A Arquidiocese do Rio de Janeiro conta com mais oito monsenhores, título eclesiástico de honra conferido pelo Papa Francisco. Indicado pelo ordinário local, o título de monsenhor, também conhecido por Capelão de Sua Santidade, é conferido a sacerdotes com mais de 65 anos.
São eles: Abílio Soares de Vasconcelos, Djalma Rodrigues de Andrade, Eduardo Cirigliano da Costa e Silva, Francisco Beffa, Francisco César dos Santos, Geraldo Marques Raimundo, Givanildo Luiz de Andrade e Paulo Cardoso.
Os novos monsenhores receberam os documentos enviados pelo Vaticano pelas mãos do arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, durante a reunião do Conselho Arquiepiscopal, realizada no Edifício São João Paulo II, na Glória, no dia 27 de fevereiro.
“Agradeço aos irmãos sacerdotes pelo trabalho que realizaram e continuam a realizar, dedicando suas vidas ao Senhor. E, em unidade com a Igreja, buscam viver a vida cristã, como sacerdotes, cada um dentro da sua realidade, alguns ainda na paróquia, outros já eméritos, e temos ainda aqueles que dedicam suas vidas a outros tipos de trabalhos. E esse título significa fidelidade à Igreja. Agradecemos e pedimos a Deus pela vida de vocês que foram fiéis ao Senhor e à vocação que receberam. E, ao mesmo tempo, pedir a Deus para que, cada vez mais, nós possamos ter padres abertos à graça de Deus, que continuem suas caminhadas com a fidelidade, sempre buscando o Senhor. Agradeço a todos que puderam vir, e entrego essa condecoração de monsenhor a cada um que foi fiel ao chamado de Deus”, disse o arcebispo.
Junto com os bispos auxiliares e os vigários episcopais, Dom Orani acrescentou:
“Em meio a tantas situações que vivemos hoje, poder ver em nossa arquidiocese homens que dão a sua vida pelo Evangelho, pela missão, pela evangelização, creio ser uma boa notícia para este nosso tempo, boa notícia à Igreja, aos seminaristas e demais sacerdotes. Além disso, ver como é importante para a Igreja ter exemplos de sacerdotes que são fiéis ao Senhor, e buscam o caminho da santidade. Agradeço muito pela vida de vocês”, disse.
“Eu creio ser um presente ver a beleza dos sacerdotes que vivem suas vidas de santidade, de serviço e, hoje, podem ser reconhecidos pela Igreja. Embora fossem apresentados para várias assessorias, o reconhecimento oficial pela Igreja é através deste título que agora recebem. O título de monsenhor é um sinal externo que nós pedimos à Santa Sé. Nós apresentamos muitos nomes e, em meio à grande peneira, passamos por várias consultas aos bispos, às assessorias e à Santa Sé. Portanto, foi tudo muito bem consultado, pois é sempre a Igreja que identifica os escolhidos. E quis a Providência divina que esses títulos chegassem a nossa arquidiocese para serem entregues a vocês. Por isso louvamos e bendizemos a Deus”, completou o arcebispo.
Os novos monsenhores serão apresentados na Missa do Crisma, na Quinta-Feira Santa, dia 28 de março. “Nessa celebração iremos apresentá-los ao clero e ao povo de Deus. No meio de tantas notícias ruins, apresentar novos monsenhores é uma alegria”, disse o arcebispo, que lembrou que recebeu a nomeação como um presente: no dia 27 de fevereiro, fez 27 anos de eleição episcopal, e no dia 28 de fevereiro, 15 anos do anúncio da nomeação como arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
‘Momento de pensar o que Deus fez e faz em nossa vida’
“Foi uma grande surpresa”, disse monsenhor Francisco César dos Santos, com 85 anos de idade e 56 anos de ordenação sacerdotal.
“O título é importante e nos faz rever todo o trabalho realizado; sentir que as pessoas são gratas pelo nosso trabalho. Esse reconhecimento, junto com a palavra e o abraço, é graça recebida do Senhor por todo esse tempo de trabalho e de vida sacerdotal, pois foram muitos desafios, e muitas alegrias e conquistas. Sou grato a Deus porque esse título é um reconhecimento por todos os anos de dedicação, e eu o recebo com muita alegria. Além disso, nos faz ver a luta da nossa vida. Momento de pensar o que Deus fez e faz em nossa vida. O reconhecimento é um sinal que Deus esteve conosco durante todo esse tempo de trabalho. Vale a pena ser padre, ser fiel à Igreja de Cristo.”
Monsenhor Francisco César destacou que desde pequeno, praticamente desde a infância, sempre teve inclinação para o sacerdócio.
“Ninguém precisava me mandar ir para a igreja. Eu com meus 8 anos, quando morava em Fortaleza, caminhava sozinho, e a igreja não era perto. Naquele tempo, tudo já era sinal claro que um dia eu seria sacerdote. Por isso, neste momento, para mim é importante voltar às origens e reconhecer a Deus pelo chamamento que o Senhor me fez tão cedo. Agora chegamos até aqui para rever tudo que vivi desde a infância. Como foi importante o trabalho dos meus pais, da minha avó, que era terceira franciscana. Celebramos a minha vocação. Muito obrigado, meu Deus e que o Senhor nos abençoe”, disse monsenhor Francisco César.
‘As alegrias são os sinais que percebemos quando o Reino de Deus acontece’
“Eu estou surpreso por receber esse título. Agradeço pela confiança, pelo reconhecimento, sempre na esperança de continuar a fazer o que eu venho fazendo que é servir à Igreja”, disse monsenhor Geraldo Marques Raimundo, com 68 anos de idade e 40 anos de ordenação, atualmente pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Pavuna.
