Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

‘Precisamos ser homens e mulheres renovados, ressuscitados com o Cristo, coerentes com a vida cristã’ – Dom Orani

 

“Com a celebração do Domingo de Ramos, damos início à Semana Santa, que vai culminar com o mistério pascal, a paixão, morte e ressurreição de Cristo”, disse o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, ao presidir a missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, na Catedral de São Sebastião, no dia 24 de março.

Devido ao tempo chuvoso, a primeira parte da celebração foi realizada na porta da Catedral. Após a proclamação do Evangelho que faz memória à entrada de Jesus em Jerusalém, Dom Orani aspergiu água benta nos ramos, e, na sequência, houve procissão.

Foram concelebrantes, o bispo auxiliar Dom Tadeu Stanislaw, o pároco da Catedral, cônego Cláudio dos Santos, o cônego Leandro de Souza Câmara, e os padres Arnaldo Rodrigues, Manoel Pacheco de Freitas Neto e Stannly Cunha dos Santos.

A contradição entre ramos e a paixão

Na homilia, Dom Orani lembrou da contradição entre ramos e a paixão. De um lado a acolhida de Jesus como o Messias, não de forma poderosa como imaginavam, em cima de um grande cavalo, mas sobre um jumentinho. O povo colocou ramos e roupas no chão, para acolher Jesus como Messias: ‘Bendito que vem em nome do Senhor’.

Do outro lado, o contexto da paixão, quando Jesus afirma que um dos apóstolos irá traí-lo, ‘por acaso sou eu, o Senhor?’; no julgamento o povo grita: ‘Crucifica-o!’; ou, ainda, a negação de Pedro: ‘Não conheço esse homem’. O Messias foi crucificado, morto e sepultado.

“Também experimentamos na própria vida essa contradição: a aclamação de quem nós buscamos e acolhemos como Senhor e, ao mesmo tempo, quem nós apedrejamos e crucificamos por causa de nossos pecados. Mas, a Palavra de Deus é clara: ‘Esse é o Filho de Deus. Verdadeiramente esse é o Filho de Deus’. Ao morrer na cruz, se constata que Jesus é o Filho de Deus, o Messias presente no meio de nós”, disse o arcebispo.

Ao levar os ramos para casa, observou Dom Orani, “os cristãos devem se perguntar continuamente de que lado estão? Se de fato, acolhem Jesus como Senhor, e se procuram viver de acordo com essa certeza”.

“Diante de contradições, polarizações e dificuldades em que vive a sociedade, precisamos ser homens e mulheres renovados, ressuscitados com o Cristo, coerentes com a vida cristã. Que passaram também pelo calvário, cruz e lutas de cada dia, mas que dão testemunho que Jesus é o Senhor. Muitas pessoas se afastam de Cristo, do Evangelho, porque querem uma religião acomodada e que não tenha tanta exigência. Jesus é o filho amado de Deus, que deu a vida por todos nós, e somos chamados a testemunhá-Lo e testemunhar pela coerência de vida”, disse.

Somos todos irmãos

Dom Orani lembrou que muitos irmãos e irmãs, devido a situações de violência ou as enchentes, deslizamentos e alagamentos provocados pelas chuvas no Rio de Janeiro e Região Metropolitana, ficam impedidos de participar das celebrações em suas comunidades.

Neste sentido, chamou à atenção para a vivência da Campanha da Fraternidade, que neste ano convida a refletir sobre amizade social, “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23, 8).

“Na busca da conversão de vida, ser uma presença de fraternidade para quem passa pelas agruras da vida. Testemunhar para o mundo que é possível viver como irmãos e irmãs. Não vivemos em uma bolha, onde cada um pensa em si mesmo. Somos chamados a dar passos de conversão, de responsabilidades sociais, de coerência com o Evangelho e a doutrina da Igreja. De fazer a passagem da morte para a vida, do pecado para a graça, e de celebrar e viver a Páscoa do Senhor”, disse.

O arcebispo concluiu a celebração convidando a todos para viver a Páscoa, iniciada com a celebração do Domingo de Ramos, como um recomeço e com um coração renovado.

“Que os ramos que levamos para casa nos faça recordar as nossas contradições entre ramos e paixão. Porém, sabemos que a aparente contradição não existe porque Jesus, que deu a vida na cruz por nós, venceu o pecado e a morte. Ele é o filho de Deus que cremos, acolhemos e anunciamos”, disse.

“Que nesta santa semana possamos viver os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Cristo como um tempo de contemplação, já que as celebrações e leituras são mais longas. Um tempo para ouvir e meditar com calma os grandes acontecimentos da história da salvação”, disse.

 

Carlos Moioli

 

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