Cristo Redentor comemora 89 anos com as bênçãos da padroeira do Brasil

Na Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, 12 de outubro, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, presidiu, no Corcovado, missa em ação de graças pelos 89 anos da inauguração do monumento do Cristo Redentor. A celebração eucarística, organizada pelo reitor do Santuário Cristo Redentor, padre Omar Raposo, fez parte da programação das comemorações do monumento, que tem sido preparado para o seu aniversário de 90 anos.

O primeiro santuário a céu aberto do mundo, inaugurado em 12 de outubro de 1931, pelo Cardeal Sebastião Leme, teve um dia de aniversário repleto de atividades. Após missa, antecedida por vigília, seguiu com oração do Rosário, bênção aos turistas, shows e concertos musicais, além de uma projeção no Cristo Redentor, no final da noite, que revelou em imagens as atividades e campanhas apoiadas pelo santuário durante o ano de 2020.

“De qualquer lugar no mundo, quem vê a imagem do Cristo Redentor, no alto do Corcovado, logo identifica o nosso país. O monumento, que é um dom da Igreja, presente em nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro, tem muitos simbolismos, e um deles é o mosaico de pedras-sabão que revestem o seu corpo. Atrás de cada uma delas, estão os nomes das pessoas que ajudaram a construir o monumento. Quando nos revestimos de Jesus Cristo por meio da unidade e da comunhão, podemos construir mais que um monumento. O Redentor, de braços abertos, nos ensina que podemos ter um mundo de irmãos”, disse o arcebispo.

Na única Casa Comum para todos, Dom Orani apontou a necessidade do diálogo e da comunhão para se viver como irmãos. Ao destacar a nova Encíclica do Papa Francisco, “Fratelli tutti”, assinada no dia 3 de outubro, no túmulo de São Francisco, em Assis, ele convidou os cristãos e todas as pessoas de boa vontade a viverem como filhos e filhas de um mesmo Pai que quer o bem de todos.

“Nestes tempos, em mudança de época, vemos o crescimento de ideologias e intolerâncias que dividem e dificultam a vida das pessoas. Há necessidade de uma convergência para viver como irmãos, de braços abertos. Somos chamados a construirmos juntos um mundo onde as pessoas possam conviver na fraternidade, respeitando a diversidade de ideias, soluções e pensamentos”, disse.

Na reflexão da Palavra de Deus, Dom Orani destacou que os cristãos, inspirados na missão de Maria, devem anunciar e apresentar Jesus Cristo, o Redentor, como a única solução para um mundo de irmãos. Disse que, assim como a rainha Ester pediu pela vida do seu povo, Maria continua hoje, como fez nas Bodas de Caná, a interceder pelas necessidades dos filhos de Deus.

“A missão de Maria é de apresentar seu filho, Jesus Cristo, ao mundo. No episódio em Caná, não se trata simplesmente de uma festa de casamento que faltou vinho. Falta o necessário para que as pessoas possam viver na alegria como irmãs, filhas de Deus”, frisou.

“Maria é aquela que está atenta e intercede por nossas necessidades. Ao mesmo tempo, ela nos orienta para que a água se transforme em vinho, para que as coisas aconteçam e se transformem. ‘Fazei tudo o que Ele vos disser’, disse ela. Que do alto do Corcovado nós possamos também escutar a voz de Cristo, aqu’Ele que realiza maravilhas e transforma nossos corações, e que Ele nos inspire em ajudar e a querer o bem às pessoas”, disse o arcebispo.

Dom Orani destacou que o Brasil nasceu cristão e que Maria, há 303 anos, continua sua missão de mostrar o Redentor ao mundo, e que no Corcovado, de braços abertos, representa a abertura e acolhimento do povo brasileiro. Missão que desempenha por meio da pequena imagem que foi encontrada por pescadores no fundo do Rio Paraíba do Sul, num episódio cheio de simbolismos.

“A missão de Maria é anunciar Jesus Cristo para todas as pessoas que necessitam de uma nova vida. A pesca, as redes, os peixes, são símbolos da evangelização, e a água sinal do batismo. De maneira especial, a imagem que aparece é enegrecida, se identifica com os escravos, as pessoas mais excluídas da época”, disse.

“A imagem, a que invocamos como Nossa Senhora Aparecida, estava quebrada em dois pedaços, e, mais tarde, já no século XX, foi despedaçada por um fanático em centenas de pedaços. Porém, a imagem sempre foi reconstruída, lembrando que é possível reconstruir a comunhão, a unidade e o respeito às diversidades, para o bem de todos”, frisou.

Na conclusão, Dom Orani convidou os fiéis, do alto do Corcovado, a elevarem preces a Deus por intercessão de Maria, para que os cristãos possam fazer a sua parte, na busca de novos caminhos para a transformação dos corações e por um mundo onde todos vivam como irmãos.

“Devemos continuar a confiar na intercessão de Maria e seguir em frente, mesmo com as investidas dos dragões e das serpentes, pois sabemos que os valores cristãos podem transformar a sociedade. Seguir em frente, como Igreja que somos, por um diálogo com os demais cristãos, as religiões, a cultura, e que tudo possa convergir para o bem, a fraternidade e a paz”.

Autor: Carlos Moioli.

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