Um espetáculo natalino na Igreja de São Francisco de Paula

Neste mês, o Rio de Janeiro presenciou elegante evento no cerne de seu centro histórico: uma verdadeira cantata de Natal, que ocorreu na nave da Igreja de São Francisco de Paula, situada em largo de mesmo nome, e que contou com a participação da Orquestra Sinfônica da UFRJ e de seu coral infanto-juvenil, além de estudantes das classes de canto da Escola de Música Federal.

Em ânimo festivo, esse evento demarcou o encerramento da temporada de 2023 da Orquestra Sinfônica da UFRJ e contou ainda com a participação do Brasil Ensemble, grupo de câmara, coro e voz muitíssimo premiado tanto no Brasil como no estrangeiro. 

O repertório privilegiou temas eminentemente natalinos e incluiu composições de consagrados compositores, muitos dos quais, sendo clássicos, são alma e formação dos mais modernos motivos de Natal – e que tanto soam n’alma das pessoas com a chegada desta época.

Ao público foram entoadas peças de Pyotr Ilyich Tchaikovsky, incluindo a conhecidíssima “Valsa das Flores”, do balé “O Quebra-Nozes”; uma esplendorosa “overture” de Coleridge-Taylor; a famosíssima “White Christmas”, de Irving Berlin; o “Nöel d’Enfants”, do francês Gabriel Fauré, e as obras “Christmas Day”, de Gustav Holst, e “A Christmas Festival”, do compositor Leroy Anderson, norte-americano.

Foi destaque a participação do jovem barítono Cristóbal Rioseco, de quem já ouvimos falar algumas vezes, mas certamente conheceremos muito mais, em breve, considerando a sua grande técnica e esmerada capacidade.

Foram dirigentes artísticos desse espetáculo e não menos concorrentes para o seu sucesso, Maria José Chevitarese, diretora do Brasil Ensemble e do Coral Infanto-Juvenil da UFRJ, Juliana Melleiro Rheinboldt, diretora da classe de canto do Coral da Escola de Música da UFRJ, e André Cardoso, regente da Orquestra Sinfônica da UFRJ – e de todas as apresentações daquela noite.

Presentes estiveram muitas personalidades conhecidas de nossa cidade, como autoridades locais, gente do comércio e das altas administrações leigas e eclesiásticas, todas especialmente convidadas para esse evento.

Foram notáveis as presenças, por exemplo, de SS. AA. II. & RR. D. Cristina Maria de Ligne e de seu esposo, D. Antônio de Orleans e Bragança, príncipes do Brasil e representantes da Família Imperial brasileira, de membros da Associação Comercial do Rio de Janeiro, dos regentes Ronal Silveira e Abel Rocha, de membros da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio de Janeiro (ADCE), como Alberto Gallo e Elmair Neto, respectivamente presidente e vice-presidente da referida instituição, Bruno Hellmuth, presidente do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro, Luccas Romualdo, também no mesmo Círculo, Isis Penido, lugar-tenente da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, e de Júlio Sperber, e Daisy Ketzer, ambos da Comissão do Patrimônio Histórico da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

De muito bom gosto, o concerto foi um verdadeiro presente para o Rio de Janeiro, que em seu centro histórico e movimentado, às 18h, foi enternecido pelo poder da música, atraindo casais, famílias inteiras, assim como consumidores que aproveitavam as oportunidades de final de ano para os seus natais.

Na plateia, portanto, viam-se homens e mulheres recém-saídos de seus trabalhos, gente simples em mangas de camisa, ou em bem cortados fatos e ricamente engravatados. Senhores e senhoras com dezenas de sacolas aos pés, contendo presentes ou gêneros para a ceia próxima, e, principalmente, grupos de namorados, pais, filhos, avós e netos, que carinhosamente se aconchegavam e se abraçavam mais e mais, conforme as músicas se desenvolviam, e o clima da harmonia que elas exaravam preenchia o ar, arrebatando os corações do público. 

Essa festa teve três anfitriões: a Associação Comercial do Rio de Janeiro, a Venerável Ordem dos Mínimos de São Francisco de Paula, que fundou a igreja, de mesma devoção, Cláudio André Castro, diretor e sócio-proprietário da Sérgio Castro Imóveis, juntamente com seu irmão, Sérgio Claudio Castro, e a mãe de ambos, Lourdes Padilha.

Tão logo iniciou o evento, Claudio Castro saudou aos congregantes, e lhes explicou, com vasta sabedoria nas palavras, que as igrejas foram as casas de cultura e da educação brasileira ao longo da história do país. 

Nada menos preciso para um dia como aquele.

Em seguida, o cônego Álvaro José Inácio da Silva, comissário administrativo da Igreja de São Francisco de Paula, também deu boas-vindas à plateia.

Claudio também celebrava naquela noite a faustosa sigla de sua nova empreitada: o selo Sérgio Castro Ouro, que tratará de imóveis de alto padrão em todo o território nacional, sob a batuta de Paulo Cezar Ximenes e de seu time ouro. 

Em vista dessa importante comemoração, mas sobremaneira discreta, perante o assombro que o evento musical surtiu, também se fizeram presentes figuras importantes do setor imobiliário. 

De igual forma também estiveram presentes Alice Castro, filha de Sérgio Castro e, respectivamente, sobrinha de Claudio, Lucy Dobbin e Dirceu Marmo, Domingos Fernandes, Johnny Furtado, Lúcio Pinheiro, Marcus Vinícius Ferreira, Paulo Janildo e Wilton Alves, da Sérgio Castro Imóveis.

Sem muito ornamento, fora a sua inerente arte, a Igreja de São Francisco de Paula esteve esplendorosa. 

Também pudera: o orago é todo revestido da mais fina talha produzida na virada do século XVIII. Ali trabalharam o Mestre Valentim e, logo a seguir, a mão de seu grande sucessor, Antônio de Pádua e Castro, que foi incumbido de executar um projeto antigo de Bragaldi, e depois teve a liberdade, mas também a grandeza de preencher as obras do velho Mestre, sem, no entanto, desaboná-las, cativando-nas com belíssimas guirlandas, e elementos florais que dispensam qualquer arranjo.

Suas paredes, desde a fundação do templo em princípios dos anos 1760, pelo bispo D. Antônio do Desterro, é certo que já viram muita coisa.

Mas a sua simbiótica relação com a música é dos pontos que mais se destaca em sua história de mais de 200 anos.

Em 21 de janeiro de 1816, sob aquele mesmo teto, o padre José Maurício Nunes Garcia também organizou um outro espetáculo musical, para instituir uma missa de ação de graças em nome do Senado da Câmara. O evento foi regido por si e brindado com a presença dos cantores da Real Capela. Assistiram à solenidade o povo reunido da corte e também o então príncipe-regente D. João VI e seus sereníssimos filhos.

O mundo dá voltas, mas não foge de suas sinas: o evento de 21 de janeiro de 1816 foi um estrondoso sucesso. 

Ele também contou com representantes da esfera monárquica nacional, assim como personalidades de grande vulto, para exaltar a convivência gregária dos cariocas.

Não é pequeno que se diga então que embora apartados 207 anos um do outro, o resultado da cantata de 2023 não saiu diferente do de 1816: foi um magnífico sucesso, e que bem poderá ser relembrado nos próximos dois séculos que virão.

 

Matheus Campelo, advogado

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