Pastoral do Trabalhador: 50 anos de luta por dignidade

A primeira edição da Jornada do Mundo do Trabalho será realizada no dia 27 de maio, das 9h às 17h. Os objetivos do encontro são para celebrar os 50 anos da Pastoral do Trabalhador da Arquidiocese do Rio de Janeiro e dialogar sobre as pautas que permeiam a realidade dos trabalhadores. 

Promovido pelo Vicariato para a Caridade Social, a posposta da programação é reunir pessoas para recordar os 50 anos sobre o mundo do trabalho no Brasil e no mundo, além de trazer temas com novas realidades e dificuldades no mercado de trabalho.

 

Programação

  • Monsenhor Manoel Manangão – História da Pastoral do Trabalhador, os documentos sociais da realidade do mundo do trabalho, e a Doutrina Social da Igreja. 
  • Henrique Economia de Francisco e Clara. Partilha sobre o encontro com o Papa Francisco, em Assis, na Itália, no evento “Articulação pela Economia de Francisco e Clara”. Jovens de diversos países, ligados à economia, à empresa e às pesquisas, refletem sobre como renovar a economia voltada para os pobres, e reverter o processo de ausência de empregabilidade para a maior parte do mundo; e sobre a economia solidária.
  • Carminha – Cooperativa de Quitungo. Projeto com 15 anos de trabalho que transforma a coleta de lixo em renda. A cooperativa une ecologia, sustentabilidade e renda, a partir de coisas que não têm valor, para gerar renda e agregar valor. 
  • Inês Stampa – professora da PUC-Rio, ligada ao Departamento do Serviço Social – Evolução do trabalho em todo o mundo.
  • Yasmin – funcionária da Cáritas do Rio de Janeiro – Trabalho Análogo à Escravidão. A Cáritas Rio tem um projeto em parceria com o Ministério Público do Trabalho. Além do tema “Trabalho Análogo à Escravidão”, também será abordado sobre as mudanças nas leis trabalhistas e a situação dos trabalhadores que perderam direitos e garantias.
  • Sidnei Inácio – Secretaria de Formação do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE- Nilópolis) – Pensar a atual realidade precária do trabalho.

O evento é gratuito e será realizado no Edifício São João Paulo II, situado na Rua Benjamin Constant, 23 / 2º andar, na Glória.  A inscrição é online, no link https://forms.gle/HmUKrSzRDU4h1hid6.  

Missão contínua

O vigário episcopal do Vicariato para a Caridade Social e também presidente da Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, monsenhor Manuel de Oliveira Manangão, explicou que maio é um mês para celebrar os 50 anos da Pastoral do Trabalhador, fazer memória às angústias que impulsionaram a criação da pastoral e rever as conquistas, a presença animadora da pastoral em meio à sociedade e os desafios colocados neste mundo em que vivemos. 

“Neste ano de 2023, nós pensamos em algumas atividades durante o mês de maio para comemorar o Dia Mundial do Trabalhador. Celebramos o dia 1º de maio com a missa em honra a São José Operário e houve ação social. Ainda, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), promovemos, no dia 5 de maio, um encontro que recordou e refletiu a história e a presença da Igreja no mundo do trabalho. Também analisamos as grandes dificuldades, as conquistas e os desafios. A palestra foi ministrada por um professor da PUC-Rio, especialista na área de pesquisa sobre a realidade do trabalho”, destacou monsenhor Manangão.

Ainda para comemorar os 50 anos da Pastoral do Trabalhador, o Vicariato para a Caridade Social planejou um sábado de formação e diálogo sobre as realidades do mundo do trabalho, desde a fundação da pastoral. 

“Entre 1973 e 2023, nós tivemos muitas mudanças, algumas conquistas e o retorno de alguns problemas antigos”, explicou o vigário episcopal, e acrescentou: “Vivemos realidades, hoje, em que o mundo do trabalho passou, e passa por transformações muito intensas, tanto na realidade da empregabilidade, dos empregos oferecidos, como também a realidade do desemprego, das novas tecnologias e ferramentas de trabalho que causam grandes transtornos. Há 30 anos, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) já apontava que chegaríamos a um determinado momento que teríamos condições de gerar emprego para, no máximo, um quinto da população mundial. Isso já era dito na década de 1990. E cada vez mais, nós percebemos que as dificuldades só aumentam”, sublinhou. 

Segundo monsenhor Manangão, o mundo vive novas revoluções industrial e tecnológica com a chamada Inteligência Artificial.
“A sociedade internacional nunca parou para pensar, ou pelo menos assim parece, sobre o que fazer com esse povo que não tem mais lugar no mercado de trabalho, que vai ficar sem possibilidade de emprego. Mudou o perfil, a exigência, a capacidade e a capacitação. O que podemos fazer por essas pessoas?”, questionou.

“Há cerca de dez anos, tivemos um encontro internacional sobre o mundo do trabalho, um fórum promovido por um antigo ministro da República. Em uma das conferências debatemos sobre os países, sobretudo do Terceiro Mundo que, naquela época, já estavam ultrapassados. Que tinham perdido ‘o time’, para capacitar pessoas e recolocá-las no mercado de trabalho. Muito poucos são os países que, atualmente, têm serviços paralelos, a fim de alavancar pessoas para as novas realidades de trabalho”, acrescentou. 

 

Rita Vasconcelos

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