‘Quem não é contra nós é a nosso favor’ (Mc 9, 40)

26º Domingo do Tempo Comum

 

Celebramos, neste domingo, o vigésimo sexto deste tempo comum e, com essa celebração, estamos chegando ao final de mais um mês, neste domingo da Palavra de Deus, ou dia da Bíblia. Um mês especial para a Igreja, pois é o mês dedicado à Palavra de Deus que neste ano teve o tema do Profeta Ezequiel com o lema: “Porei em vós meu espírito, e vivereis”.

Dia 30 de setembro celebramos São Jerônimo, que traduziu a Bíblia do grego e do hebraico para o latim. Continuemos perseverantes na meditação e anúncio da Palavra, que esse mês da Bíblia tenha nos impulsionado, principalmente os círculos bíblicos e as comunidades eclesiais missionárias.

A partir de terça-feira iniciaremos um novo mês, também especial para a Igreja, pois é o mês do rosário e das missões, e de Nossa Senhora Aparecida, de Nazaré e do Rosário. Também estaremos vivendo a Semana Nacional da Vida (idosos, memória viva da nossa história com o lema “Na velhice darão frutos”) que culmina com o Dia do Nascituro (8).

Observamos que, em cada mês do ano litúrgico, a Igreja apresenta razões para bem celebrarmos esse mês e para animar a vida de fé dos fiéis. Tem início, também, neste começo de outubro, a II Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade na Igreja, com vários eventos em Roma, inclusive canonizações. Acompanhemos os padres sinodais com nossas orações!

Neste dia 29 de setembro, celebramos a festa dos Santos Arcanjos: Rafael, Miguel e Gabriel, mas, por ser domingo, o dia do Senhor tem precedência. Por isso, não celebramos a festa litúrgica dos Arcanjos, mas recordamos ao longo dessa celebração a presença deles em nossa vida. Que possamos aprender de cada um deles a sermos: anunciadores da Palavra, aqueles que transmitem a cura, e a lutar contra as investidas do maligno. Que os três Arcanjos nos protejam no dia de hoje e nos ajudem a ser fiéis ao Senhor.

Na próxima terça-feira, dia 2 de outubro, celebraremos os Santos Anjos da Guarda. Devemos pedir a intercessão de nossos Santos Anjos da Guarda para a nossa vida, missão e trabalho!

Meus irmãos, como podemos observar, temos muitas razões e motivações para celebrar essa missa do Vigésimo Sexto Domingo do Tempo Comum e, de igual modo, já temos as motivações para bem celebrar o próximo mês que se aproxima. Participemos das celebrações com a família, escutando, meditando e partilhando a Palavra, e que os Santos Arcanjos nos protejam e nos defendam do mal.

A primeira leitura da missa deste domingo é do livro dos Números (Nm 11, 25-29): neste trecho do livro dos Números, o Senhor retira um pouco da força do Espírito Santo que estava com Moisés, a transmite aos 70 anciãos e eles começam a profetizar. Ou seja, o anúncio da Palavra não poderia ficar apenas com Moisés, mas precisava que outros também o fizessem, pois Moisés sozinho já não podia. O número 72 é simbólico, pois, no Novo Testamento, Jesus envia 72 discípulos, dois a dois, para anunciarem o Evangelho.

Da mesma forma nos dias de hoje, os bispos compartilham com os padres e diáconos a animação do anúncio da Palavra e, de igual modo, a Igreja precisa dos leigos para desempenhar essa missão. Todos os que tiverem coração aberto e boa vontade podem transmitir a Palavra aos demais. Não podemos impedir alguém de fazer o bem e anunciar a Palavra; Deus capacita aqueles que Ele escolhe.

O salmo responsorial é o 18 (19), que diz em seu refrão: “A Lei do Senhor Deus é perfeita, alegria ao coração”. A lei do Senhor não é pesada demais nem difícil demais para seguir; pelo contrário, seguir a Lei do Senhor é uma alegria ao coração. A lei do Senhor consiste em amar a Deus e ao próximo como a si mesmo, e é isso que devemos anunciar. Isso não é pesado para ninguém. Um salmo que nos recorda o dia da Bíblia que comemoramos neste domingo.

A segunda leitura da missa desse domingo é da carta de São Tiago (Tg 5, 1-6). Temos acompanhado nos últimos domingos a leitura dessa carta. Do mesmo modo que, na semana anterior, Tiago faz um apelo para aqueles que são ricos, ou seja, que possuem muitos bens, para que, assim como o Senhor ensina, partilhem aquilo que têm a mais com aqueles que pouco ou nada têm. O Senhor de fato não condena a riqueza, mas condena aqueles que têm muito e não partilham com aqueles que têm pouco.

O Evangelho da missa desse domingo é de Marcos (Mc 9, 38-43.45.47-48): neste trecho do Evangelho de Marcos, João diz a Jesus que os discípulos viram um homem expulsando demônios em nome de Jesus, e eles o proibiram. Jesus diz a eles que não devem proibir, pois ninguém faz o bem em nome de Jesus para depois falar mal dele, e ainda diz: “Quem não é contra nós é a nosso favor” (Mc 9, 40).

Depois, Jesus, de uma maneira um pouco radical diz que, se algum membro do nosso corpo nos leva a pecar, devemos cortá-lo, pois é melhor entrar na vida eterna sem um dos membros do que, tendo todos, ir para o inferno.

Portanto, devemos tomar cuidado com aquilo que fazemos com o nosso corpo, pois vale lembrar que o nosso corpo é templo santo de Deus e temos que guardá-lo para entrar de maneira pura no reino dos céus. As nossas mãos não foram feitas para outra coisa a não ser abençoar, os nossos pés sustentam o nosso corpo, e os nossos olhos foram feitos para que, por meio deles, iluminemos a vida dos outros e enxerguemos Deus no próximo.

Usemos a nossa boca para anunciar a Palavra de Deus e conduzir muitas pessoas para Deus. Não machuquemos ninguém com nossas mãos, com nossos pés, nem com palavras, mas saibamos sobretudo abraçar, perdoar e amar o próximo. Que ao final da nossa peregrinação terrestre possamos entrar limpos e íntegros na vida eterna.

Celebremos com alegria esse Vigésimo Sexto Domingo do Tempo Comum e que possamos anunciar sem reservas a Palavra de Deus e partilhar aquilo que temos a mais com aqueles que pouco ou nada têm. Amém.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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