Solenidade do Natal do Senhor – Missa do Dia

“Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus” (Sl 97/98)

 

Celebramos com grande alegria o Natal do Senhor Jesus, uma oportunidade de agradecer a Deus por nos ter “presenteado” com a encarnação do seu filho Jesus. O Verbo se fez carne e habitou entre nós, o príncipe da paz, o Emanuel, o Deus conosco está entre nós. Celebramos a Noite de Natal, acolhemos o Menino Jesus em nosso meio, e no dia queremos dar a Ele o nosso melhor presente, que é o nosso coração.

Do mesmo modo que os pastores em Belém, possamos oferecer ao Menino Jesus os presentes: ouro, incenso e mirra, nos curvarmos diante da manjedoura e adorá-Lo. Ao contemplar o presépio, possamos voltar os nossos olhos para a Cruz, pois um mistério está ligado ao outro.

Com o nascimento do Menino Jesus, a nossa fé e nossa esperança são renovadas, a nossa fé em um Deus que nos ama e a esperança em dias cada vez melhores. Deus nos ama tanto que enviou o seu Filho ao mundo, a fim de se fazer igual aos homens, nascendo pobre e ensinando a todos os homens o caminho do amor. Com o nascimento de Jesus conclui-se a aliança de amor entre Deus e os homens e conclui-se uma parte da história da salvação e inicia outra.

O dia de Natal é dia de participarmos da Santa Missa, é dia Santo de guarda. Que o nascimento de Jesus hoje ensine a Humanidade o caminho da fraternidade e da paz e que ao invés de muros, possamos construir pontes.

A primeira leitura da missa do dia é da profecia de Isaías (Is 52, 7-10). Isaías diz que como são belos os pés do mensageiro, daquele que anuncia a paz e o bem. A função do profeta é ser esse mensageiro, ou seja, portador da boa nova e da justiça de Deus. No novo testamento Jesus é esse mensageiro de Deus que anuncia à Humanidade o caminho da salvação.  O Senhor se lembrou de Jerusalém e, após o tempo do exílio e deserto, o povo desfrutará de sua terra, e a terra deserta e árida se transformará em frutífera.

Isaías, cerca de quatrocentos anos antes do nascimento de Cristo, prevê que com o nascimento de Jesus, Deus selaria uma nova e eterna aliança com a Humanidade. A justiça de Deus se concretizaria com o nascimento de Jesus.

O Salmo responsorial é o 97 (98), o refrão do salmo diz: “Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus”, através do nascimento de Jesus é aberto o caminho da salvação e todo o universo contempla essa salvação. A salvação de Deus é para todos, basta querer abrir-se para essa salvação que Ele quer oferecer. Todo o universo deve alegrar-se com o nascimento de Jesus Cristo e todos os povos devem unir-se para a construção da paz. A intenção última de Deus é salvar todo ser humano. Deus busca sempre salvar o ser humano e nunca condenar.

A segunda leitura dessa missa de Natal é da carta aos Hebreus (Hb 1, 1-6), o autor sagrado diz que de muitos modos Deus falou a humanidade e nesses dias falou por meio de seu filho Jesus Cristo. Jesus é o herdeiro e por meio D’Ele, Deus criou o universo, pois Jesus é a palavra encarnada do Pai e Deus criou o mundo por meio da Palavra. Ele morreu na Cruz para nos perdoar de nossos pecados e para selar a aliança entre Deus e a Humanidade. Com a morte de Cristo na Cruz, é selada uma aliança eterna e torna-se selada a história da salvação, e agora do céu Ele intercede por nós e todos os anjos o adoram.

O Evangelho é de João (1, 1-18): esse trecho é o início do Evangelho de João e conhecido como o prólogo de São João. Ele inicia dizendo que no princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. No princípio estava ela com Deus, Deus criou o mundo por meio da Palavra e depois essa mesma Palavra se fez carne. Essa Palavra é o próprio Cristo, que veio para iluminar a vida daqueles que caminhavam em meio às trevas.

Antes de Jesus, porém, veio um homem, um grande profeta chamado João Batista, conhecido como o precursor, que pregava um batismo de conversão e preparando as pessoas para a chegada do Reino de Deus que viria com Jesus. Ele vivia no deserto e nas montanhas e anunciava que Jesus Cristo é aquele que viria para iluminar as trevas e endireitar os caminhos tortuosos. João Batista não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz, Ele não era o Messias, mas veio preparar o caminho.

A palavra estava no mundo, mas o povo não quis conhecê-la, se rebelaram contra Deus e não queriam fazer a sua vontade, por isso João Batista prega um batismo de conversão, advertindo as pessoas que o Reino de Deus está próximo. O Reino de Deus é justiça, paz, perdão, amor e misericórdia, tudo isso advém da Palavra de Deus e Jesus anuncia. Ele próprio é o Reino de Deus e nós somos convidados a vivê-Lo no dia a dia.

A Deus ninguém jamais viu, mas o seu unigênito Ele deu a conhecer. Veio na forma de menino, no seio de uma família, cresceu, amadureceu e, a partir de seu batismo, iniciou a vida pública e saiu para anunciar o Reino de Deus.

Contemplemos a eloquência da pobreza da manjedoura que serve de acolhida para o Salvador da Humanidade, nosso Redentor Jesus. Creio que o dia de hoje deve ter um gesto pessoal e comunitário bem concreto em favor dos mais pobres, humildes, abandonados, doentes, marginalizados e que vivem formas de vulnerabilidade social. Vamos acolher e repartir de nossas mesas com estes que mais precisam! Isto é um gesto concreto de partilha e alegria natalina em nome de Deus Menino!

Celebremos com alegria esse santo Natal e, antes de tudo, agradeçamos a Deus por nos ter revelado o Seu filho. Que ao celebrarmos mais uma vez o Natal, esse menino possa trazer paz à terra e todos os homens se unam num único objetivo que é construir um mundo mais fraterno e solidário. Façamos como Maria e nos abramos à vontade de Deus.

Abençoado, feliz e Santo Natal!

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

 

 

 

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