Reaberta ao público no Centro a Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores

“É uma alegria entregar de volta essa igreja para o público”, disse o arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, ao presidir a missa de reinauguração e de bênção do altar da Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, no centro do Rio de Janeiro, no dia 10 de junho.

Interditada pela Defesa Civil após a queda de parte da fachada, a igreja estava de portas fechadas há quase quatro anos.

O arcebispo explicou que a maioria das igrejas históricas situadas no centro antigo do Rio de Janeiro pertencem a irmandades, e quando há possibilidade a arquidiocese assume e procura restaurar, como já aconteceu com outras igrejas.

“Foi o que aconteceu com a Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, situada no território pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Candelária. Com data de 6 de março deste ano, nomeamos o advogado e empresário Cláudio André Padilha de Castro para o ofício de comissário administrativo, por um período de três anos, com a missão de conduzir a restauração da igreja”, disse.

Realizada em tempo recorde, a restauração da igreja com estilos rococó e barroco possibilitou a abertura de suas portas para o público. Consistiu em recuperação da fachada, na reforma das instalações elétricas e hidráulicas e no restauro de parte do mobiliário interno. 

Durante homilia, Dom Orani observou que a igreja está situada num espaço gastronômico e de lazer, e que se faz necessário também um lugar para rezar. “Os frequentadores do local, em geral, são alegres por outras razões, também podem se alegrar por encontrar-se com o Senhor na própria vida. É uma oportunidade que eles têm de visitar a igreja, de rezar e de pedir ao Senhor que ilumine e conduza suas vidas”.

O arcebispo destacou a importância de fazer memória aos antepassados, que construíram uma joia de arquitetura numa rua estreita, mas de muita movimentação de pessoas, a fim de manifestar a fé e de pedir a intercessão da Mãe de Deus para seus negócios, tanto que a devoção e a igreja ficaram conhecidas como Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores.

“Ao restaurar as igrejas antigas, devemos recuperar e trazer valores que marcaram as pessoas dessa cidade, por isso ela é aberta, fraterna e acolhedora. Que as pessoas de hoje possam fazer dessa igreja uma presença que remeta a valores de fraternidade, paz e fé e de devoção a Maria e culto ao Senhor”, disse o arcebispo.

A missa foi concelebrada pelo vigário episcopal das irmandades, monsenhor André Sampaio, pelo vigário episcopal do Vicariato Urbano, padre Wagner Toledo, pelo curador da Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da arquidiocese, padre Silmar Fernandes, e pelo padre Vitor Pimentel Pereira, da Eparquia de Nossa Senhora do Paraíso dos Católicos Greco-Melquitas. Também estavam presentes o prefeito Eduardo Paes e a princesa Christine Orleans e Bragança.

 

História

O templo remonta a um pequeno oratório erguido em 1743 por comerciantes e moradores da área, hoje Rua do Ouvidor, sob a invocação de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores. Poucos anos mais tarde, a 20 de junho de 1747, esses comerciantes reuniram-se e constituíram uma irmandade para a edificação de um templo sob a invocação de Nossa Senhora da Lapa, também conhecida por “Igreja dos Mercadores”.

A provisão-régia para a sua edificação foi expedida a 4 de novembro do mesmo ano, e, em dezembro seguinte, foram lançadas as fundações do templo. As obras progrediram rapidamente, de modo que, a 6 de agosto de 1750, a parte do templo pronta para o culto foi consagrada. De 1753 a 1755, os trabalhos prosseguiram até a sua conclusão. A decoração interna ficou pronta em 1766.

Na segunda metade do século XIX, entre 1869 e 1879, o templo sofreu extensas obras de remodelação.

Quando da eclosão da Segunda Revolta da Armada brasileira, um tiro disparado pelo encouraçado Aquidabã atingiu a torre sineira desta igreja (25 de setembro de 1893), derrubando a estátua alusiva à religião, que, apesar da queda de mais de 25 metros de altura, sofreu poucos danos.

 

Características

Quando da remodelação do século XIX, a entrada da igreja passou a ser feita por uma galilé (alpendre) de três arcos fechada por grades de ferro, tendo sido erguida a torre sineira ao centro. A fachada é ornada por imagens de santos. Na mesma ocasião, a capela-mor foi grandemente ampliada. 

Na decoração interior, de vivo colorido como ao gosto da classe comercial, em estilo rococó tardio, a talha de madeira, de autoria de Antônio de Pádua e Castro, confunde-se com o estuque (argamassa resultante da ação de gesso, água e cal) executado pelo mestre Antônio Alves Meira. 

 

Carlos Moioli

 

 

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