33º Curso para os Bispos | ArqRio | 24 de janeiro

Continua no Centro de Estudos do Sumaré, no Rio de Janeiro, o 33º Curso para os Bispos do Brasil, este ano com a temática Antropologia integral e a crise da cultura atual: reflexões, consequências e encaminhamento. Até a próxima sexta-feira, 26, os bispos das diversas regiões do país se debruçam sobre essa temática, guiados por conferencistas brasileiros e internacionais. 

 

Santa Missa, presidida pelo Cardeal D. Leonardo Steiner

O segundo dia do curso teve início com a Santa Missa, presidida pelo Cardeal D. Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, que em sua homilia refletiu sobre a realidade de Deus que se faz peregrino com os homens no tempo. “Deus, no nosso tempo, não deseja ser preso à finitude humana, mas deseja participar da peregrinação da finitude”, indicou o Cardeal. “Jesus, nas suas parábolas, lembra sempre do Reino de Deus. Essa é a casa, um abrigo, uma proteção que não é estática, pois se coloca na dinâmica do peregrinar do Semeador: Deus é um grande semeador, incansável, generoso, abundante. Seu desejo é apenas semear a graça do Reino de Deus.”

 

4º Conferência – Cardeal José Tolentino Mendonça: a cultura do diálogo como serviço da Igreja sinodal

A primeira conferência do dia ficou a cargo do Cardeal José Tolentino Mendonça, que deu continuidade à temática iniciada em sua primeira conferência na terça-feira, 23. Refletindo sobre A cultura do diálogo como serviço da Igreja sinodal, o Cardeal Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação chamou atenção para o fato de que “a convicção reencontrada de que todos os batizados são discípulos e missionários, corresponsáveis na vida e na missão da Igreja, compromete internamente o conjunto da comunidade com o «diálogo fecundo de carismas e ministérios para o serviço do advento do Reino» e externamente a projeta no «diálogo com o mundo».” 

Apresentando Jerusalém e Atenas como dois modelos culturais representados nos Atos dos Apóstolos, D. Tolentino ressaltou a figura de São Paulo que, sendo naturalmente mais próximo do modelo de Jerusalém, paradigma de um corpo antropologicamente coeso e homogêneo, percebeu a urgência do diálogo e do encontro ao desembarcar em Atenas, modelo cultural poliédrico, dialogante com componentes heterogêneos. 

Seguindo para uma análise da temática do diálogo no magistério do Papa Francisco, o Cardeal elencou pontos de documentos como Evangelii Gaudium e Fratelli Tutti para demonstrar que essa é “uma das categorias essenciais do seu magistério”. E concluiu sua fala referindo-se expressamente ao exercício do ministério episcopal: “Se existe um perfil de bispo necessário para o mundo contemporâneo, é aquele capaz do magistério sinodal do diálogo.” 

 

5º Conferência – D. Ignazio Sanna: Uma antropologia cristã no contexto da pós-modernidade

A segunda conferência foi feita por D. Ignazio Sanna, Arcebispo Emérito de Oristano e presidente da Pontifícia Academia de Teologia. Expondo o tema Uma antropologia cristã no contexto da pós-modernidade, o arcebispo apresentou no início uma definição do conceito de pós-modernidade, entendida como “a dissolução da síntese cultural moderna e o advento do pensamento fraco e a crise da razão.”

Passando por diversos autores que debatem sobre o tema, D. Ignazio indicou aos bispos presentes no auditório as respostas da antropologia cristã. “Penso que uma contribuição para enfrentar e, em certa medida, resolver esses nós antropológicos – destacou o conferencista – é dada pela concepção da antropologia cristã do homem como imagem de Deus.  Esta concepção, de fato, constitui em primeiro lugar a base teórica e prática do conceito de dignidade do homem, que fundamenta e solidifica a ‘humanidade’ do homem.”

Após as duas conferências, os bispos participaram de um diálogo com D. Tolentino e D. Sanna, onde puderam fazer perguntas e expor impressões acerca da temática abordada. Na parte da tarde os bispos farão um passeio cultural e rezarão a oração de Vésperas na Igreja de São Pedro, localizado no bairro carioca do Rio Comprido.

A tarde do dia 24, quarta-feira, foi marcada no 33º Curso para os Bispos, que acontece no Rio de Janeiro desde o dia 22, por uma agenda cultural. Os mais de oitenta bispos que participam do curso seguiram para uma visita ao AquaRio, aquário localizado na região da Gamboa, na cidade do Rio de Janeiro. 

Guiados por especialistas em biologia marinha, os bispos puderam conhecer um pouco do maior aquário marinho da América do Sul, que conta com 10 mil animais de 350 espécies diferentes. D. Joel Portella, bispo auxiliar da arquidiocese carioca, destacou a importância desse momento dentro do Curso para os Bispos: “esse ano nós estamos, no curso, conversando sobre comunhão, fraternidade, relacionamentos. E nada melhor do que conhecer um lugar como esse em que uma parte do ecossistema é tão bem apresentada. Valeu como uma palestra dentro do nosso tema.”

Após a visita ao AquaRio, os bispos seguiram para a Igreja da Venerável Irmandade do Príncipe dos Apóstolos São Pedro, localizada no bairro do Rio Comprido. Ali celebraram a oração das Vésperas juntamente com o Cabido de Cônegos da Colegiada da Igreja de São Pedro. Após a oração, o presidente do Cabido, Côn. Valtemário Frazão, fez uma breve exposição acerca da importância da Irmandade e do Cabido, que além de instituições de fé, são também um patrimônio cultural da cidade, dada a origem da irmandade ainda no período do Brasil Colonial, bem como sua função social em prol da Casa do Padre Cardeal Câmara, instituição que atende aos padres idosos e enfermos da Arquidiocese do Rio. 

O programa cultural prosseguiu com um concerto na própria Igreja de São Pedro, apresentado pelo Coro da Princesa, ligado à Escola de Música Cristo Redentor. O Reitor do Santuário Cristo Redentor, Côn. Omar Raposo, apresentou os projetos da Escola e o do Coro, que apresentou, sob a condução do Maestro Leonardo Randolfo, peças gregorianas e polifônicas, incluindo nomes brasileiros como o do compositor Pe. José Maurício Nunes Garcia.

O 33º Curso para os Bispos do Brasil acontece de 22 a 26 de janeiro no Centro de Estudos do Sumaré, na Arquidiocese do Rio de Janeiro, e tem este ano como tema Antropologia integral e a crise da cultura atual: reflexões, consequências e encaminhamentos

 

Textos: Eduardo Silva – Arquidiocese do Rio de Janeiro

Fotos: Gustavo de Oliveira e Bruno Carvalho

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