“Natal é com Cristo. Natal é Jesus Cristo. Natal feliz é Natal com Cristo. O Natal nos impulsiona a olhar o horizonte vasto da nossa vida com confiança e semear a alegria e a esperança que vem do Senhor. Ao acolher Jesus Cristo em nossos corações e em nossas vidas, somos chamados a anunciá-Lo e testemunhá-Lo. Feliz Natal a todos.”
Com essas palavras, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, convidou o povo de Deus para celebrar a Solenidade do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, a tradicional Missa do Galo, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro, na noite do dia 24 de dezembro.
“Celebramos com alegria o Natal do Senhor. Não é uma celebração que se repete, mas se atualiza a cada ano. Ele é a grande luz que veio libertar quem andava nas trevas. Celebramos a vinda do Deus conosco, a Sua presença na história e em nossas vidas. Ele vem para transformar os corações e renovar as mentes aos que necessitam da salvação”, acrescentou o arcebispo.
No início da celebração, Dom Orani permaneceu diante da imagem do Menino Jesus na manjedoura, colocado ao lado do altar, e acompanhou a leitura do “Anúncio do Natal”, ou “Kalenda”, que é uma recapitulação de toda a história do povo de Israel, lida a partir da encarnação de Jesus Cristo, vista como o centro da história.
No final da celebração, o arcebispo levou a imagem do Menino Jesus em procissão até o presépio, montado ao lado do presbitério, e o colocou na manjedoura, ao lado das imagens de Maria e de José. Na procissão, o arcebispo foi acompanhado pelos fiéis e os concelebrantes, entre eles, o pároco, cônego Cláudio dos Santos.
“O canto do Kalenda contempla o fato histórico do recenseamento, quando José, que era da família de Davi, saiu de Nazaré com Maria, sua esposa, que estava grávida para fazer o recenseamento em Belém. Devido ao grande número de pessoas que também foram fazer o recenseamento, Maria acabou dando à luz e, enfaixando seu filho em panos, O colocou numa manjedoura, único lugar que encontram para hospedagem”, disse.
“Quando o menino nasceu, os anjos fizeram a sua parte, anunciaram a grande alegria aos mais simples da época, os pastores que guardavam ovelhas: ‘nasceu hoje na cidade de Davi, o Cristo Senhor, o Salvador’. Assim se cumpriram as Escrituras, que o Messias deveria ser da descendência de David. Ele veio habitar no meio no meio de nós. Nasceu para salvar a todos, de todas as épocas. É o Salvador de toda a Humanidade”, completou o arcebispo.
O mistério do Natal
Na homilia, ao refletir as leituras do dia, Dom Orani observou que o “povo de Deus é chamado a celebrar o Natal do Senhor num momento da história que é marcado por guerras, violências, inseguranças, divisões nas famílias, ódios, problemas sociais, misérias, fome, incompreensões e muitas pessoas que se colocam umas contra as outras”.
“Celebramos o nascimento do Verbo de Deus em Belém de Judá, conforme as profecias. É o grande mistério de Deus que sempre existiu e sempre vai existir. O Verbo eterno, a segunda pessoa da Santíssima Trindade que assumiu a nossa carne e a nossa vida, veio morar no meio de nós”, disse.
“Quanto mais os homens descobrem os confins do universo, o tamanho do nosso planeta, a nossa Casa Comum, diante do hall dos demais planetas e estrelas do cosmos, perguntamos: ‘Senhor, o que é o homem? O que somos nós para que venha morar no meio de nós para tornar-se próximo de nós, fazer-se um de nós?’ É o grande mistério do Deus conosco, inconcebível em nossas mentalidades humanas, mas é a revelação que nos é dada, Deus está no meio de nós”, completou.
Dom Orani lembrou que Jesus ao nascer e se tornar próximo, também deu a vida por todos nós, derramando seu sangue de uma vez por todas, para que na nova e eterna Aliança todos fossem lavados de seus pecados para viver como homens e mulheres novos.
Uma maneira especial para visualizar o mistério do Natal, fruto que nasceu do ventre de Maria, por obra do Espírito Santo, em Belém de Judá, conforme as profecias, e foi assumido com um coração de pai por José, é a contemplação do presépio.
“São Francisco de Assis, há 800 anos, em Greccio, na Itália, elaborou o presépio vivo para contemplar o Senhor e Criador, o nosso Salvador, que nasceu com simplicidade, na extrema pobreza. Por mais que um presépio, montado em nossas igrejas, casas, ruas e praças seja uma obra de arte, ele revela que o Deus conosco veio morar no meio de nós com muita simplicidade, despojado, para que ninguém tenha medo de se aproximar de Deus”, disse.
“A liturgia do Natal, a Palavra de Deus, nos ajuda a ver a riqueza da Igreja. O Deus todo poderoso que tudo pode, o Criador, assumiu a nossa carne e tornou-se uma frágil criança. Em Jesus Cristo transparece o rosto humano de Deus. Ele veio como luz para iluminar e libertar todos nós do jugo do pecado e do mal, e traz uma nova vida para que o homem experimente a proximidade do Senhor. Deus se fez um de nós e que possamos encontrá-Lo hoje em nossa vida”, completou.
Discípulos missionários
Um segundo aspecto que Dom Orani evidenciou na homilia foi sobre a responsabilidade de quem é cristão, discípulo missionário do Senhor. Ao destacar o II Sínodo Arquidiocesano sobre as Missões, em curso na Arquidiocese do Rio de Janeiro, observou: “quem encontrou o Senhor, também deve anunciá-Lo e testemunhá-Lo”.
“O Deus conosco que está no meio de nós, que celebramos e O encontramos no Natal, nos impulsione a levar a Boa Notícia, a alegria do Evangelho a tantas pessoas que passam pela tribulação, como as pessoas sozinhas e que não têm sentido para sua própria vida. As que são criadas na violência e só sabem fazer e transmitir violência para os outros, que não tiveram oportunidade de serem amadas, de contemplar o amor de Deus à sua própria vida”, disse.
“Também as pessoas enfermas, que não têm esperança no dia de amanhã, as que passam por necessidade por não terem emprego, as que estão em situações de dependência química, vivendo alheias a tudo que se passa ao seu redor. Ainda as pessoas com rancor e ódio nos corações, que promovem divisões, separações e tentam fazer mal aos outros. Situações de guerras no mundo e em nossa própria cidade”, acrescentou.
Dando um panorama da atual situação de guerras e conflitos pelo mundo, Dom Orani lembrou que o homem deveria se preocupar com o bem da Casa Comum e de conviver uns com os outros em paz e com fraternidade, enquanto se vê pessoas “gastando rios de dinheiro para fazer o mal, para matar, para fazer planos contra os outros, para dividir as pessoas”.
“Quantas pessoas que passam a vida amarguradas e não têm quem lhes anuncie, ou pelo menos esteja próximo para contagiar com alegria cristã, com o bem e a fraternidade, e uns para com os outros. O Natal nos faz contemplar a beleza e a alegria da presença do Senhor em nossa vida que veio para morar no meio de nós. Deus tanto amou o mundo que enviou o seu filho para morar no meio de nós e Ele nos contagia com o seu bem, com a sua presença e nos impulsiona para sermos cada vez mais pessoas que passam pelo mundo para fazer o bem, para contagiar as pessoas com a paz e fraternidade”, disse.
Carlos Moioli