Dentro da Trezena do padroeiro da cidade e da arquidiocese, que neste ano tem como tema “São Sebastião, o arauto da comunhão”, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, presidiu missa em sufrágio da alma do arcebispo emérito, Cardeal Eusébio Oscar Scheid, na Catedral de São Sebastião, no dia 13 de janeiro.
“Nesta Eucaristia colocamos nas mãos de Deus a vida e alma do nosso arcebispo emérito, Cardeal Eusébio Oscar Scheid, que neste dia, há um ano, voltava para os braços do Pai. Rezamos por ele e agradecemos a Deus pela missão que desempenhou por onde passou e também em nossa arquidiocese. Ele que soube apresentar muito bem, durante seu ministério, a importância da vida eterna, que agora é uma realidade na sua vida de encontro com o Senhor, na vida definitiva, a visão beatifica”, disse.
Ainda no início da celebração, o arcebispo recordou que Dom Eusébio faleceu devido a pandemia do Corona vírus e de outras doenças precedentes e, em função, das restrições sanitárias da época não foi possível trazer seu corpo para a cripta da Catedral do Rio de Janeiro, sendo sepultado em São José dos Campos, onde residia desde que se tornou emérito, e onde faleceu no dia 13 de janeiro de 2021.
“Durante a Trezena, logo após o anúncio da partida de Dom Eusébio para a eternidade, celebramos a primeira missa no mesmo dia. Três dias depois, dia 16 de janeiro, celebramos a missa de exéquias no altar principal da Catedral, na cátedra por ele usada tantas vezes durante seu pastoreio em nossa arquidiocese. Agora, a missa pelo descanso de sua alma faz parte da programação da Trezena de São Sebastião”, disse.
Gratidão
Na saudação, Dom Orani fez um agradecimento especial as religiosas do Instituto de Nossa Senhora do Bom Conselho, pela “dedicação, fidelidade e proximidade” com que serviram e acompanharam Dom Eusébio quando ele morava no Palácio São Joaquim, no Rio de Janeiro, e depois em São José dos Campos, como arcebispo emérito.
A missa foi concelebrada pelos bispos auxiliares Dom Roque Costa Souza, Dom Célio da Silveira Calixto Filho e Dom Tiago Stanislaw, diversos sacerdotes e diáconos.
A vida eterna em deus
Na homilia, ao refletir as leituras escolhidas para a celebração, Dom Orani lembrou que a partida de alguém deste mundo, na tradição da Igreja, é o dia do seu nascimento, é quando começa sua vida no céu.
“No Evangelho, Jesus nos diz que a semente precisa ser jogada na terra para brotar e produzir frutos. Da mesma forma, quem entrega sua vida ao Senhor tem a vida eterna. Foi para isso que o Senhor veio, para entregar sua vida, e ao fazer isso, deu a vida eterna para todos. Quando celebramos a partida de um cristão, de alguém que viveu entre nos na fé, nós celebramos a certeza de que, imerso na vida de Cristo ressuscitado, a pessoa experimenta a vida que continua. Temos a certeza no coração que ele continua vivo junto de Deus. Hoje, celebramos o dia do nascimento para a eternidade daquele que serviu a Igreja no Rio de Janeiro”, disse o arcebispo.
“A fidelidade de Dom Eusébio a Deus foi até o fim de seus dias”, disse o arcebispo, observando que, ao “experimentar na vida o sofrimento e a doença, ele foi purificado como ouro no cadinho. Com seus pecados perdoados em vista da ressurreição de Cristo, ele tem a clareza da vida eterna”, disse.
Ao refletir a leitura do Livro das Lamentações, Dom Orani explicou que o “Senhor é bondoso, é a esperança e a herança para quem nele confia. Esperança que não ficou sem resposta. Em Jesus Cristo, temos a resposta de Deus, a certeza da vida eterna. Pelo batismo fomos colocados como herdeiros do filho de Deus, filhos do Filho, na qual herdamos o Reino, a vida eterna”, disse.
“Foi a certeza da vida eterna”, observou o arcebispo, que Dom Eusébio viveu, pregou e serviu a Igreja, destacando seu legado ao criar os vicariatos da Comunicação, da Caridade Social, dos Bens Temporais, o Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos, a visita as comunidades, a instalação de paroquias, ordenações sacerdotais e diaconais, entre outras iniciativas.
“Dom Eusébio viveu numa época precisa, com tantas situações difíceis e soluções próprias de cada momento. Ao ser chamado para viver e apresentar Jesus Cristo, ele escolheu anunciar que ‘Deus é bom’. Essa foi a sua missão, conforme seu lema, anunciar a bondade de Deus nessa grande cidade, manifestado em Jesus Cristo ressuscitado que está no meio de nós”, disse.
Dom Orani concluiu sua homilia destacando a necessidade de dar passos de vida eterna, e a exemplo do padroeiro São Sebastião, de viver com animo a vida cristã, de “lutar contra as polarizações, egoismos e divisões”, sendo um ‘arauto da comunhão’. Ainda, de “pedir a Deus para viver o tempo presente sendo um sinal da bondade de Deus”, assim como fez Dom Eusébio, através de sua vida, pregação e ministério.
Deus é bom
No final da celebração, o bispo auxiliar Dom Célio Calixto, que foi ordenado diácono e sacerdote por Dom Eusébio deu um testemunho, afirmando que por muitas vezes escutou seu ordenante pronunciar o Salmo 33, que era seu lema: “Provai e vede como o Senhor é bom. Feliz de quem encontra nele o seu abrigo”.
“Hoje celebramos na esperança da feliz ressurreição como Dom Eusébio costumava dizer, de ter encontrado esse abrigo no coração de Jesus. Seus estudos na Europa, ainda na juventude, foram importantes não só em vista da devoção, mas na espiritualidade com a identificação ao Coração de Cristo. Sua vida, ministério e pastoreio encontrou sua identificação com Cristo na cidade de São Sebastião, e assim, como o tema deste ano, ele foi um arauto dessa comunhão com Deus e a Igreja”, disse o bispo auxiliar.
“Agradecemos a vida e o ministério de Dom Eusébio, e pedimos ao Senhor pelo seu encontro com a misericórdia, na esperança da feliz ressureição na eternidade feliz junto de Deus. Assim ele viveu e pregou, assim também pedimos para ele nesse dia”, finalizou Dom Célio.
Homenagem
Na conclusão, Dom Orani depositou uma orquídea junto a fotografia de Dom Eusébio, que estava no presbitério, por ser a flor que ele gostava.
“Neste preito e oração”, lembrou o arcebispo, agradecemos a Deus pela vida e pastoreio de Dom Eusébio, na certeza que ele se apresentou ao Senhor após ser purificado como o ouro no cadinho por meio de dores e sofrimentos como alguém que se colocou a serviço do povo de Deus por onde passou, especialmente em nossa arquidiocese, e recordamos tudo isso com muito carinho”, finalizou Dom Orani.
Carlos Moioli
Foto: Gustavo de Oliveira