“Faz parte da missão do cristão leigo ser uma presença ativa nos cemitérios para que em nome da Igreja e como Igreja possa rezar pelos falecidos e anunciar uma palavra de esperança na consolação dos corações das pessoas enlutadas”, disse o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, ao instituir 117 novos agentes do Ministério da Consolação e Esperança, durante missa na Catedral de São Sebastião, no Centro, no dia 22 de outubro. Neste ano, chegou a 388 o número de agentes investidos, devidamente preparados.
De acordo com o rito de investidura, os candidatos depois de interrogados pelo arcebispo fizeram o firme propósito para bem desempenhar o ministério. Impondo as mãos sobre eles, o arcebispo fez a oração de confirmação, e após a bênção, entregou de forma simbólica as insígnias aos novos ministros. Junto com os novos ministros, os já investidos renovaram os mesmos compromissos.
Dom Orani lembrou que, com esta investidura, a arquidiocese passa a ter 388 ministros, em média, 21 ministros para cada cemitério da cidade, mas que há necessidade de triplicar esse número, para que mais pessoas possam ser atendidas. Destacou ainda que os cemitérios são um lugar privilegiado de evangelização, porque vão ao encontro de pessoas que estão passando pela dor e precisam de uma palavra de esperança.
“Louvamos e agradecemos a Deus pela resposta de fé de cada um que foi escolhido por Ele para exercer esse ministério privilegiado. Nossa ação de graças são pelos novos e também pelos antigos que hoje renovaram o compromisso. Junto com uma palavra de esperança, o anúncio pode fazer com que as pessoas que passam pela dor com a perda de algum ente querido possam voltar à Igreja, para a comunidade paroquial em que foram batizadas e, assim, retomar a caminhada de fé no Cristo ressuscitado”, disse o arcebispo.
Ao recordar a figura de São João Paulo II, cuja memória foi celebrada no dia, Dom Orani incentivou os ministros a buscar a intercessão do Pontífice que marcou a história da Humanidade e a se inspirarem na sua maneira de servir a Igreja de Cristo.
“Com dinamismo e coragem, São João Paulo II anunciou ao mundo para escancarar os corações para Jesus Cristo e, mesmo diante da fragilidade de suas forças, foi fiel até o fim. Foi um pontificado que marcou a história da Humanidade e da Igreja. Peçamos a sua intercessão, e que inspirados por ele, possamos desempenhar a nossa missão com ânimo, coragem e criatividade nessa nossa grande cidade”, concluiu o arcebispo.
Mensageiros da consolação e esperança
No final da celebração, o bispo auxiliar e referencial do Ministério da Consolação e Esperança, Dom Tiago Stanislaw, parabenizou a todos pela “disponibilidade e amor com que acolheram o convite do próprio Deus através da sua Igreja de serem mensageiros da consolação e esperança na vida de tantas pessoas que enfrentam o mistério da morte”.
“Ao exercer a missão, vocês irão iluminar a fé de tantos irmãos desesperados no momento da perda de seus entes queridos. Terão a oportunidade de guiar as pessoas em meio a pensamentos de tristeza, e que possam encontrar uma direção com o olhar da vida a partir do que Deus revelar”, acrescentou.
O bispo referencial exortou os ministros para que “no início de cada dia de trabalho, peçam assistência à luz do Espírito Santo para que cada um seja instrumento de Deus na vida de cada pessoa que naquele dia irá encontrar”.
Dom Tiago também animou a todos para convidarem outros fiéis leigos das comunidades de origem para conhecer o trabalho do Ministério da Consolação e Esperança e concluiu: “Desejo que o bom Deus abençoe a todos, e possam também encontrar alegrias neste serviço amoroso a Deus e ao próximo”.
Abraço carinhoso da Igreja
Na sua mensagem, o assistente eclesiástico do Ministério da Consolação e Esperança, padre Pedro Paulo Alves dos Santos, lembrou que a “Igreja não inventou o cemitério porque ele existe há muito tempo, mas a Igreja reinventou o cemitério porque para os cristãos ele significa onde a morte encontrou a Cruz”.
“Esta é a novidade”, acrescentou padre Pedro Paulo: “a morte encontrou a cruz e por ela foi vencida. Onde houver cruz haverá morte, dor e paixão, mas desta paixão, como nos ensina o Apóstolo Paulo, devemos nos gloriar, porque essa paixão é o amor de Deus, única força capaz de vencer o salário do pecado que era morte”.
Padre Pedro Paulo observou que cada ministro representa a mensagem clara da Igreja que os gregos chamavam querigma: “Ele morreu por nós e por nós ressuscitou. Fazemos isso com nossa veste branca, com a nossa prece. A prece no cemitério é um carinhoso abraço que a Igreja como mãe oferece a cada família às vezes desesperada, como os apóstolos desorientaram-se inicialmente diante da cruz”.
“Nossa presença hoje investida pela autoridade do bispo nos levará a viver no cemitério o único anúncio que importa aos homens e mulheres, que não morrem mais como antes de Cristo, pois o óbito humano mudou”, concluiu o assistente eclesiástico.
Carlos Moioli