“Em 2013, o Papa Francisco e quase quatro milhões de jovens do mundo inteiro estiveram entre nós. E nós vimos Deus agir aqui em nossa cidade. Tenho certeza de que, hoje, Deus está agindo no coração e na vida de cada um de vocês”, disse o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, ao presidir na Catedral de São Sebastião, no Centro, no dia 27 de julho, a missa em ação de graças pelos 11 anos da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.
A missa foi concelebrada pelo bispo auxiliar Dom Tiago Stanislaw, pelo pároco da Catedral, cônego Cláudio dos Santos, pelo frei Gilson Azevedo, sacerdote da Congregação Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo, e diversos sacerdotes da arquidiocese.
Na homilia, ao fazer memória dos momentos da JMJ há 11 anos no Rio de Janeiro e também da celebração do dia, Dom Orani lembrou que no Antigo Testamento houve a distribuição de 20 pães para cem pessoas que, de certa maneira, souberam repartir uma quantidade razoável e até sobrou (cf. 2Rs 4,42-44). Já no Evangelho, continuou o arcebispo, cinco pães e dois peixes alimentaram mais de cinco mil homens e ainda sobraram 12 cestos cheios (cf. João 6,1-15).
“Todo o Capítulo 6 do Evangelho de João é um discurso sobre Jesus Cristo, o Pão da Vida, que dá vida ao mundo, pão da vida eterna que mata toda a fome e nos leva a Deus. Somos chamados a levar Jesus Cristo para que as pessoas tenham um encontro pessoal com Ele através da misericórdia, do perdão e da vida nova. Também hoje há milhares de pessoas que querem ouvir a Palavra de Deus, a Boa Notícia. As pessoas têm fome e sede de Deus, e encontram essa vida em Jesus Cristo”, disse o arcebispo.
“Vemos um mundo complexo, com violências, guerras e muitas situações que não levam em consideração a vida cristã e, muitas vezes, achincalhando os cristãos. No entanto, passamos pelo mundo fazendo o bem”, acrescentou.
O arcebispo reforçou sobre a narrativa da multiplicação dos pães, na qual lembrou que quando o menino apresentou cinco pães e dois peixes, Jesus deu graças e ao ser multiplicado, distribuiu, alimentou uma multidão de pessoas e ainda sobrou. Neste contexto, lembrou que o Sínodo sobre as Missões em curso na arquidiocese quer “levar a Palavra de Deus para que a vida das pessoas sejam iluminadas e tenham sentido”.
“Podemos pensar o mesmo: como fazer para evangelizar a grande cidade, levar as pessoas a experimentarem o amor de Deus?”, perguntou o arcebispo. Ele lembrou que a cidade está dividida, com situações de injustiça, problemas e violência, mas que é preciso evangelizar. Observou que havia 20 mil pessoas na Catedral, mas que era um número insuficiente diante de uma cidade com quase sete milhões de pessoas.
“Somos chamados a olhar para a simplicidade do menino e apresentar o que temos ou somos. Os cinco pães e dois peixes é a vida de cada um de nós. Somos nós os chamados para evangelizar a grande cidade, levar Jesus Cristo a tantas pessoas que necessitam ouvir uma palavra de amor, de perdão, de misericórdia. Ainda mais, temos toda a nossa Região Metropolitana e até o mundo para evangelizar, com todas as suas necessidades”, disse.
Dom Orani continuou: “nosso Senhor nos pede o pouco, o que somos e temos, mesmo que seja cinco pães e dois peixes. Isso basta, porque é o que temos para colocar nas mãos do Senhor. O pouco Ele multiplica para ter um coração cheio de ardor missionário para levar a boa notícia para tantas pessoas que necessitam. Nesta grande cidade há pessoas machucadas, mortas e que se matam. Têm ainda questões sociais, a falta de emprego, a fome, a miséria. Se colocarmos nossos cinco pães e dois peixes nas mãos do Senhor, as maravilhas acontecem”.
O arcebispo observou que quando vê as estatísticas dos trabalhos pastorais e sociais da Arquidiocese do Rio de Janeiro, fica evidente que milhares de pessoas são marcadas pela presença de Cristo, graças à disposição da missão evangelizadora, catequética e social de tantas pessoas.
“A Palavra de Deus hoje vem ao encontro do clima da Jornada Mundial da Juventude, que foi missionária, com o tema: ‘Ide, também vós semear, evangelizar, servir’. Vendo as necessidades das pessoas, somos chamados a nos colocar à disposição nas mãos do Senhor, para fazer a nossa parte”.
Dom Orani também refletiu sobre a carta de São Paulo (cf. Efésios 4,1-6), a segunda leitura, que é um convite para professar um só batismo, uma só fé, e uma só esperança. “Paulo fala justamente no momento que ele sente as várias situações que abatem sobre ele. Ele pede para que nós vivamos a unidade no mesmo batismo, na mesma fé, no mesmo Espírito Santo, e que é no fundo também tudo o que temos procurado fazer”.
“Enquanto cristãos, somos chamados a viver em comunhão em unidade, ser um sinal nesta cidade tão dividida. Viver a vocação batismal é ser missionário e evangelizador. Cabe a nós cumprir bem a nossa missão, viver em comunhão e unidade no meio da diversidade”, concluiu.
Rita Vasconcelos e Carlos Moioli