Testemunho vocacional

“Deus, que é a nossa alegria, lhe espera de braços abertos. Entreguem tudo a Ele, pois Ele é o Tudo das nossas vidas.”

 

(Testemunho vocacional proferido pelo diácono Alan Galvão no final da celebração de ordenação, realizada na Paróquia São Benedito, em Pilares, no dia 10 de outubro de 2024)

 

Ao longo de minha história, muitas foram as vezes que fui infiel ao Senhor, mas estas sempre foram transformadas pelo Senhor, que mantém aceso e renova a cada dia em meu coração o desejo de dar a minha vida por amor a Ele, e por este amor me gastar e doar por cada um dos que Cristo ama. E foi aqui, diante deste altar, que essa história começou.

Aqui, no dia 19 de fevereiro de 2000, fui gerado nas águas do batismo. Mas foi em 2008 que a minha história começou a mudar, quando contra a minha vontade minha mãe me matriculou na catequese. Lembro que fiquei muito indignado, pois não queria participar. Mas com o passar do tempo, a minha catequista, Wanda, que hoje está aqui, me ensinou aos poucos a amar mais a Deus, aumentou a chama do meu coração que já havia sido acesa dentro da minha Igreja doméstica, minha família. Na pessoa dela, quero agradecer a cada catequista desta comunidade, a maioria praticamente me viu crescer, muito obrigado por cada ensinamento.

Foi também a minha catequista que perguntou se eu queria ser coroinha. Na época respondi sim, porque não sabia o que responder, mas foi através desse convite e desse sim que pude conhecer a pastoral onde ouvi o chamado de Deus. Através do serviço ao altar, pude me aproximar do Senhor e me encantei ainda mais em participar da missa e celebrações. Movido por essa experiência, passei a brincar com a minha irmã de celebrar missa. Na Bíblia, Ave Maria tinha todo o rito, pois não queria errar quando chegasse aqui. Muitas foram as histórias que vivi nesta pastoral, a quem tenho grande apreço e carinho. Vivam com intensidade o serviço de vocês.

Depois de dois anos como coroinha, pedi para entrar no Grupo Vocacional, mas não porque queria ser padre, mas porque os encontros aconteciam na Fazenda de Itaipava, onde tinha futebol, piscina, gincanas…, mas não deu muito certo porque quando entrei ficou um ano sem ter encontro lá, devido à Jornada Mundial da Juventude. Mas fui ficando no grupo, participando dos encontros, e em cada testemunho vocacional pude ver a ação de Deus acontecer, e me sentindo chamado a dar o meu sim, a ingressar no seminário e a corresponder ao chamado de Deus.

Em todas as paróquias em que trabalhei, Deus me deu a oportunidade de trabalhar com a juventude. Por isso, de modo particular, me dirijo a cada jovem aqui presente. Quando ouvimos o testemunho vocacional de alguém, não é para que sejamos iguais a esta pessoa, eu não estou aqui para ser igual a…, pois somos originais e não fotocópias, como diz o Beato Carlo Acutis, mas ouvir o testemunho vocacional de alguém é a oportunidade de testemunharmos a misericórdia de Deus na vida dessa pessoa. Quando um jovem se dedica ao Senhor, muitas vezes irá ouvir que está perdendo a sua juventude. A realidade é o contrário disso, o Senhor não nos tira nada, mas nos dá tudo. Embora a juventude seja vista muita das vezes com incredibilidade, quando um jovem se entrega verdadeiramente ao Senhor, é uma das entregas mais autênticas, pois é uma entrega desinteressada. Muitos se perdem ou deixam de dar o seu “sim”, porque não tiveram quem pudesse orientá-los. Queridos, a nossa juventude é um dom de Deus, e por isso, como diz São Tarcísio: a nossa juventude deve ser o melhor refúgio para o Senhor.

Não tenham medo de uma vida compromissada com Deus, seja no matrimônio, no sacerdócio ou na vida religiosa. Deus, que é a nossa alegria, lhe espera de braços abertos. Entreguem tudo a Ele, pois Ele é o Tudo das nossas vidas.

Tímido por muito tempo, mas chamado por Deus para anunciar a todos o Evangelho. Por muito tempo, dizia: “Ah Senhor, eu não sei falar, pois sou apenas uma criança.” Mas o próprio Senhor dizia: “Eis que ponho as minhas palavras em tua boca”. Para Deus, nada é impossível! Ele procura homens e mulheres, rapazes e moças, que se comprometam e estejam dispostos a oferecer tudo, oferecer a si mesmos. Não se trata simplesmente de seguir uma vocação, seja ela qual for. Trata-se de dar a vida!

Por fim, agradeço a pessoa que me inspirou a iniciar o caminho vocacional, celebrou o meu batismo e primeira eucaristia, estava presente na minha crisma, me enviou para o seminário, se fazendo presente em cada etapa e que hoje seria aquele mais, estaria celebrando e fazendo festa, estaria mais ansioso do que eu. Sua ausência para nós ainda é uma novidade, pois é a primeira ordenação sem sua presença. Ao monsenhor José Mazine Rodrigues manifesto minha total gratidão, por ter me chamado e ensinado a seguir a Jesus mais de perto. É uma honra ter feito parte da escola do “vinde e vede”, onde com coragem e atitude sempre demonstrou que não existe maior felicidade do que servir a Deus. Através do testemunho deste homem e grande sacerdote, descobri o que queria para a minha vida, pois se ela feliz sendo padre, eu também queria ser. Um senhor que deixava qualquer jovem para trás, pois ninguém conseguia acompanhar o seu ritmo, mas que fazia questão de passar em cada sala de catequese, de conhecer cada coroinha pelo nome e que me ensinou na prática o que é ser padre, o que ser todo de Deus. E que nunca tentou formar alguém para ser padre igual a ele, e aqui os padres de origem podem falar com mais propriedade, mas sempre lançou as redes para que fossemos reflexos de Cristo, para que, como diz a frase de Santo Inácio de Loyola que ele tanto citou, pudéssemos “em tudo amar e servir”.

A cada um dos que aqui se fazem presente, muito obrigado!

 

 

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