Receitas de santidade

Todos nós nascemos para a libertação e para que sejamos como deuses, pelos benefícios da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Já no início da vida humana, nosso pai, Adão, já tinha esse desejo colocado por Deus no íntimo de seu coração, para que pudesse fazer aquilo que Deus faz: amar.

Todo o nosso desejo, seja ele bom ou não, está orientado por essa realidade interior que nos faz desejar ser cada vez mais igual a Deus, ainda que nós não conheçamos esse Deus de amor.

No livro do Genesis, no Capítulo três, temos, logo no início, a tentação que a serpente faz a Eva, para que ela coma do fruto proibido. A justificativa da serpente para que a mulher comesse desse fruto era que ela seria como deus, conhecedora do bem e do mal. Ora, todos nós desejamos ser como deuses. Todos queremos seguir os passos de Jesus Cristo e permitir que nosso coração seja divino, seja santo.

A serpente, que é o diabo, sabia bem do plano de Deus para a Humanidade: que todos vivessem em harmonia, com o Espírito de Deus, e pudessem elevar as próprias almas a uma vida muito superior a essa vida terrena.

Sabendo que o nosso coração é inclinado a agir conforme àquilo que entendemos ser bom, o demônio nos tenta e nos leva a acreditar que Deus proibiu o que é bom. Assim nasce o pecado.

Pecar significa mirar e errar o alvo. Tentamos fazer o bem, mas cometemos o mal, por nossa culpa, por falta de clareza de quem Deus é e por não perceber em nosso interior a história de salvação que Deus quer realizar comigo e contigo.

Antes de qualquer outra coisa, precisamos entender uma coisa: quando Deus criou o homem e a mulher, Adão e Eva, ele deu um coração livre de toda inclinação ao mal, para que eles pudessem entregar suas vidas e obedecer à voz de Deus totalmente, de todo o coração e com todas as suas forças.

Adão e Eva foram criados para servirem como molde espiritual de todos os seres humanos. Por isso, como eles cometeram um mal, após desprezarem a ordem de Deus, o coração deles se manchou com o mal da desobediência. E o nosso coração veio manchado com o mal do pecado de Adão e Eva.

Imagine a seguinte situação: estamos pensando em assar um bolo de chocolate em formato de coração, para comermos em família. Para fazer isso, preparamos a massa do bolo e precisaremos de um tabuleiro em formato de coração, para despejar a massa.

Prontamente, pegamos um antigo tabuleiro de alumínio que possuímos, ainda que tenhamos visto que esse tabuleiro possui alguns amassados nas laterais. Assamos o bolo e, na hora de desenformar, vemos que ele não ficou tão perfeito quanto pensávamos, embora ainda nos faça lembrar um coração.

Assim aconteceu conosco. Havia um tabuleiro em formato de coração, que eram Adão e Eva. Deus havia formado esse tabuleiro sem amassado algum, mas eles mesmos amassaram esse tabuleiro, quando, por conta da tentação, caíram e deformaram o coração perfeito que Deus tinha dado a eles.

O tabuleiro pode estar deformado, mas Deus ainda assim despeja a massa nesse tabuleiro. Esses “amassados” são a nossa inclinação ao mal, que damos o nome de oncupiscência. Essa massa é a vida que Deus nos dá. Deus permite que o bolo do nosso coração exista com esses amassados, para que Cristo venha ser o nosso confeiteiro e remodele o nosso coração com os instrumentos da Sua Graça.

O tabuleiro é Adão e Eva; O amassado é o orgulho pecaminoso em cada um de nós; A massa é a vida que Deus nos dá; E o bolo somos nós; Nós nascemos doentes, mas Deus, médico das almas, se manifesta a nós para curar o nosso coração e tornar esse mesmo coração solícito aos nossos irmãos e irmãs e agradável a Deus. Assim como cada bolo é diferente, mesmo que se use a mesma forma, assim também nós somos diferentes, de modo que esses amassados no tabuleiro se mostram diferentes em cada um: o orgulho se manifesta de maneira diferente em cada coração.

Alguns nascem com uma tendência à ira um pouco mais aflorada que outros. Outras pessoas nascem com uma preguiça maior do que a de outros. Alguns com um apego enorme aos bens materiais. E você, qual o seu amassado?

O exercício que devemos fazer diariamente é o de olhar para nós, para nossas ações, e ver onde o nosso defeito, o nosso amassado, precisa ser remodelado por Jesus Cristo, de modo que em todos os instantes nós busquemos essa remodelação, em nosso trabalho, em nossas casas, em nossos afazeres.

Jesus remodela o nosso coração de acordo com a nossa disponibilidade. Se nós não estamos dispostos a colocar todo o nosso ser para que Deus nos remodele e coloque em nós os confeitos da santidade, Deus não poderá realizar a sua obra, pois não tem beleza nenhuma em um bolo confeitado pela metade. Assim, ou seremos santos por inteiro, suplicando que nosso salvador venha consertar as nossas deformações: tanto a deformação que recebemos de fábrica, de nossos pais Adão e Eva, ou as deformações que adquirimos por conta de nossos pecados.

Após o seu dia de trabalho, após os cansaços dos seus dias, chegue em casa, vá a um lugar reservado e olhe para dentro de seu coração naquele momento, e entregue ao senhor tudo o que te afasta dele. Diga a Deus hoje as tuas angustias, os teus cansaços.

Se não conseguir identificar nada, entregue a Deus essa deformidade que o orgulho deixou em nosso coração assim que nascemos.

Dia após dia, Deus vai embelezando o nosso coração com os confeitos da Sua graça e do Seu amor.

Que a Santíssima Trindade, Deus-Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo permaneçam conosco hoje e para sempre.

 

Waiss Lucas Barboza Coelho – Seminarista da configuração I

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