Nos meus 89 anos de idade tive a graça, de conviver muito, numa verdadeira amizade com o Eminentíssimo Senhor Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist., Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.
Nossa amizade começou quando eu era o Terceiro Bispo Diocesano de Luz, no Oeste de Minas, e Dom Orani João era o 3º. Bispo Diocesano de Rio Preto (26/02/1997 a 13/10/2004). Digo Rio Preto porque naquela quadra a Diocese era de Rio Preto. Foi graças ao dinamismo de Dom Orani João que a Santa Sé, atendendo ao seu pedido, mudou o nome da Diocese de Rio Preto para São José do Rio Preto. Nesse período, também, o Abade de Claraval, Dom Carmelo Domenico Recchia, O. Cist. – renunciou por limite de idade. A Santa Sé Apostólica nomeou a Dom Orani João como Administrador Apostólico da Abadia Territorial de Claraval – 25/05/1999 a 11/12/2002 (no final de seu governo a Abadia deixou de ser Territorial e de ter um Bispo nomeado à sua frente – e Dom Orani João continuou o seu belo trabalho pastoral em São José do Rio Preto. E, na condição de Administrador Apostólico de Claraval, Dom Orani João pode participar das reuniões do Regional Leste 2 da CNBB – a qual a Abadia de Claraval – fazia parte. A sua presença era amena, apreciada e muito querida por todos os bispos. A sua característica primordial era a cordialidade, sorriso sempre largo, sempre servindo e muito solícito.
Era interessante – neste tempo – observar como Dom Orani João tinha uma ligação muito forte com o servo de Deus Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida – SJ – Arcebispo de Mariana, MG. Ambos faziam parte do INBRAC – Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã – que administrava a Rede Vida de Televisão – que tinha sede, estúdios e uma Bela Capela – chamado de Santuário da Vida – consagrada – por Dom Orani João – em São José do Rio Preto.
Fui observando naquela convivência episcopal um traço que sempre distinguiu a personalidade de Dom Orani João: a capacidade de ouvir, a disponibilidade em servir e a alegria de sempre estabelecer consensos – sem nunca renunciar ao essencial do Magistério da Igreja e da ação evangelizadora da Igreja no Brasil.
Dom Orani João – por nós bispos – foi eleito para a Comissão Episcopal Pastoral – CONSEP – Conselho Permanente e Conselho Econômico da CNBB. Foi o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, Educação e Comunicação Social da CNBB – no período de 08/05/2003, tendo exercido o primeiro mandato e sendo reeleito para um segundo mandato. Foi um momento de muito crescimento para todos nós e na nossa amizade pessoal, também, quando ele me nomeou membro da Comissão de Educação – para tratar do Ensino Religioso Escolar.
Nesta época – o Presidente José Sarney – presidindo o Senado Federal – nomeou Dom Orani João como Membro titular do Conselho Nacional de Comunicação Social do Senado Federal, como representante da sociedade civil – 2004/2007 – sendo que exerceu até a presidência deste importante colegiado.
Nomeado em 13 de outubro de 2004 – como 9º Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará – fez um excelente trabalho pastoral nas terras paraenses. Digno de nota foi a maneira cordial, elegante e edificante com que tratou seu antecessor, meu amigo Dom Vicente Zico, CM – que vinha a ser irmão de Dom Belchior Joaquim da Silva Neto, CM – de quem fui Bispo Coadjutor e sucessor frente à Diocese de Luz. Em Belém tive a graça de pregar o Retiro anual do Clero.
Em 27 de fevereiro de 2009 o Papa Bento XVI nomeia a Dom Orani João como 8º Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro. A sua posse, na Catedral Metropolitana, se deu em 19 de abril de 2009, que fiz questão de participar, ficando inclusive uns dias a mais hospedado com ele.
Dom Orani João, em 2011, distingui-me com a graça de pregar o Retiro para todas as turmas do clero do Rio de Janeiro quando tratei da espiritualidade sacerdotal. Naqueles retiros enfatizei os elementos que configuram a compreensão da identidade presbiteral, realçando a importância da pertença ao presbitério, da comunhão fraterna e da inserção na diocese. Lembrei que o sacerdócio é um dom de Deus, por isso a necessidade do cultivo do amor pela Igreja particular, de exercer o ministério em comunhão com o bispo e demais padres da diocese, de modo a valorizar a pastoral orgânica.
O clero de São Sebastião do Rio de Janeiro deve valorizar muito o Bispo Diocesano que Deus lhes concedeu, pela clarividência do amado Papa Bento XVI que o nomeou para esta Arquidiocese. Nós temos vivido momentos de “perseguição” ou mesmo de “abandono” do acompanhamento e do carinho para com o clero. Fiquei perplexo quando um Bispo eleito – que estando participando de um curso para os Bispos novos – ouviu de um Bispo auxiliar um absurdo sem tamanho em uma conferência: “Eu tenho prazer em punir os sacerdotes!”. Isto não pode acontecer jamais! A missão fundamental do Bispo é congregar, apoiar, fazer presença e amar o seu presbitério. Quando o padre é amado e respeitado pelo seu Bispo Diocesano é uma graça de Deus. E Dom Orani João é o bispo que congrega, apoia e ama incondicionalmente o seu presbitério. Dom Orani João é invencível em bondade e generosidade, marca de seu vigoroso episcopado!
Dom Orani João, fiel à sua vocação de monge cisterciense, sempre acolhe a todos, particularmente, os padres, religiosos e consagrados. Ele gosta muito de dizer: “força e coragem!”. Creio que Dom Orani João é a maior referência episcopal em nosso país, uma unanimidade, pelo seu carisma, homem incansável no anúncio do Evangelho e na santificação do povo de Deus pela celebração dos sacramentos e sacramentais.
Ao comemorar os seus 25 anos de episcopado – página luminosa da vida da Igreja – quero unir-me às alegrias e dores de seu profícuo ministério – e dizer-lhe “força e coragem” – continue nos dando o seu testemunho de vida e nos ajudando a sermos todos um em Cristo!
Deus te abençoe, querido amigo, o Cardeal mais querido do Brasil!
Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG
