Paróquia Bom Jesus do Monte da Ilha de Paquetá acolhe eventos da Pastoral do Surdo

Setembro é o mês por excelência das pessoas com deficiência, de modo especial para os surdos, pois no dia 26 celebra-se o Dia Nacional do Surdo. Ainda, no dia 12 de setembro de 1981, nascia a Pastoral na Arquidiocese do Rio de Janeiro. Portanto, esse ano, são 43 anos de existência de evangelização e inclusão na arquidiocese.

Para comemorar a data, foi escolhida, desde o ano passado, a Ilha de Paquetá. E assim, no dia 14 de setembro, na festa da Exaltação da Santa Cruz, 72 pessoas partiram da Praça XV rumo à ilha, logo ao raiar do ensolarado sábado.

Além do aniversário, também foi realizado o 30º Encontro Regional Leste 1 da Pastoral, reunindo representantes do Estado Fluminense.

A Paróquia do Bom Jesus do Monte, templo construído no ano de 1900, tem formato de uma barca, teto de cor azul celeste e sustentado por colunas de pau-brasil. Neste espaço fomos recebidos, no átrio da Igreja, pelo recém-ordenado, padre Ellber Márcio.

Recentemente empossado como pároco, ele nos abraçou com seu sorriso e com um coração do tamanho das águas da Guanabara. Todos ficaram admirados com tanta empatia e docilidade em preparar o salão paroquial, a igreja, e todo cuidado e carinho para que a comunidades de sentisse em família, em casa!

Foi feita a oração individual, logo na chegada à Igreja do Bom Jesus do Monte, e as boas-vindas dadas pelo padre Ellber. Logo ele recebeu o sinal de seu nome em Libras, ‘batizado’ pelos surdos. Depois de muitas sugestões, chegou-se ao consenso: a letra E, passando pelo lado da boca, em forma da letra C, com o sinal de padre. Ele aceitou com alegria e seu sinal ficará para sempre reconhecido como do padre de Paquetá.

No salão paroquial, a mesa foi posta para receber o café da manhã, partilhado em torno das 8h30.

Em seguida, o atual coordenador Regional Leste 1, Alexandre da Silva, fez a abertura e a acolhida a todos os presentes. Ali estava a comunidade da Arquidiocese do Rio de Janeiro: Imaculado Coração de Maria (Méier), Santa Margarida Maria (Lagoa), São Francisco Xavier (Tijuca), Santo Antônio (Pavuna), Nossa Senhora do Desterro (Campo Grande), Bom Jesus (Penha), e Nossa Senhora de Fátima (Pechincha). As comunidades do Regional Leste 1: Porciúncula de Sant’ana (Niterói), São João Batista (São João de Meriti), Catedral de Santo Antônio de Jacutinga (Nova Iguaçu), Catedral do Divino Salvador (Campos dos Goytacazes), Rincão do Senhor (São Gonçalo) e um representante da cidade de Macaé.

A primeira atividade foi uma dramatização da Parábola dos Talentos (Mt 25, 15-30) preparada pelos surdos do Rio. A mensagem foi dada pelo vice- coordenador regional do Leste 1, José Luiz Pinto, enfatizando o valor das habilidades e qualidades dos surdos, dadas por Deus em função da comunidade e dos outros. Destacou que a deficiência não é obstáculo para servir a Deus, na Igreja; pelo contrário, é sinal vivo e testemunho para a sociedade de que temos direitos e deveres para os benefícios de todos.

O tema bíblico (Ezequiel 37, 14) foi outro momento de destaque do encontro, colocando em evidência o profeta Ezequiel, homem de coragem, e que nos lembra que o Espirito Santo está em nós desde o nosso Batismo. Quando abrimos os nossos corações à sua ação, nosso coração de pedra se transforma em coração de carne e nossos ossos são revigorados pela sua força e graça.

No encerramento, cada representante das comunidades se apresentou com relatos da vida paroquial, os desafios e conquistas. Foi anunciado que em 2025, o 31º Encontro será realizado na Comunidade de São Gonçalo. A culminância do evento foi a celebração eucarística presidida pelo pároco, padre Ellber. No estilo da comunidade dos surdos, sem música e sem instrumentos musicais, mas com o som da alma e da alegria que brotam do coração silencioso da pessoa surda.

A procissão de entrada, com as bandeiras das comunidades, precedida pelo padre Ellber, seguiu o rito com atenção e serenidade a cada movimento das mãos dos surdos. Os sete intérpretes em Libras foram se revezando ao longo do rito eucarístico.  A Bíblia, com fitas coloridas, foi trazida em procissão por nove surdos e depositada aos pés da Santa Cruz, no altar preparado para a missa.

A Procissão das Ofertas teve a participação de um casal surdo da comunidade da Penha. A Sagrada Comunhão foi dada sob as duas espécies e, após a comunhão, foi oferecido um livro histórico sobre a Pastoral do Surdo na Arquidiocese (1981 a 2023).

O almoço preparado pela paróquia foi oferecido aos surdos e dois bolos foram compartilhados entre todos. O evento foi concluído em torno das 13h30, com todos cheios de saudades da singela ilha. Padre Ellber agradeceu a cada um dos presentes e colocou a Paróquia à disposição para os futuros eventos da Pasped (Pastoral da Pessoa com Deficiência).

Na parte da tarde, os surdos visitaram os pontos turísticos da Ilha a pé ou usando a charrete elétrica. Entre 16h e 17h30, os surdos retornaram às suas casas com um coração pleno da graça de Deus, cheios de vida para manter a missão acesa!

 

Cesar Bachin, Coordenador da Pasped

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