As Irmãs Angélicas estão completando 100 anos de evangelização no Brasil. Foi no dia 6 de maio de 1922 que as primeiras religiosas desembarcaram no Rio de Janeiro para iniciar suas espiritualidades no Brasil. Para celebrar a data, uma missa em ação de graças foi presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, na capela da Divina Providência, que fica no Colégio São Paulo, no bairro de Ipanema.
A Congregação das Irmãs Angélicas de São Paulo foi fundada em 1535, na cidade de Milão, na Itália, por Santo Antônio Maria Zaccaria, depois da aprovação do Papa Paulo III. Ao contrário das religiosas da época, elas não eram enclausuradas, e o fundador quis que elas fossem colaboradoras dos padres barnabitas na evangelização.
“Santo Antônio Maria Zaccaria era médico, e por volta do século XVI, ele queria renovar o fervor cristão dos fiéis, e percebia que as pessoas estavam doentes da alma. Com isso, ele juntou uns amigos e iniciou a Congregação dos Padres Barnabitas, os clérigos regulares de São Paulo”, contou a irmã Maria Lenize de Nazaré Sena de Abreu, superiora provincial, que mora em Teresópolis e veio para o Rio de Janeiro para as comemorações. Ela nasceu no município de Chaves, na Ilha de Marajó, no Pará, mas foi criada na cidade de Vigia de Nazaré, também no Pará.
Para entrar nos mosteiros femininos, Santo Antônio Maria Zaccaria percebeu a importância de ter mulheres em atividades, e por isso ele criou as Irmãs Angélicas de São Paulo. Em l919, o padre barnabita Emílio Richert foi a Milão e pediu que as angélicas viessem ao Brasil colaborar com a missão. Só que por causa da dificuldade da língua e da distância, o padre Emílio incentivou jovens brasileiras a irem à Itália participar da formação e fundar a congregação no Brasil. Com isso, as jovens Daria Lobato e Dulce Monat da Rocha foram para a Itália se preparar, mas apenas Dulce Lobato retornou ao Brasil, pois Daria Lobato faleceu na Itália. Ao todo foram quatro religiosas que iniciaram a evangelização.
Hoje, as Irmãs Angélicas estão presentes em seis estados. Em 1927, elas foram evangelizar na Região Serrana, em 1930, foram para Belém, e em 1939, Belo Horizonte. Ao todo são quatro colégios dedicados ao Apóstolo São Paulo, no Brasil, e mais sete comunidades missionárias em outros estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará – em Santa Luzia, que fica no nordeste do estado, e Ceará.
Para irmã Maria Lenize, é uma grande alegria a comemoração desta festa, principalmente porque vieram de Torre Gaia, na Itália, a madre geral, Santina Capellini, e a conselheira geral para participarem da celebração.
“É um momento de ação de graças a Deus por estes anos, mas também de festa para toda a congregação, não só para a província brasileira, mas para toda a congregação presente no mundo”, disse.
Quando Santo Antônio Maria Zaccaria idealizou a congregação, não era para uma atividade específica de educação, mas para a evangelização, só que com a demanda do século XVI a questão da educação aumentou. “Não estamos hoje só na atuação no espaço educacional, mas também na área de missão, em paróquias, pastorais e atividades de assistência social”.
As irmãs ainda têm atividades em Caseiros, no Rio Grande do Sul, e trabalham com a Pastoral Vocacional da Diocese de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
Hoje, as Irmãs Angélicas têm 74 religiosas atuando no Brasil, sendo sete no Rio de Janeiro.
As atividades do centenário começaram no ano passado, no dia 6 de maio. Neste ano, já ocorreram várias atividades, com a peregrinação do crucifixo que Santo Antônio Maria Zaccaria usava em seu trabalho nas missões, que desde 1º de outubro de 2021 já passou pelas casas das irmãs e dos padres barnabitas.
Na quarta-feira passada, as religiosas visitaram o Santuário Nossa Senhora do Loreto, em Jacarepaguá, onde estão os restos mortais do padre Emilio Richert, que incentivou a vinda das religiosas para o Brasil, chamada de peregrinação de gratidão.
Carlos Eduardo Bittencourt