O Jubileu da Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro

Aspectos históricos

A história da Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro tem origem na primeira igreja e paróquia da cidade recém-fundada, ambas dedicadas a São Sebastião, seu padroeiro, e edificadas sobre o extinto Morro do Castelo. Essa igreja abrigava a imagem de São Sebastião trazida na expedição de Estácio de Sá, quando fundou a cidade. É também atribuída a São Sebastião a proteção, defesa e vitória sobre a invasão dos franceses na Batalha de Canoas, em 20 de janeiro de 1567.

Com o crescimento da população e da evangelização no território carioca, o Papa Gregório XIII, em 19 de julho de 1575, criou a Prelazia de São Sebastião. Mais tarde, o Papa Inocêncio XI, em 16 de novembro de 1676, através da bula “Romani Pontificis Pastoralis Sollicitudo” (“A solicitude pastoral do Romano Pontífice”), elevou-a à condição de diocese porque “o Evangelho semeado nesta cidade maravilhosa germinou e produziu abundantes frutos para a fé e para a missão” (TEMPESTA, O. Carta Pastoral “Um tempo para celebrar e evangelizar” – 2025). Na mesma bula, o Papa conferiu o grau de Catedral à primeira igreja paroquial de São Sebastião, determinando ao primeiro bispo “que a presida e faça ampliar as suas estruturas e edifícios, dando-lhe a forma de uma igreja catedral”.

Na bula “Apostolatus Officium” ao primeiro bispo diocesano, Dom Manuel Pereira, o Papa Inocêncio XI afirmou que “encontrando-se, pois, a Igreja de São Sebastião, recentemente Igreja Paroquial sob a invocação do mesmo São Sebastião da mencionada cidade de São Sebastião – cidade que Nós hoje, a pedido do amado filho, o Nobre Dom Pedro, Príncipe e Governador de Portugal e Algarves, ouvido o parecer dos nossos veneráveis irmãos, da plenitude do poder apostólico e com autoridade apostólica, erigimos e instituímos como Cidade-sede, e a Igreja Paroquial como Igreja Catedral”.

Em sua história, a Catedral de São Sebastião teve várias sedes. A primeira, em 1676, com a criação da diocese, na Igreja de São Sebastião, no Morro do Castelo, até 1734, quando foi transferida para a Igreja de Santa Cruz dos Militares, devido às condições insalubres no Morro do Castelo; depois, em 1737, para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos. Com a vinda da família real, Dom João VI, em 1808, transferiu-a para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, permanecendo até 20 de julho de 1976 (nesta data, por decreto, foi criada a Paróquia Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé).

Vale ressaltar que, em 27 de abril de 1892, o Papa Leão XIII, através da bula “Ad Universas Orbis Ecclesias”, elevou a diocese à categoria de Sé Metropolitana (Arquidiocese). Com essa elevação, passou-se a chamar “Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro”.

Durante o governo pastoral do quarto arcebispo, o Cardeal Jaime de Barros Câmara empreendeu o desafio de dar à Catedral um espaço próprio, capaz de acolher o número crescente de fiéis. O monsenhor Ivo Antônio Calliari, sacerdote do clero diocesano e futuro primeiro pároco, idealizou e coordenou o projeto da nova Catedral. Em 20 de janeiro de 1964, após a procissão de São Sebastião, o Cardeal Câmara abençoou a pedra fundamental, depositando-a no centro do terreno onde seria erguida a Catedral. Embora não seja visível, ela está localizada abaixo do altar da cripta, alinhada ao altar-mor e à cruz no andar principal, simbolizando que a centralidade é Cristo, que nos une a si.

Em 16 de novembro de 1976, no tricentenário da criação da diocese, o Cardeal Eugenio de Araujo Sales, quinto arcebispo, presidiu a missa solene que sagrou o altar-mor da nova Catedral na Avenida Chile, iniciando “os serviços religiosos regulares”. Na ocasião, decretou a transferência “de modo perpétuo e absoluto” da Sé Metropolitana para a nova Catedral. Relatos da época descrevem uma procissão com cinco mil fiéis, que levaram paramentos e objetos litúrgicos, culminando com a missa solene inaugural, assistida por cerca de quinze mil pessoas.

Embora a criação de uma diocese compreenda naturalmente a existência de uma Catedral, é importante reconhecer o profundo sentido teológico e pastoral que marca os cinquenta anos do templo definitivo da Catedral.

 

Aspectos teológicos

A Catedral é a igreja onde se encontra a cátedra do bispo, símbolo de sua tríplice missão pastoral: santificar pela liturgia, ensinar pelo magistério e governar como pastor o rebanho do Senhor. É também sinal da unidade daqueles que professam a fé católica. Neste jubileu, recordamos as maravilhas que Deus realizou na história da Arquidiocese e continua realizando em nós.

A Catedral do Rio de Janeiro possui uma arquitetura moderna que precisa ser compreendida no seu sentido cristão mais profundo. Santo Agostinho ensina que “o que vemos aqui, materialmente, nas paredes, sucede espiritualmente em vosso íntimo”, recordando que a verdadeira construção é interior. Assim, a Catedral representa a Igreja viva, formada por pedras espirituais unidas na caridade.

Visitar a Catedral é reafirmar a fé, a unidade e a obediência ao bispo, sucessor dos apóstolos. Ela é imagem do templo espiritual edificado no coração dos fiéis, expressão da graça divina que nos torna, como diz São Paulo, “templo do Deus vivo”.

 

Aspectos celebrativos

Neste 16 de novembro de 2025, iniciamos a preparação para o Jubileu de Ouro da Catedral Metropolitana, que será celebrado em 2026, dentro do Ano Santo Arquidiocesano. É um tempo de graça e indulgência plenária.

O tema do jubileu é inspirado em Isaías 56,7: “Casa de oração para todos os povos”, e o lema é “Presença + Acolhimento + Comunhão”. A Catedral é sinal da presença de Deus no coração da cidade, lugar de acolhimento e comunhão. Todos são convidados a participar da programação, que inclui peregrinações dos vicariatos, visitas guiadas, exposições e celebrações litúrgicas.

A Catedral Metropolitana, com sua arquitetura única e profunda simbologia cristã, é casa de oração, centro de unidade e sinal vivo da fé do povo carioca. Que este jubileu seja um tempo de renovação espiritual e de louvor a Deus, que continua a edificar em nós a sua Igreja.

 

Cônego Cláudio dos Santos, pároco da Catedral Metropolitana de São Sebastião

Padre Arthur José Torres da Conceição, vigário paroquial

 

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