A Arquidiocese do Rio de Janeiro celebrou o Dia Mundial dos Pobres durante uma semana, de 5 a 13 de novembro, com celebrações, fórum, lives, seminário, lançamento de livro e ação social, sob a coordenação do Vicariato Episcopal para a Caridade Social.
A missa de abertura, presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, foi realizada na Catedral de São Sebastião, no Centro, no dia 5 de novembro.
“Celebramos, nesta Eucaristia, a vida e a missão de todas as pessoas que trabalham nas pastorais sociais para que sejam iluminadas e, como bons cristãos, possam viver intensamente o anúncio de Jesus Cristo através do testemunho da vida e do serviço aos irmãos e irmãs, principalmente os mais necessitados”, explicou o arcebispo no início da missa.
Entre os concelebrantes estavam o bispo auxiliar e animador da dimensão social, Dom Paulo Celso Dias do Nascimento, o vigário episcopal para a Caridade Social, monsenhor Manuel de Oliveira Manangão, o coordenador arquidiocesano da Pastoral de Favelas, monsenhor Luiz Antônio Pereira Lopes, e o pároco da Catedral, cônego Cláudio dos Santos.
Houve também a presença de representantes de organismos vinculados ao Vicariato da Caridade Social que estão engajados em ações emergenciais e de promoção às pessoas em situação de vulnerabilidade social: Pastoral do Menor, Pastoral de Favelas, Missionárias da Caridade, Toca de Assis, Comunidade Sementes do Verbo, Associação Solidários Amigos de Betânia e Ação de Amor do Cristo Redentor, entre outros. Estiveram ainda representantes da Marinha do Brasil, do Comando Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, os comandantes Caldas e Fábio Cunha.
Dia Mundial dos Pobres
Na homilia, Dom Orani lembrou que o Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco em 2016, na conclusão do Jubileu da Misericórdia, cuja data sempre será celebrada no penúltimo domingo do ano litúrgico, isto é, no 33º Domingo do Tempo Comum. Neste ano, o Dia Mundial dos Pobres já na sua sexta edição, tem como tema: “Jesus Cristo fez-Se pobre por vós” (cf. 2 Cor 8, 9).
O arcebispo lembrou que os “temas com relação a pobreza, fome e miséria têm sido recorrentes em diversos tempos e que o Papa Francisco, ao instituir um dia próprio, quis contemplar a vocação e a missão da Igreja desde o seu início, quando foram designados diáconos para servirem às mesas, e muitos deles foram martirizados por apresentar que a riqueza da Igreja eram os pobres”.
Mais dois eventos abordam o assunto. O Congresso Eucarístico Nacional, que está sendo realizado de 11 a 15 de novembro, em Recife (PE), tem com o tema “Pão em todas as mesas” e o lema “Repartiam o pão com alegria e não havia necessitados entre eles”. Ainda a Campanha da Fraternidade de 2023, promovida pela Igreja no Brasil, tem como tema “Fraternidade e a fome”, e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).
Multiplicar a fraternidade
Ao refletir sobre o Evangelho do dia (cf. Lc 16,9-15), Dom Orani lembrou que o cristão não pode servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro, e conforme ensinou Jesus, é preciso partilhar os bens, sendo fiel no pouco ou no muito.
“Os cristãos, pelo fato de viverem na liberdade dos filhos de Deus, não podem ser dominados pelos bens desse mundo. A fidelidade deve ser no pouco ou no muito. Às vezes, a pessoa tem pouco e é escrava de seus bens. Devemos trilhar o caminho do Evangelho, procurando transformar o mundo para ser mais justo, humano, fraterno e cristão”, disse.
“Quanto mais buscarmos o Senhor, mais poderemos vivenciar a experiência de não se apegar aos bens e de ser capazes, pela graça de Deus, de partilhar do pouco ou do muito que temos”, completou.
Fiel aos ensinamentos de Jesus – observou o arcebispo –, os santos e santas de Deus, independentemente da época, do lugar e do regime de governo em que viveram, todos tiveram a preocupação com os mais pobres, de ver e de servir Cristo presente no irmão necessitado, quer na dimensão educacional, social ou da saúde.
