frio e cinzento, a chuva puniu cerca de 70 mil pessoas, entre as quais muitos jornalistas e fotógrafos da imprensa nacional e internacional. Nesse dia, enquanto continuava a chover, a Virgem revelou a Lúcia: “Eu sou Nossa Senhora do Rosário”. Por isso, Ela é conhecida como Nossa Senhora do Rosário de Fátima, pois, Ela se denominou Virgem do Rosário e apareceu em Fátima. Depois dessa aparição, Ela realizou o milagre prometido: a dança do sol. O astro assumiu várias cores, pôde ser visto a olho nu e começou a girar em torno de si mesmo, parecendo aproximar-se da Terra. Quando esse acontecimento extraordinário cessou, as roupas das pessoas, que antes estavam ensopadas, se secaram milagrosamente.

Treze anos depois, no dia 13 de outubro de 1930, as autoridades eclesiásticas declararam que as aparições eram “dignas de fé” e autorizaram o culto a Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Francisco faleceu no dia 4 de abril de 1919 e Jacinta em 20 de fevereiro de 1920. Lúcia entrou para a Comunidade das Irmãs de Santa Doroteia, em 17 de junho de 1921. Após mais de dez anos da emissão de seus votos Perpétuos, decidiu ingressar para o Mosteiro Carmelita de Coimbra. Lúcia faleceu no dia 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos. Francisco e Jacinta foram beatificados no dia 13 de maio de 2000 por São João Paulo II, e canonizados, em 13 de maio de 2017, pelo Papa Francisco.

Fátima nos ensina o caminho da oração e do amor ao próximo. Fátima é o altar do mundo! Que a Virgem de Fátima abençoe o nosso país e o mundo e o livre da guerra e da violência. Que ela interceda pelo Papa Francisco e pela Igreja e que o Espírito Santo renove o coração de cada fiel. Que sejamos abertos à escuta do Espírito Santo e que aprendamos a caminhar juntos em Igreja Sinodal. Que a paz do mundo seja restabelecida e a graça de Deus anunciada pelos que constroem a civilização do amor. Cento e sete anos se passaram, mas a mensagem de Fátima é sempre atual, sobretudo façamos tudo aquilo que o Senhor nos disser. Amém.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

 

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