“A sinodalidade e a vida consagrada” foi o tema geral do Encontro da Vida Consagrada, realizado no dia 21 de agosto, no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, em Botafogo, promovido pelo Vicariato para a Vida Consagrada, sob a coordenação do vigário episcopal Dom Roberto Lopes.
Segundo o fundador da Comunidade Maria Serva da Trindade, Eduardo Badu, o encontro, que sempre acontece na Solenidade da Assunção de Maria ao céu e na perspectiva do Mês Vocacional, contou com a presença de 250 consagrados, representando ordens e congregações religiosas, novas comunidades, virgens consagradas e institutos de vida apostólica e secular.
Em entrevista ao TF, Eduardo Badu, que também é o coordenador da Comissão para as Novas Comunidades na Arquidiocese do Rio de Janeiro junto ao Vicariato para a Vida Consagrada, contou sobre o encontro, na qual o tema da sinodalidade foi refletido por três palestrantes e concluído com adoração e bênção do Santíssimo Sacramento, conduzida pelo padre Gildásio Vilanova, da Comunidade Mar a Dentro.
TF – Como foi trabalhar o tema da sinodalidade?
Eduardo Badu – Durante o dia todo, as expressões de vida consagrada, tanto a tradicional como as mais novas formas de vivência do Evangelho, as chamadas novas comunidades, nos reunimos para escutar, partilhar, refletir e celebrar.
O encontro, que é tradição em nossa arquidiocese e que acontece sempre no terceiro domingo de agosto, foi retomado com o auxílio da Providência de Deus após as restrições do período pandêmico.
Foi um grande testemunho do caminho da sinodalidade. Todos nós demos um grande testemunho de sinodalidade, de escuta do espírito, de caminhar juntos na complementariedade dos carismas em benefício de colaborar com a missão da Igreja Particular.
TF – Quais foram as mensagens do bispo auxiliar Dom Célio da Silveira Calixto Filho e de Dom Roberto Lopes?
Eduardo Badu – Dom Célio Calixto presidiu a Eucaristia e também fez uma colocação, na qual refletiu sobre os “Caminhos práticos para que se viva a sinodalidade na vida consagrada”. Ele explicou que o caminho do Sínodo é um caminho que o Senhor tem um caráter espiritual e também que desperta em nós a caminhada na mesma direção enquanto Igreja e também no sentido de que é um exercício de conversão e também de escuta do espírito.
Já Dom Roberto destacou a importância da disponibilidade de se colocar a serviço de Deus e da Igreja. Também de manifestar a Igreja que cura, que evangeliza, que forma, que cuida das pessoas em suas necessidades por força do caminho de evangelização.
TF – O que abordou a irmã Nazaré, da Conferência dos Religiosos do Brasil, Regional Rio de Janeiro?
Eduardo Badu – A irmã Nazaré, com o tema: “Como fomentar a fraternidade nesse caminho de sinodalidade”, destacou que somos chamados a não olhar para nós mesmos, mas para o outro. Um olhar semelhante ao do Bom Samaritano e se colocar à disposição para ajudar, curar e acolher o irmão que está abatido, jogado e ferido. Devemos fazer isso também no seio de nossa comunidade e transbordar na vida do outro o mesmo amor que temos com Deus.
TF – O que seria a energia sinodal dos carismas apresentada pelo Vinicius Paiva?
Eduardo Badu – O fundador da Comunidade Cenáculo de Caná, Vinicius Paiva, abordou sobre “Como ativar a sinergia sinodal dos carismas na vida e missão da Igreja”, explicando a dinâmica da complementariedade dos carismas. Quando o carisma cai na tentação de fechar em si, ele tende a morrer e não cumprir a sua missão. Agora, quando ele entende que o carisma se completa na missão do outro, passa a caminhar junto, a colaborar com a evangelização, formação e transformação da consciência das pessoas. Salvar o homem por inteiro nos faz entender que estamos vivendo a essência da vida comunitária, vivendo integralmente a espiritualidade da sinodalidade, escuta, comunhão e participação. A fraternidade faz com que nossas ações sejam realizadas em conjunto, em benefício da salvação das pessoas.
TF – Por que o encontro começou com a celebração eucarística e terminou com adoração e bênção do Santíssimo Sacramento?
Eduardo Badu – A Eucaristia é o alimento central da vida de toda comunidade. Precisamos sempre nos colocar aos pés do Senhor para ouvir o Espírito e assim compreender os sinais dos tempos para implementar novas formas de vivência do carisma. Nosso apostolado deve evangelizar o homem ferido, machucado e rejeitado, que passa por dificuldades, agora ainda mais com os traumas da pandemia da Covid-19. Há necessidade de entender a dinâmica da realidade do homem de hoje e, com amor, cuidado e acolhimento, trazê-lo de novo à casa de Deus. As comunidades precisam ser a expressão da Igreja em meio ao mundo para transformar a realidade das pessoas. É necessário retomar o caminho sinodal, de estar junto na Igreja, de ‘sentir com a Igreja’, de escutar o Espírito e colocar-se disponível com um coração convertido para alcançar os resultados desejados.
Carlos Moioli