Dom Orani lembrou ainda a contribuição da Igreja ao construir hospitais, leprosários, creches, lares para idosos, e tantas outras instituições do gênero, como também o trabalho desempenhado pelas várias pastorais sociais que procuram minimizar o sofrimento das pessoas.
“Enquanto Igreja, somos chamados a encontrar caminhos para multiplicar a fraternidade, dar a nossa parcela de contribuição para um mundo melhor. Nossa arquidiocese se empenha em dar respostas, com gestos concretos, às várias necessidades dos mais pobres, mas precisamos seguir em frente, cada vez mais e melhor. Tudo o que fazemos, o pouco ou o muito, sempre tem uma razão principal, que é Jesus Cristo, a razão de nosso viver”, concluiu o arcebispo.
Semana Social
Além das missas de abertura (5 de novembro) e de conclusão (13 de novembro), o Dia Mundial dos Pobres na Arquidiocese do Rio de Janeiro constituiu-se de várias atividades realizadas durante uma semana.
Dia 5 de novembro: Fórum das Pastorais Sociais, no subsolo da Catedral de São Sebastião, no Centro, de forma presencial, onde foram discutidos temas como Mapa da Fome no Brasil, Segurança Alimentar e Nutricional e Horta Comunitária.
Dia 6 de novembro: Missas e rodas de conversa nas paróquias com orientações e divulgação da Semana Mundial dos Pobres.
Dia 7 de novembro: Live sobre Trabalho Análogo à Escravidão, com a presença de representantes da Cáritas e do Ministério Público do Trabalho.
Dia 8 de novembro: Live sobre Segurança Alimentar, com a presença de representantes da Pastoral da Criança, Santuário de Fátima (Recreio), Sociedade São Vicente de Paulo, Gastromotiva, Programa Cozinha Comunitária e Projeto Favela Orgânica.
Dia 9 de novembro: Live sobre Educação – Instrumento de inclusão, com a presença de representantes da Banco da Providência, Jovem Aprendiz da Pastoral do Menor e Conselho Tutelar.
Dia 10 de novembro: Live com líderes de várias religiões de cunho cristão e inter-religiosas.
Dia 11 de novembro: Seminário sobre a População em Situação de Rua, realizado de forma presencial na Catedral de São Sebastião, no Centro, com representantes do Poder Público, Sociedade Civil e Movimentos da População de Rua.
Dia 12 de novembro: Seminário sobre Moradia Como Porta de Entrada Para Todos os Direitos Sociais, realizado de forma presencial na Catedral de São Sebastião, no Centro, com representantes da UERJ, Defensora Pública e Plante Ação.
Ação de Amor do Cristo Redentor
Nos dias 8 e 9 de novembro, dentro da programação da Semana do Dia Mundial dos Pobres, o Santuário Cristo Redentor realizou uma “Ação de Amor”, na parte externa da Catedral de São Sebastião, com serviços gratuitos de documentação, saúde, orientação jurídica, sustentabilidade, cursos profissionalizantes, entre outros.
Nos dois dias, o projeto itinerante do Santuário Cristo Redentor realizou 3.879 atendimentos aos moradores em situação de rua.
Lançamento de livro
No dia 5 de novembro, durante o Fórum das Pastorais Sociais, na Catedral de São Sebastião, no Centro, houve o lançamento do livro de autoria do professor e escritor Antônio Marcos dos Santos. A obra é um fragmento histórico da longa jornada de mais de 20 anos de acompanhamento e cuidado da ASAB (Associação Solidários Amigos de Betânia) junto às pessoas sofredoras em situação de rua e dependentes químicos. A instituição foi criada a partir das vivências de uma religiosa, Irmã Maria Elci Zerma, que decidiu ir além do carisma congregacional e abraçar e acolher os mais sofridos da sociedade.
Filme sobre Madre Teresa
Ainda como parte da Ação de Amor do Cristo Redentor, o Santuário Cristo Redentor realizará a pré-estreia social do filme “Madre Teresa – Amor maior não há”, em uma sessão especial, na Catedral de São Sebastião, no Centro, para a população em situação de rua.
Distribuído no Brasil pela Kolbe Arte Produções, o filme conta a história de Madre Teresa de Calcutá, que segue entre as mais reverenciadas personalidades do mundo, exemplo de autêntica caridade cristã.
Carlos Moioli