Presépio da Catedral evidencia aspectos eucarísticos em comemoração ao centenário do Congresso Eucarístico de 1922

A cerimônia de bênção do tradicional presépio da Catedral de São Sebastião, no Centro, foi realizada no dia 10 de dezembro, às 18h, presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta. Entre os sacerdotes presentes, estava o pároco, cônego Cláudio dos Santos.

Neste ano, o presépio foi montado pelo vigário paroquial, padre Stannly Cunha dos Santos, que procurou evidenciar aspectos eucarísticos, para marcar as celebrações do centenário do Congresso Eucarístico, convocado por Dom Orani, em comemoração ao Congresso Eucarístico de 1922, o primeiro realizado no Brasil.

Na apresentação, padre Stannly destacou outros aspectos do presépio, inspirados em textos bíblicos, na Carta Apostólica “Admirabile Signum”, do Papa Francisco, e também em São Francisco de Assis, que iniciou a linda tradição da representação do nascimento do Salvador. Veja o texto na íntegra.

 

Bênção do Presépio

Gostaria de começar com o texto da Novena de Natal de Santo Afonso Maria de Ligório: “Considera o Pai celeste, dizendo estas palavras a Jesus Menino no momento de sua conceição: ‘Meu Filho, eu te estabeleci para luz das gentes e a vida das nações, a fim de que lhes procureis a salvação, que desejo tanto como se fosse a minha própria’. É pois necessário que vos dediqueis inteiramente ao bem do gênero humano: ‘Dado sem reserva ao homem, deveis dedicar-vos inteiramente em benefício dele’.

É necessário que sofrais uma pobreza extrema desde o vosso nascimento, a fim de que o homem se torne rico (cf. 2Cor 8, 9). É necessário que sejais vendido como um escravo para pagardes a liberdade do homem, e que, como escravo, sejais flagelado e crucificado a fim de satisfazer à minha justiça pelas penas devidas aos homens. É necessário que deis vosso sangue e vossa vida para livrar o homem da morte eterna. Numa palavra, sabei que não sois mais vosso, mas do homem, segundo a palavra de Isaías: ‘Nasceu-nos um Menino, foi-nos dado um filho’” (Is 9, 6).

Porque a gruta? Porque escolheu Ele a gruta para vir ao mundo? Para o bem da Humanidade e toda glória de seu Filho Unigênito, Deus quis acentuar o contraste entre os aspectos humanos e os divinos, para evitar nossa percepção distraída de tais acontecimentos. A gruta, o boi e o burro, e até mesmo a ausência de testemunhas, além de Maria e José, foram elementos providenciais para fazer brilhar de modo especial a divindade de Cristo.

“E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel” (Mt 2,6). Belém, celeiro do pão, ou cidade do pão. Uma das atividades peculiares de Belém era a produção de trigo. No presépio deste ano, eu quis trazer em evidência aspectos eucarísticos, para marcar o centenário de nosso Congresso Eucarístico no Rio de Janeiro. Em dois ângulos do presépio podemos ver as duas espécies eucarísticas: o Pão com a padaria, para nos lembrar do Corpo de Cristo, encarnado neste mundo; e a uva na parreira, para nos lembrar do Sangue desse Menino Deus que nos redimiu, nos lava e nos purifica.

Por outro lado, ao celebrar o Advento e o Natal do Senhor, celebramos não só a primeira vinda do Menino Jesus pobre na gruta de Belém, como também esperamos ansiosos pela sua segunda vinda, “revestido de sua glória, para conceder-nos em plenitude os bens prometidos”. É nesse sentido que destaco a esperança, representada nesta árvore com seus ramos verdes, sinal que devemos sempre permanecer firmes na espera do Senhor que virá. Em outro aspecto podemos lembrar o Apocalipse de São João no Capítulo 22, sobre a árvore da vida, que suas “folhas são para a cura das nações”. Suas raízes profundas e galhos em crescimento nos convidam a olhar para o céu e a eternidade.

Assim, somos convidados a estreitar a nossa amizade com Jesus. A nossa proximidade com Ele deve ser especial, para que a nossa esperança não defina no fracasso do pecado do erro do egoísmo e da falta de amor. E é na lateral da gruta, onde podemos comtemplar a natividade bem de perto, simbolizando esse aspecto da amizade e proximidade com Jesus.

O presépio não deixa de ser a representação de um pedacinho da Palavra de Deus nas nossas igrejas e nossas casas. O Papa Francisco, na Carta Apostólica “Admirabile Signum”, nos fala isso, que “o presépio é o Evangelho vivo que transborda das páginas das Sagradas Escrituras. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade daqu’Ele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele”.

São Francisco, na sua vontade santa de comtemplar com os olhos a natividade de Nosso Salvador, iniciou uma linda tradição em Greccio, em 1223. Que esta tradição seja uma oportunidade de mergulharmos na cena, para que quando olharmos para o Divino Infante, representado no presépio, tenhamos a esperança e por que não a certeza de que Ele quer nos conceder a força de abraçar o bem e o amor.

São Francisco de Assis, rogai por nós!

 

Padre Stannly Cunha dos Santos
Vigário paroquial da Catedral de São Sebastião, no Centro

 

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