No dia 20 de junho, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Ramos, abriu o seu Ano Jubilar com missa em ação de graças pelos 50 anos de criação canônica, presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta. A paróquia foi erigida no dia 20 de junho de 1972 pelo então arcebispo da época, Dom Eugenio de Araujo Sales.
No início da celebração, o vigário paroquial, padre Fábio Gonçalves Rodrigues, responsável pastoral da paróquia, segurando nas mãos a imagem centenária da padroeira, que veio de Portugal, agora restaurada, acolheu o arcebispo, sacerdotes e o povo de Deus. “A festa é da comunidade”, lembrou padre Fábio, “por aqueles que participam, rezam e devotam seus esforços pela comunidade. Conforme o lema escolhido, lembrou, são “50 anos de fé, esperança e caridade”.
Na acolhida, Dom Orani recordou que o Ano Jubilar se estenderá até o dia 23 de setembro de 2023, quando a paróquia celebrará o centenário de fundação como comunidade paroquial. Neste período, os fiéis que fizeram peregrinação na paróquia irão ganhar a Indulgência Plenária, desde que atendam as condições habituais da Penitenciaria Apostólica.
“O Ano do Jubileu sempre é especial, por isso, estejam de corações abertos à graça de Deus. Já nesta celebração será concedida a Indulgência Plenária e a bênção do Santo Padre por meio do decreto enviado pela Penitenciaria Apostólica. O mesmo acontecerá durante todo o ano para quem peregrinar e passar pela Porta Santa da Igreja da “Imperatriz da Leopoldina”. Cada um receberá as graças necessárias para a sua vida, e será um tempo oportuno de recomeço da caminhada da própria comunidade”, disse o arcebispo.
A celebração contou com a presença do vigário episcopal do Vicariato Leopoldina, padre Alberto Gonzaga de Almeida, de dois párocos anteriores, padre Rogério Nogueira Branco e padre José Li Guo, e diversos sacerdotes.
“Alegrem-se, o Senhor está no meio de nós”
“A Igreja torna presente Jesus Cristo no meio da comunidade, na sociedade”, disse Dom Orani ao começar sua homilia após a proclamação do Evangelho, antecedida pelo toque de uma corneta.
Ao refletir as leituras da Missa Votiva de Nossa Senhora, o arcebispo lembrou que “quando chegou à plenitude dos tempos Deus, enviou seu filho nascido de uma mulher”, e “Maria concebeu por obra do Espírito Santo”, o que se tornou o tempo de “alegrar-se e rejubilar-se porque Deus está no meio de seu povo”.
“Alegrem-se, o Senhor está no meio de nós” – destacou o arcebispo, como tempo de celebrar o jubileu paroquial, ou seja: “a presença de Jesus Cristo na região de Leopoldina através de seu povo”. Uma presença que acontece por “aqueles que creem em Jesus Cristo, que vivem o Evangelho e tornam presente Cristo no meio da sociedade”.
Segundo Dom Orani, o Ano do Jubileu deve ser um tempo de retomada, de recomeço, de viver com intensidade o batismo, a vida cristã. Por isso, acrescentou que a Igreja tem a prática de conceder as indulgências no tempo do jubileu para que todos possam nascer de novo, ter uma nova vida, mas para que isso aconteça, a paróquia deve proporcionar oportunidades de conversão, oração e participação.
“A paróquia é chamada a se reiventar para ser uma presença de Jesus Cristo no seu território paroquial e fazer com que as pessoas possam se alegrar. Se alegrarem pelo perdão recebido na celebração penitencial, na celebração dos sacramentos, na acolhida que a paróquia proporciona para quem passa por aqui, na vida de oração, na preocupação de ir ao encontro das pessoas com preferência aos pobres e necessitados, aos que semeiam a paz em meio a violências e polarizações, e os que são impulsionados a perdoar os inimigos, os que nos fazem o mal”, evidenciou.
Dom Orani exortou os fiéis para ter um coração de criança e, em tudo, a exemplo de Maria, fazer a vontade do Senhor. Lembrou que a paróquia é mariana, e por isso deve acontecer a restauração da Igreja, que “somos nós”, para que, com fervor e entusiasmo, contagiar as pessoas.
“Com seu ‘sim’, Maria tornou presente o filho de Deus entre nós, assim também a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição é chamada pelo ‘sim’ e pela renovação de seu povo de tornar Cristo cada vez mais presente no meio da comunidade. Não só pela construção da igreja física, mas pela vida de conversão, de transformação da vida, do modo de ser, pensar e agir, de tal maneira que por onde cada um passar possa difundir o perfume do Evangelho de Cristo”, completou o arcebispo.
Homenagens à padroeira
No final da celebração, Dom Orani e o padre Fábio Gonçalves Rodrigues se colocaram à frente da imagem de Nossa Senhora da Conceição e, junto com a comunidade, recitaram a Ladainha de Nossa Senhora. Em seguida, crianças entraram pela nave da igreja com uma coroa, e no final das homenagens, a imagem da padroeira foi coroada por Dom Orani e padre Fábio.
Antes da coroação, o cantor Elymar Santos emocionou a todos cantando “Ave Maria”, deu testemunho de sua fé e devoção, e manifestou sua alegria pelo convite: “Agradeço a gentileza de Dom Orani, uma pessoa querida, tão forte e que representa tanto para nós católicos”.
Elymar Santos ainda partilhou: “Nunca estou nestas celebrações por acaso. Fui criado no Complexo do Alemão, e ao descer o morro passava por aqui para ir na Praia de Ramos. Essa era minha praia. Ela (Nossa Senhora) me viu crescer, passando aos pés dela. Minha relação com Deus, com Nossa Senhora, é muito direta. Tenho um altar em casa onde dobro meus joelhos todos os dias. Não boto os pés na rua sem antes rezar o meu terço. O mundo pode estar desabando, mas eu só saio depois da oração do terço. Obrigado por tudo Nossa Senhora, peço sua intercessão pelas necessidades da Humanidade, para que tenhamos dias melhores”.
Na conclusão foi lido o decreto enviado pela Penitenciaria Apostólica para o Ano Jubilar. Em seguida teve bênção, quando por sua autoridade, Dom Orani concedeu a todos os fiéis, devidamente preparados, a Indulgência Plenária.
Para o paroquiano Flávio Ferreira, um dos organizadores, a celebração dos 50 anos da criação da paróquia e da abertura do Ano Jubilar “foi um momento memorável, que ficará marcado nos corações dos fiéis que participaram. Dom Orani falou da importância da continuidade pastoral e da evolução da paróquia durante todos esses anos. Lembrou da graça que foi concedida pela Santa Sé, tornando a paróquia templo de peregrinação durante o Ano Jubilar, com os fiéis recebendo a Indulgência Plenária”.
Já o paroquiano Felipe Ferreira, também um dos coordenadores das festividades, recordou com carinho do pároco anterior, padre Roberto Luís Oliveira Almeida, falecido no dia 2 de março deste ano, que tinha o costume de chamar a padroeira de “Imperatriz da Leopoldina”. Lembrou ainda que todas as comemorações do jubileu paroquial “foram impulsionadas e coordenadas pelo nosso pastor, padre Fábio Gonçalves, que em todo tempo nos encorajou e orientou para que pudéssemos fazer essa festa linda em honra a Imperatriz da Leopoldina, nossa padroeira”.
Carlos Moioli