Dom Orani: ‘Guido trazia no coração os valores do Evangelho e o sonho de construir um mundo melhor’

A 9ª edição do “D.I.A. na praia”, realizada na manhã do 1º de maio, na Praia do Guido, Posto 11 do Recreio dos Bandeirantes, marcou os 15 anos da páscoa do Venerável Guido Schäffer, que evangelizou muitas pessoas em vida e, agora, muito mais no céu.

Evento de fé, oração, alegria e testemunho, o “Duc In Altum (D.I.A.) na praia”, cujo nome significa mergulhar em águas mais profundas, reúne sacerdotes, seminaristas, familiares, amigos e devotos do médico, seminarista e surfista Guido Schäffer, que foi para a eternidade no dia 1º de maio de 2009.

Na programação do evento, organizada pela Associação Guido Schäffer, houve a bênção das pranchas, feita pelo cônego Jorge Luiz Neves Pereira da Silva, vigário paroquial na Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, e adoração ao Santíssimo Sacramento, conduzida pelo padre André Luiz Oliveira dos Santos, reitor do Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos, e padre Yure Alves de Souza, vigário paroquial da Paróquia São Marcos, na Barra da Tijuca.

Também aconteceu o Terço do Venerável Guido Schäffer e, na conclusão, a tradicional roda de surfistas no mar, em  homenagem ao candidato carioca aos altares.

A Santa Missa foi presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, e contou com a mãe de Guido, Nazareth Schäffer, Entre os sacerdotes concelebrantes, os padres Fabiano Felício da Silva, da Diocese de Santo André (SP), Rogério de Oliveira Pereira, da Arquidiocese de Mariana (MG), e Rômulo dos Anjos Silva, consagrado da Comunidade Católica Shalom.

 

Cuidar da Casa Comum pelo trabalho

Na homilia, ao sinalizar que a Igreja celebra no dia 1º de maio a memória de São José Operário e o Dia do Trabalhador, Dom Orani evidenciou, com base na leitura do Gênesis (Gên 1), que Deus confiou o mundo ao homem, para que cuidasse por meio do trabalho a sua criação.

“O Senhor nos outorgou a responsabilidade de cuidar deste planeta, de ser um lugar de convivência pacífica e fraterna. Até que se prove o contrário, é o único lugar possível de habitar, a nossa Casa Comum. Rezemos pelos trabalhadores, para que faltem empregos e, assim, possam viver com a dignidade de filhos de Deus, a semelhança de São José, o pai adotivo de Jesus que, com seu trabalho, produziu o que era necessário para sustentar a Sagrada Família”, disse.

Dom Orani destacou que o planeta é mais bem cuidado quando as pessoas vivem a fé em Deus, criador que enviou o seu filho como salvador e o Espírito Santo como santificador. “O Senhor nos chama para viver o nosso Batismo, a ser santos, a ser homens e mulheres de Deus. A santidade é simplesmente colocar em prática a Palavra de Deus na família, na escola, no trabalho, na sociedade, em todas as ocasiões e situações”.

“No cotidiano da vida, Guido também foi chamado a viver a santidade, e ele fez nos momentos de oração, de estudos, no trabalho como médico, servindo e cuidando dos pobres e doentes, e também no laser, quando surfando nas ondas dessa região do Recreio, aproveitava para rezar e evangelizar seus amigos. Guido trazia no coração os valores do Evangelho e o sonho de construir um mundo melhor, mais justo, mais humano e mais fraterno”, disse.

 

Vocação comum à santidade

Ainda na homilia, o arcebispo reforçou que todos os cristãos são chamados à santidade, e que a Igreja procura beatificar e canonizar alguns a serem sinais, para que possam impulsionar as pessoas a viverem a santidade.

“O processo de beatificação de quem morre com fama de santidade é lembrar que a santidade é a nossa vocação comum, independentemente da idade e circunstâncias. Guido vivia a santidade como jovem cristão, médico, seminarista e surfista e se preparava, se fosse da vontade de Deus tornar-se sacerdote, para fazer mais e melhor. Ele viveu como jovem a realidade do Rio de Janeiro, mas procurou a vida de conversão e de santidade e deixou, como sinal para a juventude, que é possível viver o Evangelho, por exemplo, até pelo lazer e diversão, de ir à praia ou surfar”, disse.

Na conclusão da homilia, Dom Orani lembrou que o Brasil precisa de santos, assim como alertou o Papa São João Paulo II por ocasião de sua visita ao país, observando que a “nossa cidade” também precisa de homens e mulheres que ajudem a construir um mundo melhor.

“Ao agradecer a vida, a missão e os exemplos de santidade do Guido, peçamos ao Senhor que sejamos impulsionados e desafiados, cada um dentro da sua realidade, a viver pela prática da Palavra de Deus o caminho da santidade. Mesmo diante de contradições, injustiças e dificuldades, de ser homens e mulheres transformados pelo Evangelho, de ser um sinal diferente aos ódios que existem no coração humano, de semear na grande cidade uma cultura da paz, do encontro, de fraternidade, e de levar esperança para todos que necessitam escutar que Jesus Cristo é vida e salvação”, exortou o arcebispo.

 

Agradecimentos

No final, a mãe de Guido, Nazareth Schäffer, manifestou sua alegria pela presença de Dom Orani e o apoio que tem dado a Causa do Guido desde a abertura do processo de beatificação.

“Obrigado pela presença do senhor no evento, que por sinal começou por sua sugestão, quando sugeriu que houvesse missas no local onde o Servo de Deus tinha feito sua páscoa definitiva. Assim fizemos, e a cada ano, no dia 1º de maio, o D.I.A. tem sido essa bênção”, disse.

 

Carlos Moioli

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