O Cristo de Deus

Celebramos nesse domingo, o 12º desse Tempo Comum, depois da solenidade de Pentecostes e depois de, na semana passada, termos celebrado a Solenidade da Santíssima Trindade retomamos as celebrações dominicais do Tempo Comum. Na última quinta-feira, celebramos Corpus Christi, fechando as três solenidades que ocorrem durante o Tempo Comum. Estamos no mês do Sagrado Coração de Jesus e comemoramos também o Imaculado Coração de Maria, além dos santos juninos: Santo Antônio, São João e São Pedro.

Caminharemos, agora, até o 34º Domingo do Tempo Comum, domingo de Cristo Rei, acompanhando Jesus em sua vida pública anunciando o Reino de Deus. A cor predominante desse tempo comum é o verde, que simboliza a esperança, sobretudo, a esperança na vida eterna. Durante o Tempo Comum, acompanharemos Jesus subindo até Jerusalém e ensinando as pessoas o caminho do amor.

Todos os domingos somos convidados a nos reunirmos em família em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia e nos unirmos em comunidade para escutar o que Deus tem a falar a nós. Somos comunidade de amor e do mesmo modo que Santíssima Trindade é amor, a comunidade paroquial deve ser. Por isso, que dizemos no início da celebração: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”.

A liturgia da Palavra deste domingo fala da identidade de Deus, ou seja, como Deus se revela ao povo por meio dos profetas no Antigo Testamento e depois através de Jesus, no Novo Testamento. Nos dias de hoje, Deus quer se revelar a nós e quer que sejamos sinceros com Ele respondamos ao chamado de todo o coração. Jesus pergunta aos discípulos quem Ele era para eles e hoje Jesus pergunta para cada um de nós e quer que respondamos de todo o coração: “Tu és o Filho de Deus”.

A primeira leitura desse domingo é da profecia de Zacarias (Zc 12, 10 -11; 13,1). Deus se revela por meio do profeta Zacarias dizendo que derramará sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração, eles olharão para Deus. Eles se arrependeram de todo o mal que fizeram e de quem eles feriram de morte e verão brotar de Deus uma torrente de graças. O povo de Israel rompeu a aliança com Deus, não foram fiéis ao tratado que Deus fez com eles, acabaram sendo exilados para uma terra estrangeira, mas Deus resgata esse povo do exílio e promete salvar esse povo.

O salmo responsorial é o 62 (63), e o refrão diz: “A Minh’alma tem sede de vós, como a terra sedenta, ó meu Deus!” Devemos sempre buscar a Deus, não somente nos momentos difíceis, mas nos bons, também. Devemos crer no Deus único e verdadeiro e não criar deuses para nós.

A segunda leitura deste domingo é da carta de São Paulo aos Gálatas (Gl 3, 26-29). Nós somos todos filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. Por meio do nosso batismo, nos tornamos filhos de Deus e irmãos de Jesus. E somos chamados a ser sacerdotes, profetas e reis. A partir do batismo, nos revestimos de Cristo. Paulo diz à comunidade que não vale mais ser judeu, grego, nem escravo e nem livre, nem homem e nem mulher, pois todos são um só em Jesus Cristo. Todos os batizados são herdeiros da promessa e essa promessa se concretizará na vida eterna.

O evangelho é de Lucas (Lc 9, 18 -24). Esse trecho de Lucas relata que Jesus estava rezando num lugar retirado, como Ele fazia sempre. Todos nós precisamos de um momento com Deus para ter forças para continuar a missão e com Jesus não era diferente. Jesus sentiu no coração o desejo de perguntar aos discípulos quem Ele era para eles. Na verdade, Jesus pergunta quem dizem os homens ser o filho do homem, e é claro Jesus não queria que os discípulos repetissem aquilo que as pessoas já falavam d’Ele, mas queria uma resposta diferente da parte deles, pois eles conviviam com Jesus.

Eles começaram a dizer que uns diziam que ele era João Batista, outros que era Elias, e outros que ele era algum dos profetas que ressuscitou. E Jesus indaga eles e pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Jesus não queria que eles repetissem o que as pessoas diziam. Simão Pedro responde e diz: “Tu és o Cristo de Deus”.

Essa era a resposta que Jesus queria ouvir dos discípulos, pois eles tinham conhecimento necessário para poder dar essa resposta. Essa resposta, Ele quer que nós também demos, só será possível dar essa resposta através da oração. Por meio da intimidade com Deus, dos momentos a sós com Ele, podemos chegar à conclusão de que Jesus é o Cristo de Deus.

Jesus proíbe severamente que os discípulos contassem isso a alguém, e diz a eles tudo aquilo que iria acontecer com Ele futuramente. E se eles querem continuar a segui-lo, deveriam tomar a cruz de cada dia e segui-lo. O caminho não é somente de glórias, mas encontraremos dificuldades. O caminho do discípulo nem sempre é fácil, mas com a glória de Deus, Ele se torna fácil.

Celebremos com alegria esse 12º Domingo do Tempo Comum, e sejamos fiéis no seguimento a Cristo e tenhamos a coragem de tomar a nossa cruz diária e vencer os obstáculos que possam aparecer. Coloquemo-nos diante de Deus e rezemos para que Ele nos revele que Jesus é Cristo, o seu enviado.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ     

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