Todos sejam um

Sou pastor evangélico, creio no batismo do Espírito Santo e nos dons de Deus concedidos ao Corpo de Cristo. Estamos celebrando 25 anos de ordenação episcopal de Dom Orani João Tempesta, hoje cardeal arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Considero muito importante estarmos conscientes do que estamos celebrando. A jornada ministerial de Dom Orani é marcada pelo clamor de Jesus Cristo: “que todos sejam um” (São João 17:22). Esse homem de Deus exala uma profunda revelação da necessidade básica da unidade dos cristãos – e esse é um fundamento desse abençoado episcopado.

Sob a cobertura espiritual de Dom Orani, a Arquidiocese do Rio de Janeiro abriga a plataforma de diálogo entre cristãos “Somos Um”, a qual hoje atinge os cinco continentes e revela essa missão de reconciliação, perdão e, acima de tudo, unidade entre cristãos de todas as expressões. Cristãos católicos, protestantes tradicionais, evangélicos, pentecostais, ortodoxos, neopentecostais, enfim, todas as expressões da fé cristã moram no coração de Dom Orani. Dom Orani não mede esforços para promover o ambiente correto para que se cumpra o clamor do Filho Jesus ao nosso Pai Celestial para que “todos sejam um”. O acolhimento fraterno do coração de Dom Orani a todos os cristãos nos dá uma grande esperança de ver o amor, a fé, a fraternidade e a reconciliação prevalecerem mesmo em cenários que historicamente foram turbulentos. O entendimento e mão sempre estendida aos nossos irmãos ortodoxos é outra marca de Dom Orani. Realmente vejo em Dom Orani uma voz ungida por Deus para promover tal unidade. Cristãos de todos os continentes e de todas as expressões têm acorrido a essa plataforma de diálogo ecumênico e de unidade que reside sob as asas de Dom Orani. E outras plataformas de ecumenismo também se abrigam e crescem sob o ministério de Dom Orani.

Dom Orani tem o dom divino da oratória e, evidentemente, pratica o que prega. A sinceridade de coração e a impressionante disponibilidade a todos nos dá a liberdade de dizer que temos entre nós um verdadeiro coração de pastor para orientar as ovelhas de seu rebanho. No Evangelho de Mateus 9:36, lemos: “Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor.” Em cenários de desastres naturais, durante a pandemia, ou em diferentes expressões das aflições humanas, a preocupação com os necessitados sempre foi uma tônica de Dom Orani.

Eu e minha esposa tivemos a honra de estarmos presentes em Roma quando Dom Orani foi criado cardeal pelo Papa Francisco, em fevereiro de 2014. Foi uma experiência singular. Ouvimos de muitos a importância desse passo para a Igreja Católica no Rio de Janeiro e no Brasil. Embora seja inusitado ter um pastor evangélico e sua esposa convidados para o ato papal de criação de um cardeal católico, digo que essa é mais uma amostra da atmosfera de inclusão que Dom Orani expressa.

Os nossos corações se encontram no clamor pela unidade dos cristãos. Dom Orani e eu já tivemos oportunidade de expressar juntos a dor pelo pecado da divisão que atormenta o cristianismo e de juntos orarmos pela unidade dos cristãos.

Quando tempos turbulentos cercaram a mim e a minha família, Dom Orani, assim como outros irmãos católicos, foram uma rocha de amor e fé para nós. Dom Orani convidou a minha família para almoçarmos com ele. E, cercados de vários outros irmãos, recebemos uma palavra de fé e encorajamento que nos guardou naqueles momentos difíceis, nos encoraja e nos fortalece até os dias de hoje.

Outro aspecto importante a se salientar é o papel do Dom Orani na pacificação da relação entre as diversas religiões. Criador e líder de um grupo de líderes religiosos chamado Diálogo & Paz, Dom Orani se posiciona e instiga outros líderes religiosos a se posicionarem, à busca de ações práticas que revelem um diálogo inédito entre as diferentes expressões de fé. Por mais que divirjam em seus rituais e práticas de fé, Dom Orani promove o respeito, o conhecimento mútuo, o diálogo e a paz entre as religiões. Percebo nessa iniciativa um exemplo em que outros setores da nossa sociedade poderiam se espelhar e aprender a concordar em discordar, sem jamais perder o respeito e, por que não, o amor uns pelos outros. Num clima isento de proselitismo, conhecer o próximo e entender os fundamentos de sua fé, nos aproxima no coração sem ter que existir a uniformidade de expressão religiosa. É um projeto ousado, repito, criado e liderado por Dom Orani. Esses diálogos foram levados de forma semanal para as mídias sociais, e espalham esse exemplo e a verdade de que no diálogo pode sim haver a paz ente as diferentes religiões. Sob sua orientação, esses diálogos semanais transmitidos por várias mídias têm sido um alento para milhares de pessoas do bem e um alerta semanal de que coisas podem sim ser transformadas através da boa convivência em paz e comunicação de coração.

O caminho da unidade entre cristãos, do diálogo e paz entre religiões, a meu ver, reflete o coração de misericórdia e pacificação que caracteriza o episcopado de Dom Orani. Na simplicidade de uma amizade em Cristo, clamo ao Altíssimo pela proteção e direção de nosso cardeal arcebispo, a quem amamos e respeitamos, pedindo a Deus por sua saúde, integridade física e, acima de tudo, que continue sendo guiado pelo Espírito Santo de Deus na sua missão de encontrar respostas e apoio para os pobres e necessitados, para os que nos últimos tempos perderam as condições mínimas de dignidade humana, para a unidade de Igreja de Jesus Cristo e para a promoção do diálogo e paz entre as religiões.

Deixo aqui, a quem interessar possa, a minha expressão pessoal de admiração e respeito a Dom Orani. Quero parabenizá-lo pelos 25 anos de ministério episcopal, mas eu precisava expressar alguns dos detalhes que podem a ajudar a muitos a entenderem o impacto desses 25 anos, assim como instigar a expectativa do que é possível vir pela frente quando temos um líder humilde, simples e guiado por Deus.

Silas Esteves, Pastor presidente do Ministério Betesda, em Niterói (RJ)

 

 

 

 

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