“São muitos os desafios e as alegrias de servir à Igreja e servir a Deus nesse tempo de ministério. São 40 anos como padre, trabalhando nas paróquias de Anchieta, Sepetiba e, agora, Parque Colúmbia, na Pavuna. E os desafios são aqueles que a própria cidade nos coloca, como o desafio de evangelizar, de manter a Igreja viva onde ela se encontra. As alegrias são os sinais que percebemos quando o Reino de Deus acontece, mesmo que através das pequenas coisas. Mas percebemos que não é em vão o trabalho com a Igreja, sobretudo na dimensão missionária, na preocupação com a questão social, na questão da valorização da vida, na defesa da vida e em todas as outras instâncias. E continuaremos com o trabalho e tudo que tivermos de fazer para sinalizar a misericórdia, a bondade e o amor de Deus. O trabalho não para”, destacou monsenhor Geraldo Marques.
“Eu sempre trabalhei na periferia, como em Anchieta, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, São Francisco de Assis, em Sepetiba e, agora, em Parque Columbia. Sempre trabalhei na periferia da cidade, nessa realidade onde se faz presente as contradições pelo abandono, pela violência, onde percebemos a necessidade da presença da Igreja”, concluiu monsenhor Geraldo Marques.
‘Agradeço a Deus e a Igreja pela minha vocação’
Outro sacerdote que recebeu o título foi monsenhor Djalma Rodrigues de Andrade, que já foi reitor do Seminário Arquidiocesano de São José, hoje com 94 anos de idade e 68 anos de sacerdócio.
“É um momento de grande alegria para mim porque é a manifestação e o respeito àquilo que eu tenho procurado realizar como resposta à graça de ser padre. Vivo um momento de plenitude em minha vida, sem dúvida. Agradeço a Deus e a Igreja pela minha vocação, agradeço a todos vocês.”
Monsenhor Djalma acrescentou: “foi uma grata lembrança e um momento de revisão de vida, pois plantamos, depois colhemos a semeadura. Falo isso porque fui um garoto que, aos 13 anos, entrou para o seminário, em Teresina, e estudei Filosofia, em Fortaleza. Depois, o meu bispo me enviou para Roma, onde concluí os meus estudos em Teologia, na Pontifícia Universidade Gregoriana. Eu me ordenei em 1956, estou sempre a serviço da Igreja e muito feliz, sem dúvida.”
“Eu fui pároco, depois reitor do seminário e voltei à vida paroquial, mas em todo esse tempo, mantive minhas atividades universitárias, através do meu serviço na PUC-Rio, onde eu fui professor, diretor de departamento, membro do conselho universitário e, assim, até a minha aposentadoria”, concluiu monsenhor Djalma.
‘Tudo está interligado a Cristo, o Senhor da vida e da história’
“Agradeço a Dom Orani e a todo o povo do Rio de Janeiro por esse carinho, por esse amor que têm por mim. Muito obrigado”, disse o reitor da Igreja Nossa Senhora do Parto, no Centro, monsenhor Givanildo Luiz de Andrade, com 65 anos de idade e 32 de sacerdote.
“A Igreja sempre foi generosa comigo e com todos os seus filhos. Portanto, da minha parte é só gratidão e alegria por esse reconhecimento. Em toda minha vida sacerdotal, servindo a Deus e à Igreja, tive muitas dificuldades, e muitas alegrias também porque Cristo é a nossa alegria. Sem Ele, mesmo que tenhamos abundância, sempre faltará algo porque Ele é aqu’Ele que realmente vem ao nosso encontro, com a plenitude da sua benevolência, da sua salvação, do seu amor. Então, tudo está interligado a Cristo, o Senhor da vida e da história”, partilhou.
Monsenhor Givanildo destacou sua inspiração para fundar a Casa Santa Edwiges, em Brás de Pina, quando chegaram as mães, pedindo oração pelos seus pequenos filhos, que se encontravam doentes, com câncer.
“Realmente é uma dor ver a mãe se deparar com seu filho, ainda pequeno, e com essa enfermidade tão grave, tão difícil. Então a casa, em princípio, era para essas pessoas, para os pequenos e suas mães. Depois, o próprio Inca pediu que estendêssemos para pessoas adultas, sobretudo homens, pois é uma grande demanda. Sempre tem uma porta que se abre para uma criança, para uma mulher, mas para o homem é sempre mais difícil. Hoje, a casa atende homens, mulheres e, muitas vezes, o próprio Inca pede para que recebamos uma mãe com a criança. A casa, apesar de ser pequena, tem essa dimensão generosa para com as pessoas que precisam dela, do seu acolhimento, do seu cuidado, completando aquilo que falta ao seu tratamento, como hospedagem, alimentação, transporte e apoio por parte da Comunidade de Santa Edwiges, onde ela está situada e, agora, também onde eu estou na Paróquia Nossa Senhora do Parto, que também recebe essa solidariedade”, disse.
Monsenhor Givanildo acrescentou: “a Paróquia Nossa Senhora do Parto tem um trabalho que faz sintonia com a Casa Santa Edwiges, pois onde existe a caridade, ela se derrama em todas as necessidades. Lá na Paróquia Nossa Senhora do Parto há um projeto, apoiado pelo Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, com as mulheres grávidas, que geralmente precisam de apoio, de carinho, de um enxoval e, às vezes, de uma cesta básica e um apoio psicológico. Então, a caridade cristã se derrama em todos esses aspectos da vida humana. Mas também esperamos que, em breve, comecemos um trabalho que possa mostrar o dia a dia da casa”, concluiu.
Carlos Moioli e Rita Vasconcelos