Hoje nos debruçaremos no volume vinte e cinco dos Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II em preparação ao jubileu do próximo ano. A cada vinte e cinco anos a Igreja celebra o jubileu ordinário. Nesse próximo ano comemoraremos também os sessenta anos de encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II, por isso, ao longo deste ano estamos revendo, mesmo que de maneira resumida, os principais documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II, através dessa Coleção Cadernos do Concílio.
Muitas pessoas não viveram na época do Concílio Ecumênico Vaticano II, por isso, é necessário tornar esses documentos atuais, e mesmo quem viveu à época é bom revisitá-los. É necessário ainda viver tudo aquilo que foi discutido ao longo do Concílio Ecumênico Vaticano II. Por isso é importante revisitar os documentos, e entender a importância dele para a Igreja.
Esse Ano Jubilar será um ano de muitas graças e que a Igreja colherá muitos frutos. Somos felizes por participar da Igreja de Cristo, por ser membros desse corpo que é a Igreja e que tem Cristo como cabeça. Temos que viver aqui na terra o Reino de Deus e aquilo que Jesus tanto pregou, o amor ao próximo.
Voltando ao tema que é proposto para esse volume vinte e cinco da Coleção Cadernos do Concílio: “A Igreja no mundo de hoje”, que foi escrito por monsenhor Cesare Pagazzi, secretário do Dicastério da Cultura e Educação. Todos os volumes dessa coleção foram preparados pelo Dicastério para a Evangelização. Inclusive é uma maneira de a Igreja fazer-se presente no mundo, ou seja, chegando às mãos de todos os fiéis através dos documentos.
A Igreja mais do que nunca precisa estar inserida na sociedade no mundo de hoje, e como que a Igreja se fará presente? Através dos bispos, sacerdotes e diáconos que ministram os sacramentos e através dos leigos que são chamados a serem sal na terra e luz no mundo.
Com o passar do tempo a Igreja precisou se adaptar e acompanhar o crescimento e o desenvolvimento do mundo, principalmente no que diz respeito à tecnologia. Hoje em dia é possível evangelizar por meio do rádio, televisão e redes sociais. Antigamente a única maneira do padre ou da paróquia conversar com seus fiéis era por meio de carta ou telegrama, hoje é possível a paróquia ou o padre conversar com os fiéis através de mensagens nas redes sociais. É claro que se for algo mais urgente, o fiel tem que ir pessoalmente até a paróquia.
Nos dias de hoje é possível transmitir a missa através das redes sociais, ou YouTube. É claro que essas transmissões não devem nos acomodar, elas são voltadas mais para os idosos e doentes que têm dificuldade de ir à Igreja. Os demais podem assistir, mas não deixar de ir à Igreja fisicamente.
Todos os fiéis quando batizados são chamados a ser sacerdotes, profetas e reis, e ainda, sal na terra e luz no mundo. Ou seja, a partir do batismo passamos a pertencer a Cristo e à Igreja, nos tornamos membros dessa Igreja onde Cristo é a cabeça e nós somos os membros. Cada batizado é chamado a anunciar Jesus Cristo aos outros e se tornar discípulo e missionário do Senhor, anunciando a alegria que é pertencer a essa Igreja.
Ao realizar esse trabalho evangelizador e ao chamar novos membros para que se incorporem à Igreja é uma forma de tornar a Igreja presente no mundo. A nossa missão tem que ser diária, todos os dias devemos falar de Deus para quem conhecemos e a missão de cada batizado deve ser permanente. A Igreja deve estar sempre de portas abertas, acolhendo a todos que chegam, oferecendo os sacramentos e, sobretudo, tendo Santa Missa diária. Para a Igreja poder conversar com os fiéis e estar presente no mundo é preciso estar sempre aberta e oferecer os sacramentos aos fiéis.
O Papa Francisco insiste que a Igreja deve ser em “saída”, ou seja, não ficar apenas dentro dos templos ou na sacristia esperando os fiéis chegarem, mas deve ir ao encontro dos fiéis, essa é uma forma da Igreja se fazer presente no mundo. É necessário testemunharmos Jesus Cristo nos dias de hoje. É preciso que o padre esteja ciente dos idosos, doentes e de todos aqueles que precisam de alguma necessidade em torno de seu território paroquial, para que ele possa ser um sinal do Cristo Bom Pastor para essas pessoas e a Igreja esteja presente no mundo.
Desde o início da Igreja primitiva quando Jesus envia os discípulos em missão, Ele lhes dá o poder do Espírito Santo para que fossem por todo o mundo anunciar o Evangelho. Por isso, o termo “católico” significa universal, ou seja, justamente aquilo que estamos tratando aqui, a Igreja presente no mundo. Do mesmo modo que Jesus enviou os discípulos, Ele nos envia também hoje.
O próprio Concílio Ecumênico Vaticano II é uma forma de a Igreja dialogar com o mundo e de se atualizar. A Igreja precisava de certa maneira se renovar e se aproximar dos fiéis. Por isso, a partir do Concílio e com todas as mudanças que ele proporcionou, a Igreja entrou num processo de renovação e tendo consciência de sua missão “ad gentes”, ou seja, a missão da Igreja é permanente.
Convido a tomarem em mãos esse volume vinte e cinco da Coleção Cadernos do Concílio, e ainda a lerem o decreto “Ad Gentes” promulgado pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. Tenhamos a certeza de que somos discípulos e missionários do Senhor, e temos que ser uma Igreja em saída, a pedido do Papa Francisco.
Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)