Vicariato para a Educação promove Simpósio sobre ética e desafios digitais da juventude

A Arquidiocese do Rio de Janeiro lançou seu olhar sobre a educação no início da juventude. Promovido pelo Vicariato Episcopal para a Educação, a quinta edição do Simpósio de Educação Católica foi realizada no dia 25 de outubro, no Colégio Santo Agostinho, na Barra da Tijuca, e abordou o tema “Formação ética na adolescência”.

O encontro reuniu especialistas em educação, professores e lideranças religiosas para discutir os desafios de formar jovens em um mundo marcado pela pressa, pela exposição digital e pela fragilidade das relações humanas.

“Em contato num projeto de escuta com os diretores, com os formadores, com os professores, nós percebemos essa necessidade dessa abordagem”, afirmou o padre Rodrigo de Oliveira Dias, vigário episcopal adjunto para a Educação da Arquidiocese do Rio.

Frei Nicolás Luis Caballero Peralta, diretor do Colégio Santo Agostinho, na Barra da Tijuca, destacou a importância do tema e o papel das escolas católicas: “Sempre o Vicariato Episcopal para Educação teve conosco. Então queremos responder a esse carinho com a melhor acolhida. Muitas vezes focamos no que temos que fazer, no que nossos alunos vão fazer, e temos que focar na nossa missão católica, no que eles são. Por isso, a importância do simpósio e de reforçar nossa identidade católica”.

Os colégios confessionais católicos — instituições que aplicam a doutrina da fé e os valores do Evangelho em todo o seu projeto pedagógico — têm observado mudanças profundas no comportamento dos alunos. A sala de aula se tornou um espelho dos problemas do mundo digital: o vício em telas, a ansiedade, a baixa concentração e a violência impactam diretamente a aprendizagem e a saúde mental dos adolescentes.

O simpósio abordou a relação família-escola na formação moral da juventude, a importância da ética positiva e os desafios das redes sociais digitais. Muitos adultos recorrem à máxima “no meu tempo não tinha isso” para falar dos desafios da juventude, mas o consultor educacional Ricardo Mariz apontou que o sofrimento emocional da adolescência não é novo. O que existe hoje é uma dupla mudança: as transformações internas do jovem somadas às mudanças da sociedade. O grande desafio é compreender essa dor sem relativizá-la.

“Então, por exemplo, quando eu era adolescente, você vai de castigo, você vai para o quarto. No quarto eu me isolava do mundo. Hoje, no quarto, ele encontra o mundo pela conexão. (…) E aí, nós adultos temos feito o quê? Nós cuidamos dele no espaço público e descuidamos no quarto. A hora que ele está no mundo é a hora que eu estou descuidando dele”, observou Ricardo Mariz.

Diante desse cenário, qual é o papel dos educadores, sejam eles pais ou professores? A diretora Camilla Farah apontou um caminho: “Ser virtuoso. O que não é nada fácil, né? Eu não me diria como uma professora virtuosa, mas pelo menos alguém que busca a virtude, que busca a santidade. Então, o que me move é Deus. (…) Essa luta pela santidade vai transparecer de alguma forma, porque luta sempre transparece”.

Diante desse cenário, as escolas confessionais católicas reafirmam sua missão de unir fé e razão na construção de uma educação integral. E para a Igreja, esse trabalho é parte da própria missão evangelizadora.

“Eu tenho que conhecer o aluno, porque às vezes tem um aluno que é difícil no colégio e está dando problema, mas quantos problemas tem lá na casa dele? (…) Havendo essa empatia, escola e família vão realmente ajudar o aluno a se descobrir e vamos poder ajudá-lo melhor”, afirmou Dom José Maria Pereira, bispo auxiliar e referencial para a Educação na Arquidiocese do Rio.

O simpósio foi também um espaço de partilha e renovação do compromisso da Igreja Católica com a educação integral dos povos. Entre debates e testemunhos, ficou a certeza de que educar é evangelizar, e que a formação ética é uma semente que deve ser cultivada desde cedo — com diálogo, presença e fé.

“O quanto a gente precisa ser ao invés de performar algo. Então, se o ser humano é bom, ele é bom na sua essência, e não performando uma bondade que ele só faz porque o professor pediu, porque o coordenador pediu, porque senão ele vai perder ponto”, disse Camila Bertine, coordenadora pastoral do Instituto Nossa Senhora da Piedade, em  Jacarepaguá.

“E para ele ser verdadeiro, ele precisa receber os limites de quem lida com ele, para que assim aprenda a ver a educação de uma forma positiva e que verdadeiramente ele seja isso aí, o que ele é, do jeito que ele é e não como querem que ele seja. Isso que a gente leva hoje daqui”, completou a pedagoga Neite Bertine.

 

Ana Carla Machado

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